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O projeto de lei nº 564/06, que determina que eventos esportivos em São Paulo têm de terminar até as 23h15, provoca grande repercussão e polêmica na capital. A lei municipal, de autoria dos vereadores Antônio Goulart e Agnaldo Timóteo, recebeu a primeira aprovação do Legislativo na segunda-feira e, caso passe na segunda votação, segue para o prefeito Gilberto Kassab sancionar ou vetar.
A Federação Paulista de Futebol (FPF) reagiu e afirmou que, caso o projeto saia do papel, vai levar jogos do Campeonato Paulista a outras cidades. Os confrontos iniciados às 21h50, por exemplo, terminam por volta da meia-noite e, assim, não se encaixam na determinação. "Se necessário, vamos levar os jogos para fora da cidade", declarou o presidente da entidade, Marco Polo del Nero, ao Estado. "A Globo (que transmite os jogos às 21h50 no meio de semana) tem sua grade de horário e papel importante no futebol", prosseguiu. "Mas não é só pela Globo, temos torcedores para todos os horários."
Del Nero vai mostrar ao prefeito Gilberto Kassab levantamento feito pela FPF que mostra que os jogos envolvendo os clubes grandes às 21h50 têm média de público maior que as partidas realizadas em outros horários. Na primeira metade do Paulista, os grandes levaram, em média, 10.224 torcedores às 21h50 e 8.447 em outros períodos. "Os vereadores não percebem o tamanho do prejuízo que podem causar."
A polêmica é antiga e sempre esbarra em duelo de interesses. Enquanto favorece os torcedores (ou boa parte), que saem tarde dos estádios com poucas alternativas de transporte, a mudança desagrada à Globo, que detém os direitos de transmissão e tem grade de programação definida - a novela, antes do futebol, é uma das principais atrações da emissora. Os dirigentes dos qautro clubes se dividem entre defender a torcida e manter os acordos econômicos (veja a opinião dels abaixo).
De acordo com Antônio Goulart, a Globo pode mudar sua programação. "A audiência do futebol é muito maior que a de qualquer outro programa. Tem gente que nem gosta de novela. Ela poderia cancelar novelas às quartas-feiras", disse um dos autores do projeto. "Ninguém aguenta sair de madrugada dos estádios, é uma falta de respeito com os cidadãos."
OS DOIS LADOS
A Prefeitura adotou discurso moderado. "Se por um lado a medida atende o torcedor, não se pode esquecer que o futebol virou um negócio muito caro e depende dos patrocinadores", disse o coordenador dos equipamentos esportivos púbicos, Aléssio Gamberine.
A Globo não quis se manifestar sobre o assunto, alegando "tratar-se por enquanto de uma hipótese e não fato concreto".
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