Em um recente evento acadêmico o qual organizei em uma Instituição de Ensino, debatemos sobre o tema "Educação Inclusiva&Esportes Adaptados.

Tivemos como convidada, a Profa. Maria José - Técnica da Seleção Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas que nos apresentou seu trabalho frente a recuperação desses atletas no que se refere a movimentação corporal e auto-estima.

Também, obviamente, ela comentou as dificuldades de se trabalhar com modalidades esportivas paralímpicas no Brasil, por falta de apoio, investimentos e mídia.

Um dos alunos presentes questionou: Porque não existe apoio?

Respondi: Porque não se ganha dinheiro com isso.

Claro, percebi um burburinho de reprovação ao meu comentário um tanto quanto "anti-ético". Mas antes que eu fosse mal interpretado, afirmei:

- Não há filantropia. Ninguém apoia ou investe em algo que não tem divulgação. Só teremos apoio e investimentos no esporte paralímpico quando existir mídia, matérias em jornais e jogos na televisão.

Sabendo que a resposta ainda não estava completa, prossegui:

- Antes que culpemos a mídia pela falta de apoio e investimentos é interessante observarmos que não existe projetos interessantes para serem transmitidos ou divulgados. As confederações e federações não conseguem organizar campeonatos atraentes a ponto de chamarem a atenção da mídia. Em algumas modalidades esportivas olímpicas, a própria mídia é que chega a criar competições para poder preencher sua grade/programação e com isso vender seus espaços comerciais. Exemplo: Beach Soccer, Volei de Praia, Liga de Basquete.

Então, temos que gerar receitas sim através do esporte. Temos que ganhar dinheiro com nossos projetos esportivos e/ou educacionais. Mas claro, sem esquecer a essência do esporte e da educação. Do papel importantíssimo que o esporte tem na inclusão social e educacional. Saber valorizar esses aspectos e não ignora-los apenas por ganhar dinheiro. Saber usar as técnicas de Marketing para desenvolver projetos e captar patrocínios/parceiros.

Afinal, vivemos num sistema capitalista onde nós (pessoas físicas e jurídicas), o esporte e a educação dependem de dinheiro para sobrevivermos.

 

Gostaria de compartilhar esta experiência e espero comentários!!!

Att.

Prof. Ricardo Torrado

Comentários

Por Roberto Affonso Pimentel
em 14 de Maio de 2013 às 08:32.

Ricardo,

Estou agora tranquilo. Grato por sua paciência. Comentários preenchem lacunas ou despertam para um conhecimento mais aprimorado. E é interessante observar que o exercício do diálogo, não importa em que área, promove novas ideias para quem se aventura na difícil arte de ensinar não importa o que seja.

Quando tiver um tempinho, faça uma visita ao Procrie (www.procrie.com.br/novosumario/) , poderá descortinar 470 títulos já postados e nos enriquecer com seus comentários, dúvidas e acertos. Estaremos esperando-o também por lá. Abraço.

Por Roberto Affonso Pimentel
em 10 de Maio de 2013 às 08:51.

Ricardo e demais professores,

Muito obrigado pelo artigo e o convite para compartilharmos experiências no intuito de desbravarmos caminhos de plena aplicação de nossos conhecimentos. Poderá tomar conhecimento de minhas experiências em www.procrie.com.br/minivoleibol/ .

Lendo sua exposição lembrei-me da primeira aula sobre Marketing (ou Venda) em que o professor indaga dos alunos: "Por que a galinha canta quando põe ovo e a pata não"? Seu ofício leva as pessoas a se conscientizarem de que não adianta "esperar" alguém que venha em seu socorro para patrocinar algo sem visibilidade. Trata-se realmente de abrir os olhos e o pensamento de quem se propõe à tarefa. Poucos imaginam o esporte como um NEGÓCIO!

Sem nada saber sobre o assunto, aprendi alguma coisa na prática ao tentar desenvolver o Mini Voleibol no país. Frequentei inúmeras salas, desbravei nomes a buscar na tentativa de descobrir o caminho das pedras. Jamais me queixei em tentativas frustradas, talvez o maior dos ensinamentos. Quando ocorria, recolhia-me e pensava em silêncio "qual deve ser o meu próximo passo"? A constância no projeto e a pertinência em divulgá-lo duram até nossos dias.

A partir desse aprendizado sugeri a universitários recém formados que formatassem um Centro de Treinamento, alugando um ginásio e que alargassem seus horizontes para muito mais indivíduos, sem o comprometimento de formar atletas, ou mesmo prospectar talentos, como faziam os clubes. Em suma, fugir do paradigma da famosa escolinha. Mostrei-lhes que havia conseguido aglutinar até 400 crianças na praia em treinamentos regulares (2 vezes/semana) durante vários anos. Tentei passar este conceito para outros professores, inclusive em curso na palestra sobre marketing em voleibol, mas não consegui seguidores. O único foi o Bernardinho, que presenciou o Centro de Mini vôlei que desenvolvi em Copacabana. Encomendou-me material e implantou no Rexona, em Curitiba (1994?). E, finalmente, a CBV, com o Viva Vôlei, do qual fui o mentor técnico.

