Cevnautas dos estudos de gênero, vai aí um bom tema. Laércio
Para onde vai o futebol feminino?
José Cruz 21/04/2015 09:01
A polêmica Medida Provisória 671, que trata da dívida fiscal dos clubes, tem um artigo criando uma tal de “APFUT”. Essa coisa esdrúxula, em nível de governo, é a “Autoridade Pública de Governança do Futebol” que terá, entre outras competências, “estabelecer padrões de investimento em formação de atletas e no futebol feminino, conforme porte e estrutura da entidade desportiva profissional”.
Atraso
Em recente entrevista à rádio CBN, o técnico da Seleção Brasileira de Futebol feminino, Oswaldo Alvarez, o Vadão, demonstrou como estamos muito atrás da realidade de outros países. Na França, segundo Vadão, existem mil núcleos de futebol feminino, categorias sub 6 e sub 8 anos, cada um abrigando cem meninas. Daqui a 10 anos serão, em termos, 100 mil atletas profissionais em competições nacionais. Estados Unidos, Alemanha, Canadá, Japão, Suécia, enfim, seguem a receita da “massificação”.
Marta Os franceses estão oferecendo às garotas a oportunidade de praticarem a modalidade que gostam, sem a obrigatoriedade de formar atletas. Mas não há dúvidas de que num universo desse tamanho fica fácil identificar as talentosas para o futebol.
“Como vamos competir com essas escolas se aqui não temos o desenvolvimento”? Não temos nem campeonato Sub-20! Ficamos com foco na Seleção! E, quando vamos competir, levamos atletas sem experiência, porque começaram a jogar já na fase adulta”, justificou o técnico. E isso acontece mesmo tendo exemplo como Marta (foto), 30 anos, cinco vezes eleita pela Fifa a melhor jogadora do mundo …
A dificuldade
Por isso, a Seleção Brasileira vai para o Mundial de Futebol do Canadá, a partir de 5 de junho com muitas estreantes em eventos internacionais. E sabem como a CBF resolve o problema da falta de experiência das jogadoras? “Com psicologia”, segundo Formiga, 37 anos, que vai para o seu sexto Mundial.
“Sabemos que algumas atletas viajarão para o seu primeiro Mundial, mas a Seleção conta com um trabalho de psicologia desde o ano passado. Além disso, as jogadoras mais velhas ajudam com a experiência, para podermos controlar as mais jovens dentro de campo” – disse Formiga à reportagem do site Rio 2016, do Ministério do Esporte.
Sem incentivar campeonatos estaduais nem promover nacionais, que poderiam ter jogos preliminares do masculino, a CBF trava o futebol feminino. Trata essa modalidade olímpica como se a arte do jogo da bola fosse exclusiva dos homens, enquanto os cartolas negam às mulheres o direito de mostrarem com os pés o que já conquistaram com as mãos, no basquete, no vôlei, no handebol ..
Enfim, diante dessa falta de iniciativas para uma modalidade que já se mostrou atrativa, mundo afora, e a omissão do órgão oficial do futebol, o governo se aventura numa real intervenção no futebol feminino. Sinceramente, futebol é competência do Estado ou os políticos no Ministério do Esporte querem ocupar espaço para conquistar simpatizantes e eleitores?
FONTE com foto: http://josecruz.blogosfera.uol.com.br/2015/04/para-onde-vai-o-futebol-feminino/
Comentários
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Ana Luíza Ferreira
em 2 de Fevereiro de 2016 às 14:59.
Concordo plenamente com a Luísa Helena, e acrescento que temos uma atleta feminina de futebol que por 5 vezes foi a melhor do mundo a Marta, e pela primeira vez na história seu nome não foi citado nas eleições. Acredito que a falta de prestígio com o esporte feminino vem desgastanto os grandes talentos de pontas que são pouco reconhecidos no nosso país.
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Luiz Carlos Gomes de Souza Ribeiro
em 18 de Maio de 2015 às 14:14.
A questão do futebol e sua relação por vezes distante do universo feminino, pode ser observada desde as aulas nas escolas de ensino fundamental/médio, onde as meninas são designadas a outros esportes (ou a ficarem atoa), deixando assim a quadra de futebol para os meninos, se alguma menina decide jogar, logo é excluida pelos meninos e por vezes até pelos professores, que insistem na idéia de que times "mistos" podem gerar confusão, ou simplesmente decidem ouvir apenas os meninos, que com um PRÉ conceito trazido dde fora dos muros da escola, não querem, pelo simples fato da outra parte ser do sexo oposto.
