SOMOS UM POVO INCAPAZ DAS GRANDES CONQUISTAS 0comentário

Essa frase me chamou atenção, quando da leitura de “O Brasil no cenário internacional: Jogos Olimpicos e Copas do Mundo”, de Plinio Labriola Negreiros (in História do Esporte no Brasil – do Império aos tempos atuais, Mary del Priore e Victor Andradec de Melo (org.), Editora UNESP, 2009). Veio logo ao primeiro minuto do jogo de futebol Brasil e México, como se prenunciando o resultado – já ‘cantado’ por aquele bruxo mexicano – ‘lo no creo em bruxarias, pelo que las ai, las ai’ , já dizia Miguel de Cervantes…

Logo a seguir, vieram os outros resultados, culminando com o do Volei masculino.

Plínio recorda das ameaças de sua professora de, aos que não soubesse a tabuada na ponta da língua, ficariam estudando, ‘de recuperação’ e não poderiam assistir ao jogo de futebol (era a Copa de 70…); dois anos depois, não houve a mesma ‘ameaça’, quando da realização das Olimpiadas (1972…)

Esse o retrato de nosso país. Somos monoesportivos, quando muito adotamos o volei como segundom esporte. Futebol, dizia o mago de Palmeira dos Indios (Graciliano Ramos) , ainda em 1927, não pega nesta terra… Não só pegou, como se constitui tragedia nacional a perda de sucessivos eventos, especialmente após aquele tricampeonato mundial de 1970… P´ra frente. Brasil… Somos, efetivamente, como diza Nelson Rodrigues, a pátria de chuteiras, ou 200 milhões de técnicos… Eu, nem escalaria o menino do Santos – considero não ser ele jogador de seleção -; e aos 5 minutos, tiraria aquele Marcelo… não seria essa a minha escalação… mas o tecnico é o Mano, que aguente as consequencias de sua burrice, agora…

Mas somos assim. Concordo com Juca Kfouri (ago.2008) quando disse que passava dos limites ver Carlos Nuzman se jactar de levarmos a maior delegação brasileira aos Jogos, quando só 12% de nossa rede escolar tem quadra de esporte. Mas esses dados referem, em media, ao Brasil; se trouxermos essa estatistica para o Maranhão, dos 217 municipios, apenas 18 – dezoito, e não é percentual, 18 municipios… - possuem algum algum equipamento esportivo (dados do IBGE, Censo do Esporte, 2006, ainda atualizadissimos…)

Dizia Juca que, quando mais medalhas o Brasil ganhar, mais ficará demonstrado o desvio de sua não-politica esportiva, porque privilegia o alto rendimento em vez da inclusão social ou a saude. Moacir Scliar (9 ago. 2008) refere-se que o esporte, dirão voces, não corrige as distorções não distribui renda. Mas  corrige distroções emociais e sociais, representadas pelo preconceito; e redistribui auto-estima. É pouco? Talvez seja, mas é um primeiro passo…

As conquistas no futebo, sempre decantadas, porém, não chegam às disputas olimpicas.

Ao rever nossa história esportiva, delimitada pelo autor às Copas do Mundo, e às Olimpíadas, notamos um elemento comum: desorganização!!!! Planejamento equivocado!!! Dinheiro gasto no superfluo, não no essencial!!

O Laercio, ano passado, no programa do Juca, ao falar dos investimentos previstos para a preparação do Brasil para as disputas das Copa do Mundo e das Olimpiadas, profetizou: vai faltar bola nas escolas do interior do Maranhão…

Veja nosso maior evento esportivo, como está sendo realizado. Os JEMs deixaram de ser um megaevento esportivo, que movimentava, no inicio a Capital, e depois o interior, mais recentememte, para virar essa pálida festa que vimos se arrastando pelas quadras e pistas este ano.Sabiam que estamos em plenos JEMs? fui à pista ontem, ver o Atletismo. Não havia competição, pois as provas estavam sendo disputadas apenas pela manhã… quase não houve inscrição de atletas.

Cito o Atletismo por ser meu esporte favorito e ter militado por anos… 10 titulos, dos 15 da então ETFM…  Somos o Estado da federação com o maior numero de atletas federados – por isso a FAMA recebe um bom subsidio mensal da CBAt para o desenvolvimento do esporte no estado – mas alguém lembra de alguma competição realizada este ano? ou da participação de nossos atletas em algum evento regional? nacional nem falo… Enquanto isso, o Piauí…

Cade o Costa Rodrigues? quem vai se deslocar até a AABB, no Calhau, para ver algum jogo, se não tem transporte? só os atletas… dai a falta de publico… onde foram realizados os jogos, mesmo?

