Caros CEVNautas da Fisiologia do Exercício,

O primeiro tema que coloco aqui é relacionado com um dos tópicos mais quentes da Fisiologia do Exercício, a FADIGA!

Oliveira, F.O. (2012) publicou um artigo bastante interessante no Britsh Journal of Sports Medicine sobre o assunto. Ele começa falando sobre a obra de Thomas Kuhn “A estrutura das revoluções científicas”. O modelo Kuhniano nos diz que a Ciência não progride através de acréscimos lentos de dados, mas sim através de revoluções. A revolução ocorre quando um novo padrão de pensamento surge, desafiando o paradigma vigente.

A cronologia da Ciência em qualquer disciplina segue o roteiro: a) fase pré-paradigmática; b) ciência normal (no esquema de resolução de quebra-cabeça); c) fase de revolução em que o paradigma atual é desafiado.

Desde 1923 o paradigma corrente sobre a fadiga é de que a ausência ou falta de oxigênio levaria ao direcionamento do metabolismo para a via anaeróbia lática. Por consequência a elevada produção de lactato, acidose, diminuição do desempenho e fadiga.

Mais recentemente o grupo liderado pelo Sul-Africano Tim Noakes vem desafiando este paradigma através de estudos que indicam que a causa da fadiga seria outra. O indivíduo cessaria o exercício devido ao comando central, chamado por ele de Governador Central.

O debate está lançado!

Saudações

Paulo Azevedo

Pires, F.O. Thomas Kuhn’s ‘Structure of Scientific Revolutions’ applied to exercise science paradigm shifts: example including the Central Governor Model Br J Sports Med 2012;0:1–3.

Kuhn T. A Estrutura das Revoluções Científicas. 5ª Edição. Editora Perspectiva, 1998.

Noakes TD, St Clair Gibson A, Lambert EV. From catastrophe to complexity: a novel model of integrative central neural regulation of effort and fatigue during exercise in humans. Br J Sports Med 2004;38:511–14.

Comentários

Por Edison Yamazaki
em 7 de Março de 2014 às 09:44.

Paulo,

Precisamos estar atentos para todas as pesquisas e não sermos "duros" demais com as novidades. Neste caso da fadiga, ainda continuo achando que a teoria "antiga" ainda vigora.

As explicações sobre a falta ou ausência de oxigênio levando ao metabolismo anaeróbia lática é convincente. rsrss

Abraços,

Por Gilmar de Jesus Esteves
em 11 de Março de 2014 às 09:17.

Bom dia,

No entanto, a falta de oxigênio não seria um fator isolado para causar fadiga, devemos ainda considerar a depleção de substratos e acúmulo de metabólicos. Pois, quando praticamos um exercício até a exaustão abaixo do limiar anaeróbio (reserva de oxigênio preservada), mesmo assim entramos em fadiga. Neste caso a falta de oxigênio não pode ser o causador da fadiga.

Acredito que a fadiga central e a periférica possam agir em conjunto, mas ainda é um mistério.

Sugestão de leitura: WEIR, J.; BECK, T.; CRAMER, J.; HOUSH, T. Is fatigue all in your head? A critical review of the central governor model. British journal of sports medicine, v. 40, n. 7, p. 573-586, 2006.

Abraço.

Por Paulo Eduardo de Assis Pereira
em 28 de Abril de 2014 às 02:11.

Boa noite Senhores,

 

Um interessante estudo realizado por Baraon et al. em 2008 verificou o tempo de exaustão e mensurou os parametros metábolicos no exercicio realizado na intensidade correspondente a máxima fase estavél de lactato (MFEL). Verificou-se que no momento que os voluntário encerraram o exercício, os parâmetros cardiorrespiratórios (VO2, VCO2, VE, QR, FC)  estavam abaixo dos valores máximos observados no teste de incremental máximo. Isso indica que o teste não foi encerrado devido a ausência de oxigênio. 

Em estudo (em submissão) desenvolvido pelo nosso Grupo (Grupo de Estudos e Pesquisas em Fisiologia do Exercício/UNIFESP) verificamos que após a ingestão de cafeína (estimulante do SNC) houve aumento significativo no tempo de exaustão no exercicio realizando na intensidade correspondente ao LV2, contudo, não verificamos diferenças significativas (caf x placebo) nos parâmetros respiratórios, FC e  variabilidade da FC . Indicando que o exercício foi modulado centralmente.

Essas evidências estão de acordo com o estado atual da arte, segundo a qual, o exercício físico é modulado por um Governador Central localizado no SNC.

 

BARON, B.; NOAKES, T. D.; DEKERLE, J.; MOULLAN, F.; ROBIN, S.; MATRAN, R.; PELAYO, P. Why does exercise terminate at the maximal lactate steady state intensity? British Journal of Sports Medicine, v. 42, n. 10, p. 828-833, 2008. 

Por Wagner Pimenta da Rocha
em 15 de Julho de 2014 às 20:03.

As causas mais comuns para a fadiga muscular são várias, uma dieta hipoglicídica (pobre em açucares) faz com que o glicogênio muscular e hepático diminuam rapidamente reduzindo o desempenho do exercício de curta duração, assim como de atividades de endurance prolongadas e submáximas. Tanto para atletas como para indivíduos que reduzem, demasiadamente, o percentual de glicídios (gorduras), como em dietas líquidas e de inanição (dieta sem ingestão de alimentos). Essas dietas tornam difícil, do ponto de vista do fornecimento de energia, participar na atividade ou no treinamento físico vigoroso fazendo com que o praticante tenha fadiga muscular mais cedo e constantemente. 

Por Thayane da Silva Campideli
em 16 de Novembro de 2014 às 16:10.

Existem mais de um motivo para a causa da fadiga: o esgotamento dos nutrientes, falha na atividade (neurotransmissor, repolarização, despolarização). Os mecanismos que levam à fadiga são o Sistema nervoso central (quanto menos serotonina, menor a fadiga) e o Sistema nervoso periférico (lactato, declinio da ATPase miosíca, elevação do H2PO4). A fadiga é necessária em nosso organismo pois funciona como um mecanismo de defesa, exixtem formas de retardar a fadiga como prescrever exercícios adequados e suplementação.


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