Publiquei em meu Blog Sáb, 22/08/09  por leopoldovaz | http://colunas.imirante.com/leopoldovaz/2009/08/22/curiosidades-o-que-escrevem-e-o-que-e-real/#respond categoria Esporte Escolar, Informação, Literatura & Esporte, Raízes, Recordar é Viver

Como disse abaixo, comento aqui o que considero um despreparo de alguns que fazem o jornalismo esportivo e cultural. Lembro que outro dia - já comentado aqui - quando do lançamento de um importante livro de nossa História - o Dicionário… do Cesar Marques - no jornal televisivo da manhã,  a Reporter disse que ‘pessoas de outras profissiões se intromentem na profissão de outras’ - referindo-se que Cesar Marques, um médico! estava a escrever sobre História… um absurdo. Será que a Reporter sabe quem foi Cesar Marques? que a primeira edição de seu livro se dera em 1870? a segunda, em 1970? e a tarceira era aquela que estava a comentar? não se informou sobre o assunto da pauta?

À noite, no lançamento da obra, na Academia Maranhense de Letras, o responsável pela atual edição colcada à disposição - o Academico Jomar Moraes - avisou-nos que não autografaria a obra, pois fora apenas o organizador da presente edição. O Autor era Cesar Marques… e comentou que, pela manhã, ao dar entrevista à uma emissora local - aquela do jornal televisivo da manhã… - a reporter lhe perguntara se não poderia entrevistar o autor!!! onde o enconhtraria para uma entrevista!!!??? que seria mais interessante a entrevista com o autor do que com o organizador da obra…. pois é…

Voltando ao que quero abordar. Para quem faz Jornalismo Esportivo é imprescindível conhecer o mínimo…  como a própria história da modalidade e suas princiais características. Falo, de uma nota publicada já duas vezes num jornal online - sobre o Jiu-Jitsu… como curiosidade: fora introduzido no Brasil pelo Conde Koma, a partir de 1915, que o ensinou aos Gracies, do Pará… que a primeira academia fora fundada no Rio de Janeiro em 1925 por Omori… Certo! até aí, nada de mais, pois essa é a versão oficial…

O que não aceito, é que no Maranhão! se divulgue essa versão… Vejamos:

JIU-JITSU BRASILEIRO  

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ 

ORIGENS

Quero acreditar que o Jiu-jitsu deve ter sido apresentado aos sócios do Fabril Athetic Club (fundado em 1907) pelo escritor Aluísio Azevedo. Ao abandonar as carreiras de caricaturista e de escritor, abraça a carreira pública em busca de sobrevivência como funcionário concursado do Ministério de Relações Exteriores. Torna-se cônsul, servindo por quase três anos no Japão, entre setembro de 1897 a 1899, na cidade de Yokohama, onde deve ter aprendido essa arte marcial, assim como a jogar Tênis e Futebol, quando de sua estada na Inglaterra. 

1908 Informa MARTINS (1989) que Nhozinho Santos, em 1908, implanta mais duas modalidades esportivas no FAC: o Tiro, com inscrição na Confederação Brasileira de Tiro; e o “jiu-jitsu”, com um grande número de adeptos. (MARTINS, Djard Ramos. MERGULHO NO TEMPO. São Luís : Sioge, 1989; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. A introdução do esporte (moderno) no Maranhão. CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE, LAZER E DANÇA, 8º, Ponta Grossa, UEPG … Coletâneas … disponível em CD-ROOM, novembro de 2002.

 1909 Em “A Pacotilha”, São Luís, segunda feira, 14 de junho de 1909, há uma noticia que tem por titulo “JIU-JITZÚ” - certamente transcrita de “A Folha do Dia” - do Rio de Janeiro (ou Niterói): “Desde muito tempo vem preocupando as rodas esportivas o jogo do Jiu-Jitzú, jogo este japonês e que chegou mesmo a espicaçar tanto o espirito imitativo do povo brasileiro que o próprio ministro da marinha mandou vir do Japão dois peritos profissionais no jogo, para instruir os nossos marinheiros. Na ocasião em que o ilustre almirante Alexandrino cogitava em tal medida, houve um oficial-general da armada que disse ser de muito melhor resultado o jogo da capoeira, muito nosso e que, como sabemos, é de difícil aprendizagem e de grandes vantagens.  Essa observação do oficial-general foi ouvida com indiferença. A curiosidade pelo jiu-jitzu chega a tal ponto que o empresário do “Pavilhão Nacional”, em Niterói, contratou, para se exibir no seu estabelecimento, um campeão do novo jogo, que veio diretamente do Japão. Ha alguns dias esse terrível jogador vem assombrando a platéia daquela casa de diversões com a sua agilidade indiscritível, com os seus pulos maquiavélicos. Todas as noites o campeão japonês desafia a platéia a medir forças com ele, sendo que, logo nos primeiros dias de sua exibição, se achava na platéia um conhecido “malandrão”. Feito o desafio, o “camarada” não teve duvidas em aceitar, subindo ao palco. Depois de tirar o paletó, colete, punhos, colarinho e as botinas, o freguês “escreveu” diante do campeão, “mingou” abaixo do “cabra”; este assentou-lhe a testa que o japones andou amarrotando as costelas no tablado. A coisa aqueceu, o japonês indignou-se, quis virar “bicho”, mas o brasileiro, que não tinha nada de “paca” foi queimando o grosso de tal maneira que a policia teve que intervir para evitar … o japonês.  ‘A Folha do Dia’ narra o seguinte: ‘Diversos freqüentadores do Pavilhão Nacional vieram ontem a esta redação apresentar o Sr. Cyriaco Francisco da Silva, dizendo-se o mesmo senhor vencido o jogador japonês que se exibe atualmente naquela cada de diversão. O Sr. Cyriaco é brasileiro, trabalhador no comercio de café e conseguiu vencer o seu antagonista aplicando-lhe um “rabo de arraia” formidável, que no primeiro assalto o prostrou . O brasileiro jogou descalço e o japonês pediu que não fosse continuada a luta. Ficam assim cientes os que se preocupam com o novo esporte que ele é deficiente. Basta estabelecer o seguinte paralelo: no jiu-jitzu a defesa é mais fácil que o ataque; na capoeiragem a grande ciência é a defesa, a grande arte é saber cair.  