Bom, se nas escolas não existem o incentivo à prática de todos os esportes de maneira uniforme, onde é que haverá? Como atletas poderam se destacar, posteriormente, de maneira melhor, sem iniciativas desde as bases?
Considero a questão do futebol feminino profissional, uma consequêcia de falhas ao longo da vida escolar, e da falta de iniciativia familiar ao longo do processo de desenvolvimento das meninas/mulheres.
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Ivonei da Silva Salazar
em 19 de Maio de 2015 às 15:06.
O futebol feminino tem uma falta de investimentos com mais condições de trabalho não, pois matérias necessárias para um bom trabalho e a falta de incentivar dos jovens atletas para que em futuro próximo pudermos ter ótimos atletas em condições de alto nível profissional. Com isto e trabalho de vida para todos os jovens como a pratica de atividades física e com um melhoramento de sua vida contidiana.
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Esther Carolina Mendes Rezende
em 19 de Maio de 2015 às 20:21.
Este é o reflexo de uma sociedade machista. Desde os primórdios achava-se que as mulheres não tinham capacidade para fazer esportes (além de votar, estudar, trabalhar). E mesmo após tantos avanços, vemos o Brasil mais uma vez vivendo um regresso. Um país onde futebol tornou negócio, não poderia tratar outras questões com seriedade. Poucos sabem, mas foi só no ano da anistia política no Brasil, em 1979, que as mulheres tiveram permissão para praticar o esporte bretão mais brasileiro entre os esportes: o futebol. Até então, uma legislação criada durante a ditadura de Getúlio Vargas as mantinha afastadas dos gramados. Mas por que se proibia o futebol praticado por mulheres no Brasil? Assim como a proibição da presença dos negros nas equipes é reveladora de uma ideologia de branqueamento da nação, impulsionada por teóricos racistas com grande influência no país desde o século XVIII, a proibição da presenças das mulheres – brancas – nas equipes servia às ideologias eugenistas, que pregavam em favor da saúde do corpo das mulheres para gerar filhos saudáveis e melhorar deste modo a raça branca no Brasil. Um grande equívoco, pois uma partida de futebol traz inúmeros benefícios à saúde. Ela ajuda fortalecer a musculatura das pernas e troncos, estimula a circulação sanguínea e ainda melhora a flexibilidade, coordenação e mobilidade.
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Jorge Dorfman Knijnik
em 19 de Agosto de 2015 às 21:34.
OI, pessoal, acabo de publicar um artigo que talvez contribua nesta discussao. Chama-se Femininities and Masculinities in Brazilian Women’s Football: Resistance and Compliance e foi publicado no Journal of International Women's Studies.
Acho que a contribuicao do texto vem nao somente na analise do contexto social das jogadoras, mas tambem na proposicao de uma nova legislacao para o esporte feminino no Brasil
Pode ser acessado 'de gratis' aqui goo.gl/KB4Z2w
Resumo segue ai abaixo
Aguardo ansioso as criticas ao texto!
ABSTRACT
Football is not only one of the major cultural manifestations of Brazilian society; it is also the pinnacle of the country’s hegemonic masculinity, a bastion into which women should not be allowed. Despite some progress and several international sporting successes achieved over the last few decades, Brazilian female footballers still endure extreme gender prejudice when playing football in Brazil. Gender discrimination blocks their access to minimal conditions of football training and playing at recreational and competitive levels. This paper aims to discuss gender issues that pervade Brazilian football. The paper applies a multifaceted theoretical background, combining a psychoanalytical view of gender issues with a sociological framework, to data collected through an ethnographic approach employing participant observation and interviews. The research uncovers acts of gender resistance and compliance by Brazilian female players. Some women use football to resist the hegemonic gender order in the sport; they love the nation’s cultural icon and they will fight for their right to play. Others argue for the importance of complying with a normative femininity in order to be acceptable to sport managers, agents, the press and the general public. Still others refuse a normative femininity and fight for the ‘naturalness’ of women in football. In the face of the hurdles faced by Brazilian women who want to enjoy the major sport in the country, this paper claims that only urgent federal legislation will lead women to gender equality in Brazilian football
Femininos e masculinos no futebol brasileiro: resistência e acomodação.
