O Brasil será o anfitrião dos principais eventos esportivos mundiais nos próximos anos. A Copa das Confederações de 2013, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 lançam desafios sociais, econômicos e políticos que são tratados no oitavo número da Revista Coletiva (www.coletiva.org). Com o tema “Megaeventos esportivos”, a revista traz artigos, entrevista, reportagens e um especial com imagens do jogo Chile x Estados Unidos, realizado durante a Copa de 1950 no Nordeste.
Os editores convidados para organizar o atual número da Coletiva são Túlio Velho Barreto, pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), e Jorge Ventura de Morais, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ambos coordenam os Núcleo de Sociologia de Futebol. Para Barreto, o atual tema da Coletiva nasceu da necessidade de tratar, sob diversos aspectos, do legado dos megaeventos esportivos para o país.
O editorial que abre a revista toma os argumentos de Simon Kuper e Stefan Szymanski, autores do livro Soccernomics, para mostrar que o chamado legado, supostamente gerado pela realização de megaeventos esportivos, não justificaria inteiramente a sua realização em termos econômicos. Sobretudo em países com enormes carências em infraestrutura e nas áreas da habitação, saúde, saneamento, segurança, educação e mobilidade urbana.
Os artigos foram produzidos a partir dessa ideia, que é desdobrada nas diferentes especialidades dos colaboradores da Coletiva. Entre eles, estão os urbanistas Raquel Rolnik e Tomás Lapa, os antropólogos Arlei Damo, Luiz Henrique de Toledo e Édison Gastaldo, os sociólogos Martin Curi, Pablo Alabarces e José Luiz Ratton, o arquiteto e urbanista Cristiano Nascimento e o juiz de direito Aílton Alfredo de Souza.
A Coletiva também traz uma entrevista com o jornalista Juca Kfouri. O entrevistado afirma que o Brasil não está preparado para realizar as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. Para ele, a razão é simples. Só agora, passadas as Olimpíadas de Londres, o Ministério dos Esportes anunciou a intenção de dotar o país de uma política nacional de esportes, sem levar em conta que os investimentos num ciclo olímpico não podem se restringir aos quatro anos que antecedem a realização do evento.
Na seção de reportagens, são abordadas a mobilização dos Comitês Populares da Copa, a violação dos direitos trabalhistas nas arenas da Copa e a discussão sobre os possíveis legados dos megaeventos esportivos. A Coletiva ainda traz uma matéria especial assinada pelo jornalista Breno Pires, que trata do único jogo de Copa do Mundo realizado no Nordeste, em 1950.
A Coletiva é uma revista de divulgação científica produzida pela Fundaj. Suas publicações oferecem um enfoque crítico a respeito das atividades científica e cultural, da produção e uso do conhecimento em diversas áreas do saber. Em seu conteúdo trimestral temático, apresenta reportagens elaboradas por estudantes de jornalismo, entrevistas e artigos redigidos por especialistas. Também traz seções semanais de notícias, memória, vídeos e um canal direto para que pesquisadores e estudiosos divulguem seus trabalhos.
EDITORIAL
Megaeventos esportivos
Túlio Velho Barreto e Jorge Ventura de Morais
ESPECIAL
Chile x Estados Unidos
Imagens da primeira e única partida de uma Copa do Mundo realizada no Nordeste brasileiro.
ENTREVISTA
REPORTAGENS
Operários das arenas reivindicam benefícios e melhores condições de trabalho
Por Beatriz Albuquerque
Comitês Populares defendem direitos da população afetada pelas obras da Copa
Por Caroline Rangel
Copa do mundo motiva debate sobre legado nas cidades-sede
Por Flora Freire
Recife, 1950. A primeira Copa do Nordeste
Por Breno Pires
ARTIGOS
Felicidade. Por que sediar uma Copa do Mundo é bom pra você?
Simon Kuper e Stefan Szymanski
Megaeventos esportivos e cidades: impactos, violações e legados
Raquel Rolnik
Tomás de Albuquerque Lapa
A Copa do Mundo 2014 como torneio de valor globalizado
Martin Curi
Nem bênção, nem maldição – diferentes perspectivas sobre os megaeventos esportivos no Brasil
Arlei Sander Damo
Pablo Alabarces
Ritual sem dono, evento sem nome. Os segredos da transformação da Copa do Mundo em um megaevento
Luiz Henrique de Toledo
Édison Gastaldo
A morte do décimo terceiro jogador
Cristiano Nascimento
Megaeventos esportivos, violência e pânico moral: breves considerações sociológicas
José Luiz Ratton
Torcidas organizadas e a judicialização
Ailton A. de Souza
NOTÍCIAS
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Boa leitura!
Equipe Coletiva
Comentários
Por
Edison Yamazaki
em 26 de Setembro de 2012 às 23:26.
Muito interessante a revista. A entrevista com Kfouri e os artigos sobre a Copa 2014 merecem uma reflexão. Acho que as boas coisas precisão ser espalhadas para os profissionais da Educação Física para que eles se tornem mais críticos, participativos, conscientes. Principalmente para aqueles que preferem um trabalho temporário de recreação infantil num hotel chique durante o verão numa praia badalada. Nada contra os monitores de hotéis, apenas uma constatação de que muitos buscam o caminho mais fácil.
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