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Cimeira Ibero-Americana: Portugal é o país que mais investe em Ciência e Tecnologia - 2009-11-28

Portugal é o país da Comunidade Ibero-Americana que investe maior percentagem do PIB em Ciência e Tecnologia, tendo melhores indicadores nesta área do que os estados-membros da América Latina e estando ao nível da Espanha, em termos gerais.

A despesa total nacional em Investigação e Desenvolvimento era de 1,21 por cento do PIB em 2007, ano em que a de Espanha era de 1,27 por cento. Mas em 2008 Portugal passou para 1,51 por cento, a alguma distância dos restantes países da Comunidade Ibero-Americana.

Brasil, Argentina, Chile e México são os países da América Latina com melhores indicadores de desenvolvimento científico, embora Portugal esteja mais desenvolvido a esse nível do que todos estes estados.

José Bonfim, delegado nacional do Programa Ibero-Americano de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento (CYTED), disse à Lusa que o Brasil se destaca pelo crescimento em Ciência e Tecnologia e é o país latino-americano que mais está a crescer tanto em número de doutorados como de investigadores e de publicações científicas.

"O Brasil representa por si só cerca de 50 por cento das publicações científicas da América Latina e também cresceu muito em capacitação internacional e em número de instituições", afirmou este membro da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Em despesa por investigador, em 2007, a Espanha foi o país que mais investiu (58,2 milhares de euros), seguida do Brasil (48,7), Portugal (34,3) e Argentina (14,9), sendo que o vizinho ibérico estava também à frente no número de investigadores por população activa (9,35 por mil habitantes), tendo Portugal 9,16, Argentina 3,68 e Brasil 2,02, de acordo com dados do RICYT (Rede de Indicadores de Ciência e Tecnologia Ibero-americana e Inter-americana).
Além de apostar muito em ciência, não só em pessoas como em infra-estruturas e equipamentos, o Governo brasileiro está a alargar esse investimento a regiões menos desenvolvidas, não se limitando, como até há pouco tempo, a São Paulo e Rio de Janeiro.

Segundo José Bonfim, a dinâmica de crescimento do Brasil é a mais rápida na região. Em consequência disso, tem aumentado muito a cooperação com os Estados Unidos e com países europeus como Portugal, Espanha e França.

Portugal privilegia relações com Brasil e Argentina

A Argentina está também a crescer do ponto de vista qualitativo e mantém uma boa cooperação científica com o Brasil. Brasil e Argentina são, aliás, os países da América Latina com os quais Portugal tem mais relações científicas, através de acordos de cooperação bilateral.

Com o México, que desenvolve uma forte cooperação com os Estados Unidos, Portugal tem um acordo cultural que prevê alguma cooperação científica, mas menos intensiva, precisou José Bonfim, sendo de prever a abertura de novos acordos bilaterais. O Chile tem também uma capacidade assinalável, com muitas universidades e um bom potencial científico. José Bonfim citou ainda como "pequenos países interessantes": a Costa Rica e o Uruguai, além de Cuba.

O programa CYTED, que envolve Portugal, Espanha e 19 países latino-americanos, está centrado em projectos de investigação com potencial de aplicação no desenvolvimento. Abrange áreas como saúde, desenvolvimento sustentável, agro-alimentar, ciência e sociedade ou desenvolvimento industrial, e o papel de José Bonfim é promover a participação de Portugal nessas redes de investigadores, sobretudo no que se refere à partilha de resultados.

Portugal acolhe a partir de domingo a XIX Cimeira Ibero-americana, cujo tema é Inovação e Conhecimento.

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