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Temática indígena nas escolas
22/08/2011
Por Mônica Pileggi
Agência FAPESP – A escola foi, desde o início, o elemento principal na conformação das imagens sobre os indígenas. Somente nos últimos anos é que houve a inclusão da pluralidade como um valor positivo e o consequente reconhecimento dos indígenas como parte importante da sociedade e cultura brasileira. É o que conclui o livro A temática indígena – subsídio para os professores, que será lançado no dia 23 de agosto, em Campinas.
De autoria do arqueólogo e professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Pedro Paulo Funari e da pesquisadora da Universidade Complutense de Madrid (Espanha) Ana Piñón, o livro foi elaborado a partir de uma pesquisa de mestrado, seguido de doutorado, da coautora, além de outros estudos apoiados pela FAPESP.
A obra tem como público-alvo professores dos níveis fundamental e médio. “O livro tem uma apresentação teórica, histórica e cultural, assim como uma pesquisa empírica sobre a percepção dos alunos do ensino fundamental. Isso contribui para um diagnóstico de desafios, o que permite propostas de soluções no âmbito da escola e na formação dos professores”, disse Funari à Agência FAPESP.
De acordo com o autor, o livro surgiu da necessidade, tanto dos professores como dos alunos, de informações mais aprofundadas sobre os índios.
“Muitos jovens mencionam que têm parentes e/ou antepassados indígenas. Mas, ao mesmo tempo, ainda localizam o índio longe: no passado e no mato. Os índios, às vezes, aparecem como um indivíduo, ao lado de uma oca, sem seu contexto social e coletivo”, pontuou.
Ao longo de 128 páginas, os autores discorrem sobre a questão indígena e suas representações nas escolas brasileiras. No primeiro capítulo, Funari e Piñón abordam como se formam e se transformam as identidades sociais e a relação com os índios.
Em seguida, observam os modos de se estudar os índios, na chamada experiência etnográfica – para os autores, a melhor forma de se conhecer um grupo humano, em particular uma comunidade indígena, é imergir em seu mundo, no seu cotidiano. Depois, seguem pela trajetória histórica desses habitantes no continente americano e a situação atual dos índios no país.
Nos demais capítulos, o livro trata da temática indígena utilizada pela escola desde os tempos dos jesuítas até a escola republicana como projeto político, passando pela idealização dos índios no século 19, no âmbito da corte imperial do Rio de Janeiro.
Os autores examinam a influência da administração indígena pelo Serviço de Proteção aos Índios (SPI) – criado em 1910, operou em diferentes formatos até 1967, quando foi substituído pela Fundação Nacional do Índio (Funai) – e finalizam com as transformações nas formas de inclusão da temática nas salas de aula.
Funari considera que, além de estereotipado, o ensino sobre o tema nas salas de aula está defasado, com o indígena retratado de forma distante, tanto no espaço como no tempo.
“Isso transparece na sua presença na maior parte das vezes referente à pré-história do Brasil. A legislação brasileira reconhece direitos aos indígenas, do uso da língua até suas terras. Na constituição e na legislação há uma ênfase grande na valorização da diversidade, contudo, tais avanços chegam à escola ainda de forma parcial”, ressaltou.
Formação mais ampla
“A temática indígena ainda é tratada de maneira incipiente e marginal em cursos de licenciatura em história, geografia e português; as que mais tratam do tema. Faltam nesses cursos disciplinas que tratem da pré-história do Brasil e da América, história indígena, da etnologia indígena e línguas indígenas, e que façam parte do currículo obrigatório”, disse Funari.
“Dessa forma, os futuros professores terão condições de aprofundar seus conhecimentos sobre os índios, aproveitar melhor a informação dos livros didáticos e ensinar de forma mais adequada aos alunos”, destacou.
O antropólogo ressalta que o livro poderá contribuir para uma formação mais ampla e variada dos atuais e futuros professores, pois apresenta aspectos históricos e culturais não só dos indígenas, mas do Brasil de forma geral. “A obra fornece, também, indicações de leituras que permitem ao leitor se aprofundar nos diversos temas tratados”, completou.
O livro será lançado no dia 23 de agosto, às 18h30, na Livraria Cultura do Shopping Center Iguatemi, localizado na Av. Iguatemi, nº 777, Vl. Brandina, Campinas. No evento, ocorrerá o debate “A Temática Indígena nas Escolas – Desafios para Educadores e Estudiosos”, com a participação dos autores.
Título: A temática indígena na escola: subsídio para os professores
Autores: Pedro Paulo Funari e Ana Piñón
Lançamento: 2011
Preço: R$ 29,90
Páginas: 128
Mais informações: www.editoracontexto.com.br
Comentários
Por
Beleni Saléte Grando
em 1 de Setembro de 2011 às 15:20.
Prezado Laércio e colegas.
Nosso Grupo de Pesquisa, com o apoio da Rede CEDES/ME, produziu três livros que poderão contribuir para a inclusão da temática indígena na educação física e na escola que são disponibilizados em e-book, no sitio do Ministério do Esporte e no sitio do Grupo na UNEMAT:
1. http://www.unemat.br/pesquisa/coeduc/?link=livro6 - Livro: Brincar, Jogar, Viver: IX Jogos dos Povos Indígenas - Organização: Leila Mirtes Santos de Magalhães Pinto e Beleni Saléte Grando - está disponível http://www.unemat.br/pesquisa/coeduc/downloads/livros/brincar_jogar_viver.pdf
2. http://www.unemat.br/pesquisa/coeduc/?link=livro8 - Livro: Eu e o Outro na Escola: contribuições para inserir a história e a cultura dos povos indígenas na escola
Organização: Beleni Saléte GRANDO; Luiz Augusto PASSOS (orgs.). disponível em: http://www.unemat.br/pesquisa/coeduc/downloads/livros/eu_e_o_outro.pdf
3. http://www.unemat.br/pesquisa/coeduc/?link=livro9 - Livro: Jogos e Culturas Indígenas: possibilidades para a educação intercultural na escola.
Organização: Beleni Saléte GRANDO (ORG.). http://www.unemat.br/pesquisa/coeduc/downloads/livros/jogos_cultura_indigena.pdf
Nestes vcs podem encontrar as diversas falas dos indígenas que participaram da IX edição dos Jogos dos Povos Indígenas (que em 2011 será realizado em Tocantins, no próximo mês de outubro), e também textos que falam sobre quem são os povos, suas diversas formas de ser, como os Jogos é organizado, o que acontece de práticas corporais no evento, embora cada Jogos é organizado com povos diferentes e assim, com práticas diferentes; no livro Eu e o Outro, buscamos contribuir como professores de Ed. Física (4 textos) e com pesquisadores da educação e da diversidade étnica-cultural; no livro Jogos e Culturas Indígenas, apresentamos contribuições sobre jogos de vários povos que podem ser pedagogizados na escola como estratégia didática para a implementação da Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino das culturas e histórias dos Povos Indígenas do Brasil. Para quem quiser conhecer a história do país de fato, precisa iniciar com um livro básico: A História dos Povos Indígenas do Brasil. Ed. Global. Autora: Berta Ribeiro.
abraços,
Beleni
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