«Há um desejo de ver o Águas Santas ser falado» - Jorge Borges
Por Hugo Costa

Mantém-se discreto, coerente e sem rodeios apesar de ter o Águas Santas na liderança do Campeonato Nacional. Na Póvoa de Lanhoso, onde há 13 anos celebrou o seu primeiro título nacional, com os juvenis, lecciona Educação Física. A BOLA dá-lhe a conhecer o técnico que gosta de passar… despercebido.

Imaginava, alguma vez, poder vir a estar em primeiro lugar na classificação, nesta altura da temporada, antes do início do campeonato?
- Comprava logo [risos]! Passou-me pela cabeça, ao ver o investimento de outras equipas. Sabia que íamos ter dificuldades, normais de um clube que não luta pelo título. Na pré-época não conseguimos medir forças com os melhores conjuntos, mas preparámo-nos e só faltava ver a resposta da equipa. Em Fafe, na primeira jornada, tive-a, ao empatarmos em casa. Na segunda jornada, com o Benfica, não tive dúvidas, estávamos preparados. Isto apesar de considerar que esse resultado foi injusto. Deveríamos ter ganho e estamos em primeiro desde a primeira jornada e com todo o mérito

- E a partir daí só obteve vitórias…
- Logo a seguir ganhámos em Braga e tudo se confirmou. Mas a nossa equipa sabe que onde quer que vá e contra que adversário, tem de estar 100 por cento concentrada e com atitude. Não há margens para relaxamento. É isso que queremos para o clube. Há um desejo de ver o Águas Santas ser falado. Vivemos disso, dos patrocinadores e dos possíveis que possam vir a querer ajudar-nos mais. É muito importante mas, para já, há que consolidar o que temos e temos noção das dificuldades que vamos encontrar.

- Só há duas épocas e meia apareceu na primeira divisão. Acha que foi tarde?
- Tudo o que fiz e o que ganhei poderia ser uma base para as pessoas olharem para mim e dizerem que poderia ser uma aposta. Só surgiu há duas épocas e meia, pelo Águas Santas, e é o sonho de qualquer treinador com ambição chegar a este nível. Passados 18 anos concretizei esse objectivo, mas com muito orgulho por ter começado nos infantis e subindo os degraus sem ultrapassar etapas. Foi uma opção que surgiu, era um objectivo. Por exemplo, há treinadores que só querem orientar infantis. Eu quero estar num grande um dia.

- Considera que mudou o clube?
- O convite do Águas Santas surgiu depois do meu grande amigo e compadre Paulo Queiroz ter saído por razões pessoais. Talvez por me conhecerem dos tempos do FC Maia, apostaram em mim e a entrada foi simples e positiva. Apenas fiz algumas mudanças de planeamento de modo a tornar as coisas mais agradáveis para os jogadores. Ficámos em 8.º lugar e foi nessa base de treino e trabalho que levámos o clube para a frente. Nitidamente que os resultados trazem as pessoas. Ninguém vai ao pavilhão para ver a sua equipa perder. Mas criou-se uma dinâmica de vitórias e tenho um grupo de atletas fantásticos no trato diário, como indivíduos e jogadores.

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