Segundo pesquisas recentes, foi possível observar a relação entre a genética e desempenho esportivo dos indivíduos. Tais pesquisas estudam como o estímulo do treinamento físico influenciará o funcionamento dos genes.
Em um primeiro momento, os pesquisadores identificam os genes que sofrem expressiva mudança de expressão gênica com o exercício físico e, posteriormente, tentam entender o porquê dos sistemas fisiológicos, mesmo semelhantes, funcionarem de forma diferente.
A partir dessa pesquisa, os profissionais de Educação Física obterão informações genéticas dos indivíduos e poderão identificar, com antecedência, qual será o treinamento mais indicado para seus atletas, onde eles terão uma melhor resposta, e consequentemente, um melhor rendimento.
Comentários
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Laercio Elias Pereira
em 27 de Maio de 2016 às 15:07.
Prof. Sebastião,
Boa informação. O Sr poderia nos passar a referência do trabalho?
Temos na midiatecaCEV o programa e os vídeos de um dos encontros mudiais mais ortantes sobre Genômica e Esporte, realizado em São Paulo pelo grupo de pesquisa "Atletas do Futuro": A sua nota traz uma boa oportunidade para revermos as palestras e trocarmos comentários e dúvidas aqui.
http://cev.org.br/eventos/i-simposio-brasileiro-genomica-esporte/videos/
Laércio
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Sebastião Felipe Ferreira Costa
em 27 de Maio de 2016 às 15:52.
Prof. Laércio,
Boa tarde. Sou apenas um estudande do curso de Educação Física.
A infromação que extrai se encontra do site do CONFEF e pode ser acessado pelo link: http://www.confef.org.br/extra/revistaef/show.asp?id=4044
Sebastião
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Rodrigo Gonçalves Dias
em 27 de Maio de 2016 às 16:49.
Caro Sebastião.
Primeiramente, parabéns pela busca de conhecimentos desde já, na graduação. Observe que, na matéria lida por você no site do CONFEF (2012), as descrições sobre a utilização da genética para fins preditivos, foram colocadas no tempo futuro. No atual momento (2016), infelizmente ainda devemos manter o tempo futuro ao falarmos sobre a genética aplicada ao exercício físico e aos esportes. Ou seja, a ciência ainda não produziu resultados eficientes a ponto de comprovar a veracidade de utilização dos testes genéticos para fins de predizer responsividade ao treinamento físico, muito menos predizer capacidade física. Tudo que temos, são apenas indícios, mas que ainda não foram replicados a ponto de termos segurança em utilizar. Aqueles estudos antigos que encontraram associação entre genes isolados e fenótipos de capacidade física, infelizmente não servem e não podem ser utilizados na prática para predizer responsividade/performance física. Neste momento, pesquisadores do mundo todo estão utilizando uma nova tecnologia conhecida como microarray (GWAS) na tentativa de suprir as deficiências daqueles estudos antigos baseados na análise de um único, ou meia dúzia de genes. Esta tecnologia permite rastrear o genoma por complet, em busca de milhares de variantes genéticas e alterações na expressão de todos os genes que compõem o genoma humano, em busca de um conjunto de marcadores genéticos com potencial utilização na prática. Para você que está começando a se inteirar do assunto, sugiro que tenha isso em mente desde o princípio, e não se deixe levar por propagações falsas e comerciais de que a genética já pode ser utilizada para o exercício físico e os esportes. Em breve você terá acesso a um artigo científico de revisão, comprovando o fenômeno descrito acima. Fique de olho na página do “O DNA do Atletismo Brasileiro”. Este artigo será disponibilizado lá, juntamente com um vídeo explicativo que se encontra neste momento em fase final de edição. Grande abraço e sucesso na vida pessoal e profissional. Saudações! Rodrigo Dias.
https://www.facebook.com/O-DNA-do-Atletismo-Brasileiro-1000177450075061/
Por
Roberto Affonso Pimentel
em 14 de Novembro de 2016 às 17:40.
Prezados cevnautas,
Não se apressem em suas conclusões, pois a novel Neurociência está a desmistificar alguns conceitos antiquados, um deles, há muito arraigado em nossa cultura: "a relação entre genética e desempenho físico".
Para aqueles que querem pesquisar, aqui vai um trecho sobre a teoria mielínica, que encontrei no livro O código do talento, Daniel Coyle, e ao qual já me pronunciei algumas vezes neste CEV e no Procrie. Enfim, o debate só constrói...
Sobre Genética e Neurociência
Conheçam o Sr. Mielina
Depoimento do pesquisador e professor George Bartzokis, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA). Do livro “O código do talento”, Daniel Coyle.
-- Por que os adolescentes tomam decisões ruins?
-- Porque, embora já tenham todos os neurônios, estes não estão completamente recobertos de isolante.
Enquanto o circuito neural inteiro não estiver isolado não ficará instantaneamente disponível para alterar um comportamento impulsivo no momento em que este acontece, apesar de ser capaz de fazê-lo. Adolescentes entendem a diferença entre o que é certo e o que é errado, só demoram em descobrir qual é qual.
