Jornal da Ciência (JC E-Mail)
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Edição 4169
Novo ministro aponta como prioridades a formação de recursos humanos, o avanço da produção científica e o estímulo à inovação
Em discurso na cerimônia de transmissão do cargo, realizada na manhã desta segunda-feira (3/1), o novo ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercandante, apontou como prioridades em sua gestão a ampliação da política de formação de recursos humanos em todos os níveis, o aprofundamento do avanço da pesquisa científica no país e o estímulo à inovação.
Mercadante renovou o compromisso do governo federal com o aumento do percentual do PIB investido em C&T, dos atuais 1,25% para um patamar entre 2% e 2,5% na próxima década. No entanto, ele ressaltou que esse primeiro ano do governo Dilma será marcado por ajustes fiscais.
"Torna-se necessário melhorar os mecanismos de controle de gastos e otimizar os recursos disponíveis. Devemos aprender a fazer mais com menos", alertou.
O novo ministro defendeu uma maior colaboração com o Ministério da Educação, e destacou a importância das políticas de inclusão digital para a qualificação de professores e alunos. Entre as políticas apontadas como primordiais para a formação de recursos humanos estão o incentivo ao interesse dos jovens pela ciência, o estímulo ao repatriamento de pesquisadores no exterior e ao trabalho em rede com aqueles que se mantiverem fora do país e a atração de cientistas estrangeiros.
Com relação à produção científica, Mercadante considerou como essencial o processo de desconcentração regional, com o fortalecimento da ciência nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Ele garantiu que a Amazônia continuará sendo considerada como estratégica e defendeu a implementação de parques tecnológicos e incubadoras de empresas na região.
Para o ministro, é preciso também melhorar o diálogo com os órgãos de controle, especialmente no que se refere à importação de insumos por parte dos cientistas, e aperfeiçoar os marcos regulatórios de incentivo à pesquisa.
Mercadante destacou ainda a importância de se fortalecerem os fundos setoriais, e mostrou disposição de criar novos fundos, em especial na área da agricultura e no setor financeiro.
O terceiro eixo apontado como prioritário por Mercadante foi o de fomento à inovação. Entre outros pontos, ele afirmou que ampliará o papel da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que poderá vir a atuar não só como agência de fomento, mas como entidade financeira.
O ministro garantiu que a articulação entre a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) e o Plano de Ação em CT&I será um dos eixos estruturantes da "fase 2" da política nacional de CT&I em sua gestão.
"O descolamento entre produção científica nacional e processo produtivo é histórico", lembrou. "Nossa contribuição estará em agilizar e estimular o processo de reconhecimento de patentes no país", disse.
Mercadante defendeu o desenvolvimento de uma política específica de estímulo à inovação. Para o ministro, é importante também um esforço de atração de plataforma de pesquisa de grandes empresas para o país.
Áreas estratégicas
Na avaliação do novo ministro, as áreas de biotecnologia, ciência biomédica, nanotecnologia, energias renováveis, tecnologias de informação e comunicação (TICs), produção de fármacos, gás e petróleo aparecem como estratégicas para o desenvolvimento do país e, portanto, merecem políticas dirigidas do governo.
Ele salientou também a importância dos setores espacial e nuclear, e manifestou a intenção de criar uma agência reguladora nuclear brasileira.
Ciência tropical
Aloizio Mercadante ressaltou ainda a importância da C&T para a superação de desafios impostos ao Brasil neste século, como a garantia da sustentabilidade ambiental e a efetiva entrada na sociedade do conhecimento.
Para ele, é essencial o esforço para combinar educação universal de qualidade, pesquisa científica, inovação e inclusão social, na perspectiva de uma nova produção científica tropical.
"Não há país tropical desenvolvido no mundo. Não temos modelo a seguir. Nós estamos criando nosso próprio modelo e temos todo o potencial para sermos o primeiro país tropical desenvolvido, se efetivamente avançarmos rumo à sociedade do conhecimento e à sustentabilidade ambiental", afirmou.
Mercadante defendeu ainda um investimento cada vez maior em cooperação internacional, com ênfase no aprofundamento da parceria com países da América Latina e África e aqueles que compõem o grupo dos BRICs.
(Daniela Oliveira)
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