CARTA ABERTA AO COLÉGIO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE SOBRE O PL 4699/2012 QUE PROPÕE A REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE HISTORIADOR

 

O Grupo de Trabalho Temático “Memórias da Educação Física e Esporte” do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte que congrega, em específico, os pesquisadores em história da educação física e do esporte, vêm através deste comunicado argumentar favoravelmente sobre os esforços da Sociedade Brasileira de História da Educação, Comitê Brasileiro de História da Arte, e Sociedade Brasileira de História das Ciências, em criticar o PL 4699/2012, que propõe a regulamentação da profissão de historiador.

A aprovação deste projeto de lei significaria enorme prejuízo para a produção científica de diversas áreas acadêmicas que através dos instrumentos metodológicos da História avançam na compreensão dos objetos de estudos pertinentes a suas respectivas intervenções científicas e profissionais. A historiografia atualmente tem como fontes não somente os documentos escritos, mas também, fotografias, filmes, depoimentos orais, estatísticas demográficas, mapas geográficos, dados arqueológicos, enfim, as possibilidades de pesquisa foram amplamente diversificadas.  Esse quadro possibilitou a aproximação da narração com o cotidiano em seus aspectos culturais e políticos. Desse modo, novos objetos de pesquisa surgiram no campo historiográfico, como a análise das relações de gênero, da higiene, do corpo, entre outros. Consequentemente diversas artes, ciências e profissões, a partir de uma perspectiva interdisciplinar, apropriaram-se de suas respectivas trajetórias históricas, produzindo livros, artigos, ensaios, grupos de pesquisa, associações e congressos acadêmicos específicos. A inviabilidade do PL reside na destruição do que foi acumulado em termos acadêmicos e culturais por parte de muitos pesquisadores consolidados na história da arte, história das ciências, história da medicina, história da educação e história da educação física e do esporte.  Concluímos que o PL representa uma censura à produção intelectual destes grupos em nome de uma reserva de mercado que não protege a sociedade civil, mas ao contrário, torna o ensino de histórias específicas propriedade dos diplomados em História.

No campo da Educação Física e do esporte, um PL que arbitrariamente pretende “cuidar” de práticas e procedimentos da memória e da história esbarra em algumas contradições como, por exemplo, negar a própria história da Educação Física e do esporte e, sobretudo, parte importante de sua produção acadêmica, suas inserções políticas e seu fazer prático.

Neste sentido, podemos apontar o prejuízo no que se refere aos professores de Educação Física vinculados aos programas de pós-graduação em História, Educação, e Educação Física.

Esta carta objetiva sensibilizar a sociedade sobre os prejuízos inerentes à aprovação deste projeto de lei.

 

GTT “Memórias da Educação Física” do COLÉGIO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE

 

Comentários

Por Lino Castellani Filho
em 18 de Agosto de 2013 às 11:22.

Prezado Coriolano

Demais amig@s

 

De início quero deixar claro que endosso o teor da carta.

Tenho ressalvas, contudo, à forma de encaminhamento.

Pergunto: Como uma instância do CBCE escreve e encaminha uma carta aberta... Ao CBCE? Será que o processo de "tribalização"/"Guetização" dos GTTs chegaram a ponto de se perceberem como algo "fora" do CBCE? Será que a autonomia que possuem não estaria sendo confundida com "soberania"? Sim, pois a autonomia dos GTTs é relativizada pelo CBCE em seu conjunto, o qual tem na Direção Nacional sua instância maior de representação...

Tenho certeza absoluta que o Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte endossa o teor do documento e se valeria de seus 35 anos de existência para lhe emprestar ainda maior legitimidade junto à comunidade que representa e às demais, se valendo, p.ex., de sua condição de filiada à SBPC para dar vazão ao seu posicionamento perante as demais sociedades científicas brasileiras...

Cartas Abertas do CBCE de teor igual ou análogo ao presente na Carta ora em questão, serão sempre bem-vindas. Fortaleçamos a entidade que - quer queiramos ou não - é expressão concreta e legítima do contra-hegemônico na Educação Física brasileira!

Abraços

Lino


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