RESUMO
Futebol nao e' somente uma das maiores manifestacoes culturais da sociedade Brasileira, mas tambem e' o topo da demonstracao da masculinidade hegemonica, um lugar privilegiado no qual mulheres nao deveriam ser aceitas. Apesar de alguns progressos e diversas conquistas internacionais nas ultimas decasdas, as jogadoras de futebol brasileiras ainda enfrentam gravissimos preconceitos e barreiras ao tentarem praticar o esporte. Discriminacoes de genero bloqueiam seu acesso a condicoes minimas para treinamento e pratica em niveis recreativos e competitivos. O objetivo deste artigo e' discutir questoes de genero que permeiam o futebol brasileiro. No trabalho sao empregadas uma perspectiva teorica multifacetada, a qual combina uma analise psicanalistica as dimensoes sociologicas da pratica, aplicadas a uma abordagem etnografica que conjuga observacao participatoria e entrevistas. A pesquisa revela uma serie de atos de resistencia mas tambem de conformismo das jogadoras brasileiras. Algumas mulheres usam o futebol para resistir a ordem hegemonica de genero no Esporte; elas amam o icone cultural nacional e brigam pelo seu direito de jogar futebol. Outras argumentam que e’ importante aceitar as normas da feminilidade compulsória, pois assim seriam mais aceitas pelos técnicos, agentes, mídia e publico em geral. Ainda outras recusam as normas da feminilidade compulsória, colocando que a mulher tem um lugar ‘natural’ no futebol. Considerando os diversos obstáculos que as mulheres brasileiras que gostam de futebol ainda enfrentam na sua pratica, este artigo propõe que apenas uma legislação federal urgente poderia trazer igualdade de gêneros no futebol brasileiro.
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Hugo Mendes
em 28 de Outubro de 2015 às 16:03.
É realmente triste ver uma seleção campeã ser largada de lado pela CBF.Mas isso não exclusivo do futebol feminino.
O Brasil vive hoje um mometo caótico no futebol ,o que mais tem nos dias de hoje é caso de corrupção aparecendo.A única forma de tentarmos mudar essa situação é com mudanças na gestão do futebol. Precisamos de pessoas realmente interessadas em desenvolver a modalidade feminina e organizar o masculino.
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Luísa Helena Silva
em 1 de Fevereiro de 2016 às 19:24.
Infelizmente, o futebol feminino no Brasil não tem o mesmo prestígio que o masculino por dois motivos: mídia e machismo. A mídia é hoje, o que mais sustenta qualquer tipo de esporte, infelizmente, se o vôlei está em alta, o foco será ele, se o futebol estiver em alta, o foco será ele e assim sucessivamente! Não consigo entender até hoje o porque de não darem tanta importância ao futebol feminino, para ganhar algo é preciso de apoio e é exatamente isso que falta nesse país! Aliado à mídia, a sociedade machista brasileira ainda é muito grande, o que dificulta ainda mais o crescimento do esporte e o destaque das tantas meninas que praticam o esporte, são destaques mas não tem como sonhar tão alto. Está na hora do país acordar de verdade para muita coisa!
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Thaís Estevão Bernardes
em 9 de Março de 2016 às 10:08.
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Thaís Estevão Bernardes
em 9 de Março de 2016 às 10:12.
Esta forma de preconceito é o de gênero, no qual se quer delimitar o tipo de esporte que se deve praticar de acordo com o sexo do indivíduo e não através do desenvolvimento corporal nas modalidades esportivas, independente de gênero. No caso do futebol feminino, ele advém de fatores culturais e sociais, os quais precisam ser revistos, já que são fatores limitantes do desenvolvimento não somente do futebol, mas do esporte feminino como um todo. Necessita-se assim, de apoio das instituições desportivas para que gere uma valorização das praticantes no esporte e no meio em que vivem, a fim de que possibilite uma diminuição ou extinção do preconceito relacionado às mulheres, garantindo a elas os mesmos direitos e oportunidades vistos na modalidade masculina.
Por
Igor Ciriaco Bezerra
em 31 de Maio de 2016 às 15:46.
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