- Por que professores já com longo caminho percorrido não adotam a ideia?

Penso que lhes falta algo na sua Formação acadêmica, Não lhes basta  exclusivamente saber técnicas marqueteiras, de vendas. Como alunos e/ou atletas, receberam instruções prontas e poucos se esmeraram em se livrar do adestramento a que foram submetidos para uma plena realização cognitiva, i.e, não aprenderam a pensar. E aqui vejo a eterna dependência para se desenvolverem por si só.

Por outro lado, e aqui preciso muito de seus conselhos, não basta a um excelente profissional de Marketing sua competência, se pouco ou nada sabe sobre o seu produto e como pode ser explorada a sua venda. Em outras palavras, intuição, criatividade e ousadia devem estar presentes a todo instante na vida do professor e não aguardar que o dinheiro caia do céu.

- Como criar projetos (produtos) interessantes (vendáveis)?

- Seria em um curso de marketing ou na área de sua atuação, com um professor criativo e inovador?

- Ter dinheiro (patrocínio) basta para realizar um projeto?

A sugestão é que LEIAM, aprofundem-se no seu fazer, busquem compartilhar ideias e experiências com outros colegas, e assim, na troca de informações, terão mais opções de se desenvolverem pelas próprias pernas,sem depender de ninguém. No início da caminhada nada é fácil.

Bem próximo de vocês está o Procrie - www.procrie.com.br/quemfaz/ -  a lhes oferecer e convidando a se tornarem autodidatas e a pensarem "como" encontrar soluções para seus problemas imediatos. Façam uma visita e escolham um tema em Novo Sumário. É bem possível que tenham surpresas agradáveis como os mais de 141 mil visitantes, que consumiram 231 mil páginas em suas leituras.

Boas leituras, e divirtam-se!

Um testemunho. Criei e administrei cursos em várias praias para centenas de crianças, com o intuito de aprimorar a Formação de professores e estagiários que comigo militaram. Não produziu muitos frutos. Parei e pensei: “como devo proceder daqui para frente”? Surgiu-me a ideia do blogue (Procrie). Visitem e constatem após três anos o que está ocorrendo e “como” está produzindo efeito! Acrescente-se a legião de crianças que se socorrem para trabalhos escolares de Educação Física.  

Por Ricardo Antonio Torrado de Carvalho
em 10 de Maio de 2013 às 09:28.

Olá professor Roberto..

 

Muito obrigado pelo feedback.

Você foi muito sábio em lembrar que não adianta saber todas as técnicas mirabolantes de marketing se não tiver conhecimento sobre o produto/projeto e o que ele pode ser útil estratégicamente para algumas empresas.

Bom, a minha formação acadêmica passa por uma graduação na área administrativa, uma especialização na área mercadológica e agora um mestrado na área de educação. Apesar da complexidade de encaixar os diferentes pontos de vista de cada área, me sinto um privilegiado de conhecer e entender esta diversidade.

Baseado nesta experiência, eu sempre observo para os meus alunos. "Seja qual for o seu produto/projeto/evento, conheça-o. Mas conheça mesmo. Conheça o mercado em que você está, quem são seus concorrentes, as leis que os cercam, as tendências, etc. Depois, conheça os potenciais patrocinadores/investidores. O que eles precisam, o que eles querem e o que eles podem oferecer. Bom, diante disso, projete uma proposta de patrocínio/parceria."

Alguns alunos de Educação Física (principalmente Licenciatura) relutam em aceitar que o esporte e a educação "também" são produtos. Eles entendem que ambos é uma "responsabilidade social" e que não se pode comercializar para obter lucros.

Mas, creio eu, podemos oferecer um excelente produto/projeto/serviço esportivo, educacional e social, e obviamente ter um rendimento financeiro sobre isso. Não há problemas éticos e muito menos moral em honestamente o seu dinheiro com o seu trabalho.

Hoje em dia existe até Marketing religioso, o que dizer então de Marketing Educacional. Normal.

 

Abraços,

Ricardo Torrado

 

 

 

Por Roberto Affonso Pimentel
em 10 de Maio de 2013 às 16:27.

Como é bom compartilhar todo tipo de informações e experiências de vida! Muito obrigado Ricardo, por me permitir estar dialogando com você. Aliás, com VOCÊS, pois seus estudos e preparo alavancam audiência neste espaço. Espero que não se melindre com o que vou dizer, pois nada tem a ver com você, mas é a situação que todos nós encontramos no dia a dia e pela qual já passei. E dei a volta! 

Foco o que sentencia no 3º§ (...) "conheça os potenciais patrocinadores e investidores. O que precisam, o que querem e o que podem oferecer..." entendo como pequena inversão de valores. A visão do patrocinador não seria "Por que devo me engajar nesse projeto? O que têm para oferecer à empresa? Qual o retorno? Quanto tempo na mídia? Ou simples detalhe de retórica?