Sopradores de Talento
Desde Darwin, o modo tradicional de conceber o talento é este: os genes (o inato) e o ambiente (o adquirido) se combinam para fazer de nós o que somos. Nessa visão, os genes são as cartas cósmicas que recebemos, cartas essas reembaralhadas a cada nascimento, e o ambiente é o jogo no qual as recebemos. De vez em quando o acaso produz uma perfeita combinação de genes e ambiente, combinação que resulta num talento extremo ou gênio.
O modelo baseado na distinção entre o inato e o adquirido já demonstrou tremenda popularidade. Além de ser claro e de quebrar paradigmas, explica uma grande variedade de fenômenos no mundo material. Mas, em se tratando de explicar o talento humano, esse modelo já não é bem sucedido: aliás, é vago a ponto de não fazer sentido algum.
Acreditar que o talento resulta de fatores genéticos e de fatores ambientais é como acreditar que os biscoitos resultam do açúcar, da farinha e da manteiga. É uma crença verdadeira, porém inútil. Para abandonar o já ultrapassado modelo que impõe o inato e o adquirido, precisamos ter uma ideia clara de como os genes de fato atuam.
Genes
Os genes não são cartas de um baralho cósmico. São manuais de instruções que foram testados pela evolução e que permitem construir as máquinas complicadíssimas que somos nós. Contêm o projeto arquitetônico, inscrito nos nucleotídeos, para construir nossas mentes e corpos, nos mínimos detalhes. A tarefa da construção segundo esse projeto ou design é imensamente complexa, porém muito direta: os genes instruem as células a fazer os cílios desse jeito, a unha do pé daquele outro.
Em se tratando de comportamento, porém, os genes têm de lidar com um desafio diferente no que diz respeito ao design. As máquinas humanas existem e se movimentam num mundo vasto e diversificado. Deparam-se com os mais variados perigos, oportunidades e experiências novas. As coisas acontecem depressa, e o comportamento – ou seja, as habilidades – precisam mudar depressa. Nisso reside o desafio:
-- Como escrever um manual de instruções para o comportamento?
-- Como nossos genes, em sua pacata existência no interior das células, ajudam nossa adaptação a um mundo em constante mudança e que sempre oferece perigo?
A evolução dos genes
Fomos capazes de enfrentar esse problema porque nossos genes evoluíram para um engenhoso mecanismo: contêm instruções para a construção de nossos circuitos com impulsos predeterminados, tendências, instintos.
Os genes constroem nossos cérebros de tal modo que, ao nos depararmos com certos estímulos – uma refeição saborosa, uma carne estragada, um tigre à espreita, ou um possível companheiro – aciona-se um programa neural previamente instalado, e as emoções são por ele usadas para guiar nosso comportamento numa direção vantajosa. Sentimos fome quando percebemos cheiro de comida, nojo quando o cheiro é de carne podre, medo quando vemos um tigre, desejo quando vemos um possível parceiro sexual. Guiados por esses programas neurais preestabelecidos, navegamos na direção de uma solução.
Essa estratégia funciona bem quando se trata de criar comportamentos adequados em certas situações. E no caso de comportamentos mais complexos, como tocar saxofone ou jogar palavras cruzadas (scrabble), ou xadrez?
Como já sabemos, habilidades mais complicadas envolvem cadeias de milhões de neurônios que trabalham juntos com uma precisão de milissegundo. A aquisição de habilidades complexas é uma questão de estratégia de design.
--Qual a melhor estratégia para elaborar instruções que permitam construir uma máquina capaz de pôr em prática habilidade tremendamente complicadas?
Uma estratégia de design óbvia seria a de fazer os genes pré-programarem a habilidade. Os genes forneceriam instruções detalhadas, etapa por etapa, para construir os circuitos neurais necessários a uma habilidade específica: tocar música, fazer malabarismo, estudar cálculo. Quando viesse o estímulo certo, todos os circuitos previamente construídos se conectariam e começariam a disparar, surgindo assim o talento.
Essa estratégia de design parece acertada (afinal, não poderia ser mais direta), mas apresenta dois grandes problemas.
1) Seria muito cara em termos biológicos. Construir esses circuitos elaborados exigiria tempo e recursos, dos quais só disporíamos sacrificando outro aspecto de nosso design.
2) Seria uma aposta com o acaso. Construir previamente os circuitos para criar um gênio da engenharia de software de nada valeria em 1859, assim como não seria de grande utilidade fazê-lo para criar um ferreiro genial nos dias atuais. No espaço de uma geração ou de algumas centenas de quilômetros, habilidades complexas podem passar de cruciais a triviais ou vice-versa.
Noutras palavras, programar previamente o circuito de milhões de neurônios necessários a uma habilidade complexa seria uma aposta tola e dispendiosa demais para que os genes a fizessem. Tendo sobrevivido aos desafios de um passado de alguns milhões de anos, nossos genes são avessos a fazer apostas tolas e dispendiosas. (Outros genes talvez fossem mais propensos a isso, mas foram eliminados há tempos, juntamente com as linhagens deles portadoras.)[1]
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[1] Isso não significa que não se construíram previamente circuitos para comportamentos com exemplos – o caso da dança de localização das flores executada pelas abelhas, dos rituais de acasalamento realizados por muitos animais. Mas criar circuitos prévios para esses comportamentos faz sentido do ponto de vista evolutivo: são indispensáveis à sobrevivência, ao contrário de tocar piano e acertar uma bola de golfe.
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