1910 “A Pacotilha” - de 18 de abril, segunda feira, no. 90 consta noticia de que o “Fabril Athletic Club” – FAC - estava preparando uma jornada esportiva para recepcionar ao Barão de Rio Branco, em visita à São Luís. Em nota do final da noticia é informado que: “Tem funcionado neste clube aos domingos pela manhã, um curso de jiu-jitsu, dirigido pelo Sr. F. Almeida contando já com muitos adeptos. Esse curso passará a funcionar, regularmente d’agora em diante, aos domingos das 8 as 10 horas do dia.”  

- 13 associados do Fabril Athetic Club – FAC - se desligam dessa agremiação pensando na formação de uma outra, mais popular, aberta, mais democrática. Fundam o ONZE MARANHENSE, que, além do futebol, desenvolveu outras atividades esportivas: tênis, crocket, basquetebol, bilhar, boliche, ping-pong (tênis de Mesa), xadrez, e a luta livre, introduzida por Álvaro Martins.

  BOX

1914 O Jiu-jitsu foi introduzido no Brasil, oficialmente, por Mitsuyo Maeda, - “Conde Koma” -, por volta de 1914. Em 1915, o Conde Koma - em viagem de exibição pelo Brasil para divulgar sua arte -, e a caminho de Belém (novembro daquele ano), passou por São Luís e fez algumas exibições.

Em Belém do Pará, o professor Koma passou a lecionar o verdadeiro Jiu Jitsu a seu dileto aluno Carlos Gracie. Os irmãos Carlos e Hélio Gracie foram os precursores do que hoje é chamado de Jiu Jitsu Brasileiro, de eficiência comprovada no mundo inteiro (fonte: www.pef.com.br/esportes/?e=jiu-jitsu).

1925 Geo Omori fundou a primeira academia de Jiu Jitsu no Brasil, mas o esporte só se consolidou com a família Gracie.

 Como explicar que o Jiu-jitsu foi introduzido – no Brasil - em 1915, pelo Conde Koma, e que a primeira academia date de 1925, criada por Geo Omori se desde 1909 já era praticada no Rio de Janeiro – e consta que “o próprio ministro da marinha mandou vir do Japão dois peritos profissionais no jogo, para instruir os nossos marinheiros. e, provavelmente desde 1908, e certamente desde 1910, em São Luís do Maranhão?

Se em 18 de abril de 1910, segunda feira, em “A Pacotilha” de no. 90 consta noticia de que no “Fabril Athletic Club” – FAC – estava em funcionamento um “um curso de jiu-jitsu, dirigido pelo Sr. F. Almeida contando já com muitos adeptos. Esse curso passará a funcionar, regularmente d’agora em diante, aos domingos das 8 as 10 horas do dia” ?;

 E que também no “Onze Maranhense - fundado nesse mesmo ano de 1910, de uma dissidência do FAC -, desenvolveu-se, dentre outras atividades esportivas, a luta livre, introduzida por Álvaro Martins?, segundo informa Dejard Ramos Martins ?

 Pois é… essas notas, além de apresentadas em Congressos internacionais de História do Esporte pelo cometedor dessas mal traçadas linhas, estão disponíveis no ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL (org. Lamartine Pereira da Costa), em duas verasões: em papel, editado pela Shape, em 2005; e a edição eletronica, disponível em www.atlasesportebrasil.org.br … em Buscar digitem MARANHÃO e vejam o que aparece… ou mesmo em ‘J’ - procurem por Jiu-Jitsu… Sem querer ser chato - e sendo-o - procurem o Atlas antes de escrever alguma coisa… é o mínimo que se espera de um profissional bem informado… evita ‘barriga’… evita chatos como eu a criticar… De nada, ás ordens….

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