23/03/2015
Cleber Dias
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Em 2012, reportagem da TV Morena, filiada da Rede Globo no Mato Grosso do Sul, destacou os bons resultados obtidos pela equipe de boxe de Ponta Porã. Na época, a equipe havia obtido 5 medalhas de ouro, 6 de prata e de 1 bronze no circuito sul-mato-grossense de boxe. Além disso, faturou ainda o prêmio de melhor técnico e de atleta revelação. Júlio “Field”, um dos destaques da equipe, com mais de 60 lutas no cartel, já havia se sagrado vice-campeão brasileiro e campeão do centro-oeste.
http://globotv.globo.com/tv-morena/globo-esporte-ms/v/boxe-conheca-a-equipe-de-ponta-pora/2101995/
São antigos o entusiasmo e o envolvimento dos mato-grossenses pela arte do pugilato. Desde meados da década de 1920, há registros da crescente popularidade da modalidade em toda a região. Nessa época, o Circo Quevaz promovia lutas de boxe em Corumbá, despertando grande entusiasmo entre o povo, segundo diziam os jornais. O boxe já era mesmo comparado ao futebol em popularidade.
Em Campo Grande, com efeitos similares, o Trianon-Cine exibia com interesse e destaque o filme “Pulso de ferro”, que apresentava luta entre o galã Richard Dix e o ex-campeão mundial Jack Renault. De acordo com propagandas que lhes anunciavam, tratar-se-ia de “um filme agradável, romântico e de emoções intensas”, “uma formidável luta de boxe” ou mesmo “a maior luta de boxe até hoje filmada”.
Nesse contexto, Ponta-Porã se destacava já como importante centro de desenvolvimento do esporte na região. Localizada no extremo sudoeste do atual Mato Grosso do Sul, o boxe na cidade beneficiou-se da sua proximidade com o Paraguai, onde havia já uma tradição de pugilato. Sintomaticamente, revanches de lutas realizadas anteriormente em Assunção ou Conceição do Paraguai começariam a se organizar nessa época em Ponta Porã.
Em princípios de 1927, lutas no Cinema e Circo Palma atraiam grande assistência, logo tomada e apresentada pela imprensa local como “prova do interesse que vai o público tomando pelo delicado desporto”. Apesar da fina ironia em classificar o boxe como desporto “delicado”, os jornais não deixariam nunca de ceder espaço a promoção desses eventos, tentando se aproveitar comercialmente da ocasião. Além de alimentar expectativas ao redor das lutas, os jornais serviam também como intermediários para o lançamento de desafios ou eventuais trocas de ofensas entre lutadores ou seus treinadores e empresários. A luta entre os paraguaios Isidro Flores e Ignacio Flores, por exemplo, iniciou-se com a publicação de cartas de provocação nas páginas do jornal O Progresso. Numa delas, em español, o empresário de Ignacio Flores dizia: “en contestacion al desafio hecho por el aficionado señor Isidro Flores, y en representación de mi pupilo, [ello] acepta las proposiciones de dicho match”.
O mercado de organização de lutas de boxe na cidade parece ter se intensificado nessa época. Figuras como Mathias Canela, antes protagonista de lutas de boxe, passariam a atuar como empresários, agenciando a participação de lutadores estrangeiros, especialmente paraguaios, em turnês de boxe em Ponta Porã e outras cidades do Mato Grosso ou mesmo de outros Estados. Aqui também a imprensa era peça-chave do processo, apresentando lutadores, destacando suas qualidades, glorificando seus feitos e legitimando suas credibilidades esportivas enfim.
Fonte: https://historiadoesporte.wordpress.com/
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