Uma questão delicada de se conversar é exatamente a questão acadêmica - currículo - dos envolvidos em algum processo. As relações humanas são muito delicadas e a necessidade de se manter no mercado de trabalho muitas vezes altera a condução de um projeto, inclusive, elimina-o. Já sofri este constrangimento, muito embora não me tenha abatido, pelo contrário, deu-me mais forças, pois nada como conhecer o adversário. Fui cooptado para organizar um grande projeto e no meio do caminho, surgiu um profissional do mercado de Administração, professor emérito de universidade e, certamente com invejável currículo. Muito inteligente, aproximou-se de mim - na área técnica - e até teceu um comentário sutil para um de seus auxiliares: "Preste bem atenção nele (eu) e frequente todas as suas palestras, aulas e intervenções". E concluiu: "Não se administra nada sem conhecer o produto; aprendamos então com ele". Ocorre que algum tempo depois, talvez já entendido no assunto, dispensou-me abruptamente e conduz até hoje o projeto. Só lamento que os indivíduos atendidos pelo projeto sofram as consequências, isto é, não têm aquilo que primitivamente estava planejado: Educação do Movimento. Todavia, é propalado aos quatro ventos os benefícios que o projeto propicia a milhares de crianças... E há quem acredite, pois uma mentira repetida muitas vezes torna-se verdade. Pelo menos é o que dizem os marqueteiros políticos.

Peço desculpas em minha manifestação, mas devido a interesses ou idiossincrasias, deixou-se de realizar muito mais do que estão fingindo oferecer. Imagino que AQUELE profissional colocou-se acima da instituição a que pertence.

Abraço afetuoso a todos.

Aproveitando que falamos em LER, MARKETING, EXPERIÊNCIA, contamos HISTÓRIAS, vejam a recente postagem no blogue Procrie:

www.procrie.com.br/obraenciclopedicaememorialista/

Por Ricardo Antonio Torrado de Carvalho
em 13 de Maio de 2013 às 12:29.

Ok professor Laércio..

 

Realmente, administrar é uma arte complexa...pois lidamos com processos, pessoas e interesses.

Mas existe algo que nos conforta nesta complexidade toda: nossos valores.

Certamente, apesar de ter sido dispensado de um projeto, acredita que quem perdeu foi o próprio projeto....pois seu conhecimento e experiência não se encontra e nem se compra fácilmente.

Quanto ao Marketing, um grande professor meu disse o seguinte: Market / ing = Mercadando = Mercadologia = Estudo do Mercado. Portanto, vamos estudar o mercado (produto, comércio, comunicação) para saber sobre marketing. Se quisermos saber sobre marketing esportivo, vamos estudar o mercado esportivo. Marketing Educacional, estudar o mercado educacional. E assim com as outras áreas.

E antes de qualquer conceito de 5 linhas sobre Marketing, do reconhecido autor Kotler, uso as explicações acima para definir o que é marketing e com isso entender um pouco dessa atividade.

 

 

Abraços;;;

 

 

Por Roberto Affonso Pimentel
em 13 de Maio de 2013 às 16:26.

Caro Ricardo,

Imagino que queria se referir a mim e não ao Laércio, sim?

O projeto não perdeu, pelo contrário, ganhou um ativista mais ferrenho em executá-lo. Perderam sim, as crianças e mais uma geração. Um especialista renomado, com cursos superiores e vasto currículo, decidiu assim. Decidi que deveria controlar minhas emoções depois que despejei sobre ele tudo que tinha a dizer-lhe.

As emoções podem fazer parte da vida. Mas podem estar no lugar certo ou errado.

Fomos convidados a compartilhar ideias! Permaneçamos nelas. Falar sobre valores morais e éticos parece ser muito delicado, pois temos experiências danosas. É certo que todos nós temos nossos valores e competências, mas também é possivel que estejam sendo mal aplicados por determinados indivíduos por várias razões. Então, o papel do exemplo que imprimi era o de facilitar a compreensão, é dar concretude. Não demonstra rigorosamente nada. Citei o meu caso para instrução de outros professores (caso da Profª. Maria José) que venham a trilhar qualquer caminho em que se envolvam tais relacionamentos.

Se me expressei de forma a causar-lhe algum incômodo, peço uma vez mais que me perdoe. Atendendo seu convite, quero continuar a compartilhar e discutir seus conhecimentos sobre o estudo do mercado e suas variáveis. Todavia, com muita sinceridade e espírito crítico.

 

   

Por Ricardo Antonio Torrado de Carvalho
em 13 de Maio de 2013 às 16:44.

Olá professor Roberto...

sim, eu confundi. Pois li seu comentário via email e o mesmo chega em nome do Prof. Laércio. Me desculpa.

Você não meu causou nenhum incomodo, pelo contrário. Sempre que tenho um tempo recorro ao CEV para ler seus comentários. Espero que os meus comentários não os decepcione de alguma forma. Jamais será a minha intenção.

Vamos continuar compartilhando idéias, experiência e conhecimentos, pois pelo que entendi, o CEV é uma oportunidade para isso.

 

Grande abraço.

 


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