Em março, deixei Barreirinhas com todo o planejamento para a participação nos Jogos pronto, com um calendário, desde treinamento até a realização dos Jogos Municipais, dos regionais e enfim, o estadual, realizado nesses dias. Não vieram!!! nem sei porque, mas sei que por falta de planejamento, não foi. Interesse politico, dinheiro, dificuldades impostas pela organização do evento? não sei dizer…

Tenho acompanhado Imperatriz – 590 atletas no coletivo, 190 nos individuais – e ai? quais os resultados? falhas na organização tiraram o brilho de algumas disputas. O interior sempre é prejudicado, em preferencia aos colegios da capital, o que ocorre des 1989,, ano em que me retirei das disputas, pelas chincanas regulamentares, favorencendo as grandes redes da capital… pelo que ouvi e pude acompanhar, ainda ocorre essas ‘facilidades’ aos da capital, e a exclusão das escolas da rede publica…

E a nossa Timoneira ainda ousa afirmar: teremos atletas nas Olimpiadas de 2016… Como, sem uma politica? como o Joaquim vai implantar uma Politica de Estado – não de Governo, pois esta não há… – sem recursos? onde estão os profissionais da SEDEL? pelo que ouvi pelos corredores, dos cerca de 300 funcionários, tecnicos e administrativos, que tem no quadro, desde a sua criação – 1979… cerca de 2/3 estão a disposição de politicos… seja, não trabalham!!!

Por uma Politica de Estado nos Esportes e Lazer para o Maranhão…

 

Comentários

Por Roberto Affonso Pimentel
em 13 de Agosto de 2012 às 10:18.

“Falar de touros não é o mesmo que entrar na arena" (provérbio espanhol)

Não sei se o Leopoldo quando cita "povo" se refere aos maranhenses ou aos brasileiros. Mas me atrevo a dialogar com cuidado para buscar mais de suas experiências e saber.

Espero que os críticos e comentaristas de plantão analisem com profundidade as coisas que (não) pensam antes de dizer. Sugerir que o presidente do COB - Carlos Nuzman - cuide de planejar e executar políticas desportivas no País, concomitantemente à participação nas Olimpíadas parece mais um elogio do que crítica. O jornalista é suficientemente inteligente para saber das finalidades de cada órgão do governo e suas responsabilidades. Que culpa tem o COB se "agentes" do Ministério dos Esportes configurem uma ponte aérea como o comitê para se aconselhar e buscar subsídios. Sabe muito bem que os "garotos" de Santo André e adjacências (do PT) ocuparam os principais cargos comissionados dos ministérios e estão por aí sem saber a que vieram. E, na santa ignorância, voltam-se para assuntos outros ou esperam que o COB resolva problemas que não lhe estão afetos. Quadras esportivas, bolas, professores nas escolas, formação de professores em universidades, tudo isto é assunto para o COB? E o petista ministro da Educação e o comunista lotado nos Esportes?

Enquanto isto, uma menina conquistou uma medalha de ouro sem alarde, pobre, superando todas as dificuldades. Inclusive, o preconceito de que é nascida no Piauí.  Em falando de estado, é uma pena que o povo maranhense tenha o governo que tem há décadas. Vão demorar muito para que se livrem da família e dos que foram adotados por ela. 

Por que, p.ex., a federação de voleibol não se engaja em trabalhos profícuos para o desenvolvimento educacional de seus estudantes? Vejam que o presidente é (ou era) diretor de marketing da CBV, certamente com status para alavancar programas que contribuam inclusive para os jogos estudantis. Como acompanho de longe o voleibol do estado - www.procrie.com.br/ -, percebo que como em todos os demais estados, há duas categorias de estudantes (pelo menos): os da rede particular e o "resto", a rede pública. Na medida em que cada cidadão conseguir reverter este quadro estaremos mais aptos a falar de verbas, planejamentos, educação e distorções sociais. Pelo que sinto, no Maranhão deve passar agora pelo voto consciente nas próximas eleições.

Invejo-o por seu trabalho em prol de dias melhores para o povo que o acolheu. Não desista, pois eles precisam de gente como você!


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