Amigos do Judo
Hoje fui assistir ao Grand Slam e pude perceber que a CBJ e o comite organizador pegou o jeito para realizar um evento de grande porte - parabéns! As lutas aconteciam nos horários marcados, o evento começou e terminou certinho no primeiro dia e a abertura foi bonita. Tivemos boas lutas acontecendo e apenas poucos senões poderiam ser apontados.
Dentre os aspectos mais relevantes, estão os seguintes:
1) A abertura foi bonita, com Tony Garrido, apresentação de dança com movimentos acrobáticos da ginástica. A primeira dança estava muito bonita, mas a segunda estava razoavelmente bem ensaiada e a coreografia não batia muito com a música. Cabe lembrar que temos o grupo da Debora Colker no Rio para tais eventos mas a do mundial foi muito mais bonita e empolgante.
A apresentação do Tony Garrido foi muito boa com ele cantando suas músicas do Cidade Negra. Tudo estava ótimo até ele tentar cantar o hino nacional. Segundo fui informado, ele disse ao pessoal da organização que sabia cantar o hino e então foi se aventurar a faze-lo sem sequer ter pedido uma partitura. Adivinhe o que aconteceu? Ele repentinamente parou de cantar o hino nacional, possivelmente por que tinha se esquecido da letra. Nós na plateia no olhamos e comentamos surpresos: "ué, ele se esqueceu a letra?" Mesmo assim a música continuou rolando e todos nós continuamos a cantar. Então ele cai na besteira de voltar a cantar o hino, mas segue cantando uma parte errada do mesmo - ninguém merece! Nós na plateia nos olhamos novamente e dissemos uns para os outros: "ele errou! Não sabe cantar sequer o hino! Que absurdo!" O caso não teve maiores repercussões e o ocorrido não maculou a cerimônia de abertura, mas, com certeza, o cantor queimou o próprio filme para uma próxima vez.
2) as meninas foram ótimas! Sarah Menezes (-48 kg), Érika Miranda (-52 kg) e Rafaela Silva (-57kg) conquistaram a medalha de bronze.
3) Leandro Guilheiro (-73 kg) fez lindas lutas até chegar a final e ficar com a prata. Na sua última luta ele teve um breve momento de desatenção e foi imobilizado perdendo rapidamente a luta e surpreendendo a todos.
4) No ligeiro e no meio leve tivemos ingratas surpresas. João Derly recebeu uma pontuação, não conseguiu reverte-la e nem chegou a semifinal. Denilson Lourenço continua forte e com uma excelente pegada, mas não atacava o adversário mesmo quando estava perdendo. Não consigo entender por que um judoca não ataca o adversário, quando consegue fazer uma boa pegada e principalmente quando está atras no placar. Os outros rapazes que vi hoje pegaram adversários muito fortes, mas são jovens e terão muito chão pela frente ainda.
5) a acústica do Maracanazinho continua muito ruim e as caixas de som não parecem ter sido colocadas de modo que a fala dos apresentadores pudesser ser claramente compreendida na plateia. Não tem jeito do engenheiro de som melhorar aquilo?
6) Hoje tive mais uma grata surpresa sobre o forma de composição da comissão técnica. Vi que havia várias lutas simultaneas e que um maior número de técnicos era necessário - isso é bom, pois abre espaço para mais gente trabalhar. Mas o critério de seleção ainda é algo intrigante a meu ver. O que mais me surpreendeu, foi ver que os técnicos que estavam a beira do Shiai-jo não eram os senseis que treinam e/ou que "fizeram" os atletas, mas ex-atletas de alto nível. Não entendi bem essa. Uma coisa é ser atleta, outra bem diferente é ser técnico e outra mais diferente ainda é ser especificamente o técnico do atleta que está lutando.
Daí faço as seguintes perguntas conjugadas em blocos temáticos:
Ter sido atleta de alto nível faz alguém um técnico competente? Ser ex-atleta é sinônimo de ser bom professor ou técnico? Você não acha que fica mais incompreensível ainda se estes ex-atletas pararam de competir a muito pouco tempo e ainda sequer "fizeram" algum judoca adulto de alto nivel? Não lhes falta bagagem prévia como técnico?
É IMPORTANTE CONHECER A FUNDO O ATLETA e saber do que ele é capaz ou não para poder lhe dar boas instruções? É IMPORTANTE PARA O ATLETA perceber que o seu respectivo técnico está na beira do shiai-jo para lhe dar instruções? Quem conhece melhor o atleta do que o seu próprio técnico? Por que então teimam em por outra pessoa como técnico para orientar o coitado do judoca durante a luta?
Você acha justo que um professor detecte um talento no Judo, treine-o adequadamente, fazendo-o ganhar várias competições, inclusive alcançando a vaga na seletiva nacional e depois um outro "caia de paraquedas" e o conduza num evento internacional? Vc acha isso justo?
Portanto eu volto a ultima e derradeira questão:
MARQUE CERTO OU ERRADO e responda: o que é preciso realmente para se ser selecionado como um técnico de seleção brasileira?
( ) ter competencia e experiência comprovadas como técnico bem sucedido
( ) ser um especialista em teoria e escrever um livro
( ) ser amigo do rei
( ) conhecer a fundo o atleta que está competindo
( ) ser formado em Educação Física
( ) ter sido atleta de alto nível
( ) saber preparação física
( ) ser um jovem técnico de judocas contratados
( ) ser de SP ou do RJ
( ) ser pesquisador de Judo
( ) ser kodansha
( ) ser mestre ou doutor (PhD)
( ) ser árbitro internacional
Gostaria de ver algumas respostas dos amigos do Judo.
Um forte abraço a todos,
MCGAC
Comentários
Por
Ricardo A. C. Sampaio
em 5 de Julho de 2009 às 12:44.
Caro Mauro,
concordo com as suas colocações... Infelizmente, parece que o caso de ser técnico ’ex-atleta’ está presente em todos os esportes, e a justificativa até onde eu vi é para atrair mais a atenção do público com pessoas "famosas", coisa estranha e sem sentido.
Acho que a relação técnico X atleta, principalmente no judô, é uma das coisas mais bonitas no esporte. A sintonia, saber qual o momento e como se deve motivar aquele atleta, saber os pontos fortes e fracos. Quem melhor pra fazer isso senão o sensei do atleta? Aquele que o conhece desde os primeiros judogis? É muito frustrante ver um trabalho bem feito e depois deixado de lado por alguém "de nome" assumir. E isso tanto para o técnico como para o atleta.
Concluindo, e respondendo ao seu questionamento, o técnico - do atleta - deve sim acompanhá-lo como conhecedor do seu perfil e pela intimidade em gerar estratégias. E claro, se for realmente um bom técnico, ele vai carregar secundariamente outros fatores que você citou, como competência, conhecimento de preparação e assim vai...
Abraços,
Ricardo Sampaio
Para comentar, é necessário ser cadastrado no CEV fazer parte dessa comunidade.