10/9/2009
Agência FAPESP – Os professores do ensino médio e mesmo superior deparam cotidianamente com dificuldades para explicar o conteúdo da genética nas aulas de biologia. Com o objetivo de auxiliá-los nessa tarefa, a Sociedade Brasileira de Genética (SBG) publica a revista Genética na Escola.
Semestral – e já na sétima edição –, a revista on-line traz, principalmente, artigos curtos em linguagem acessível não só para o professor mas também para o aluno. Entre os destaques estão a abordagem de temas atuais na área e o uso de metodologias alternativas, com jogos que abordam temas como “genética humana e médica”, “genética do desenvolvimento”, “genética vegetal e animal”, “genética evolutiva”, “genética de microrganismos” e “mutagênese e ensino de genética”.
De acordo com a professora Eliana Maria Beluzzo Dessen, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), os assuntos abordados na revista, cujos artigos estão disponíveis pela internet em formato pdf, servem como complemento aos livros didáticos.
“Os textos apresentam sugestões de práticas e atividades para reforçar conceitos que são mais complicados para se entender, como código genético, por exemplo. Depois da era do genoma, o ‘código genético’ começou a ser usado de maneira bastante imprecisa”, disse à Agência FAPESP.
Eliana é responsável pelas atividades de difusão e educação do Centro de Estudos do Genoma Humano, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da FAPESP. Ela conta que a revista foi pensada de forma a ajudar professor ou aluno em atividades ou leituras.
“Ou mesmo aquela atividade proposta pode ser usada em sala de aula para ensinar a ensinar, no caso de cursos de licenciatura, ou como um ensino propriamente dito dos conceitos de genética”, acrescentou.
A ideia da revista surgiu a partir da Genética na Praça, uma atividade paralela realizada durante o congresso anual organizado pela SBG – o encontro tem uma parte interna de atualização, mais voltada para professores e pesquisadores, e uma outra de aprendizagem, que se realiza na rua e é voltada para o público em geral.
“A Genética na Praça desencadeou uma sessão de painéis no congresso sobre ensino de genética. Havia uma demanda reprimida. Na hora em que a primeira atividade foi apresentada, os associados começaram a participar”, disse a professora do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva.
A revista traz algumas seções fixas como “Genética e sociedade”, “Novidades para sala de aula”, “Ponto de vista” e “História da genética”. O sétimo volume aborda temas como infertilidade, aconselhamento genético pelo rádio, código genético e ajuda os professores a ensinar o conteúdo da divisão celular usando massa de modelar.
Os artigos são apresentados de forma menos técnica e têm, em média, quatro páginas. Segundo Eliana, os textos são, em sua maioria, de atualização e “facilitadores da aprendizagem”.
“É também para chamar a atenção para aquelas pessoas que estão ligadas à área de ensino, focando nos pontos mais delicados do ensino de genética, uma disciplina considerada por professores de biologia como a mais difícil de ensinar e, para os alunos, a mais complicada de se entender”, diz.
Mais divulgação
Segundo Eliana Dessen, o professor do ensino médio costuma usar como base apenas o livro didático, mas as pesquisas em genética primeiro saem em artigos em periódicos científicos. “Só depois de alguns anos é que as descobertas vão, paulatinamente, sendo introduzidas nos livros didáticos.”
Outro problema é que os artigos são escritos em grande parte em inglês. “E a maioria dos professores de ensino médio não domina essa língua o suficiente para entender a literatura mais especializada. Além disso, são textos publicados em revistas que normalmente têm acesso pago”, disse.
A professora da USP conta que por enquanto o conselho editorial da revista não avaliou o alcance da publicação. “Mas temos depoimentos de associados dizendo que usam a revista nas áreas de metodologia, nas aulas de ensino de biologia nas faculdades de licenciatura”, disse.
Eliana destaca que o grupo está reformulando o site para registrar o número de acessos dos leitores da revista. “Pretendemos também divulgar um pouco melhor o Genética na Escola”, disse.
Mais informações ou para ler a versão digital: www.geneticanaescola.com.br
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