Cevnautas do MKT, o cevnauta Gustavo Pires http://cev.org.br/qq/gpires/ publicou essa provocação n'O Primeiro de Janeiro. Vamos comentar? Laercio
28-2-2013,
Mais rápido, mais alto, mais dinheiro…
Gustavo Pires
O “Institute of Practitioners in Advertising” (IPA), entidade que representa mais de 250 agências de publicidade e marketing no Reino Unido, resolveu tirar algumas conclusões acerca do que, sobre a matéria, aconteceu relativamente aos Jogos Olímpicos (JO) de Londres e, com pompa e circunstância, apresentou-as numa conferência realizada em São Paulo à qual assistiram os líderes das principais agências de marketing e publicidade do Brasil.
Para além de um conjunto de banalidades, certamente pagas a peso de ouro, do tipo: “diferencie a sua marca”, “comece cedo”, “seja inclusivo”, “faça a coisa de dentro para fora” (?), ou “crie o seu próprio universo”, a recomendação dos crânios do marketing e publicidade à qual se deve prestar a melhor atenção é a seguinte: “coloque a audiência em primeiro lugar, não os atletas”
Por este tipo de proclamação podemos perceber o género de gente que hoje está a chegar ao desporto e, sobretudo, ao Movimento Olímpico. Quando o Comité Olímpico Internacional (COI) proclama aos quatro ventos que “o Olimpismo é uma filosofia de vida que coloca o desporto ao serviço da humanidade”, os espertos do marketing dizem-nos que, afinal, os atletas não estão em primeiro lugar. Ora, quando os atletas não estão em primeiro lugar, passando as audiências que pagam os espetáculos a ocupar essa posição, temos de concluir que se está perante a romanização dos JO em que o desporto, se assim se pode continuar a chamar, é tão só um meio para divertir e alienar as multidões e os atletas um instrumento ao serviço de interesses económicos muitas vezes pouco recomendáveis.
Por isso, a fim de contrariar esta tendência, as organizações do desporto devem ser lideradas por pessoas que sejam capazes de defender os atletas para além do dinheiro, das mordomias, dos complementos de reforma e
das vaidades idiotas das galas que, na grande maioria das vezes, são um atentado contra o prestígio do desporto e a dignidade dos próprios atletas.
O marketing do desporto é um meio de extraordinário valor que deve ser colocado ao serviço do desporto e dos atletas a fim de promover o desenvolvendo humano. Em nenhumas circunstâncias se pode aceitar que o desporto e os seus atletas sejam considerados meios ao serviço das estratégias de marketing das agências de comunicação.
Assim sendo, aqueles que acreditam nas virtualidades do desporto enquanto instrumento de desenvolvimento humano têm a obrigação de dizer “não vou por aí”. Porque, a última coisa que pode acontecer ao Movimento Olímpico é ser liderado por alguém que, pelas mais diversas razões, não garante a supremacia do atleta sobre todos os interesses legítimos e ilegítimos que orbitam à volta do desporto.
FONTE: http://www.oprimeirodejaneiro.pt/opj/
Comentários
Por
Belynha Silva
em 7 de Maio de 2013 às 20:31.
Saber é preciso!
O que é visto, lido e ouvido, atravéz da mídia?
Por
Ednei Torresini
em 7 de Maio de 2013 às 20:09.
O que importa para a alta cúpula é somente o dinheiro. Atletas? Quem sao? De onde surgem? Não querem nem saber. Temos um exmeplo aqui no Brasil, o atleta Arthur Zanetti, campeão Olimpico nas argolas lançou a ideia de mudar de cidadania para ter condições de treinamento mais adequado e melhorando assim seu rendimento. Conseguiu um apoio e resolveu ainda ser brasileiro. Para alegria geral da nação, não perdemos um campeão ímpico.
Realmente a mídia tem um papel primordial na divulgação de eventos e marcas esportivas, mas, deveriam ter pessoas capacitadas e orientadas a divulgar mais o Espírito Olímpico.
Por
Roberto Affonso Pimentel
em 8 de Maio de 2013 às 10:53.
Professores,
Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
A professora Kátia Rúbia realiza pesquisas sobre atletas olímpicos brasileiros há algum tempo. Desconheço suas conclusões, pois ainda não terminou sua tarefa. Mas seria uma excelente mediadora, pois tem depoimentos de um dos lados desse inesgotável balcão de ideias e sugestões. Por meu turno, sei de medalhista olímpico de voleibol em 1992 que passou a cobrar para circular com sua medalha em eventos, inclusive com crianças e nunca se queixou de faturar com patrocínios espetaculares.
No caso do voleibol, e não creio que em outros desportos seja diferente, até porque foi quem alavancou a passagem do esporte romântico para o profissionalismo, nenhum atleta de ponta estaria competindo no Brasil caso não houvesse o fator propulsor da atividade: DINHEIRO. Em tais circunstâncias, alguém tem que treinar e realizar espetáculos que atraiam público e mídia, e outros, a administrar o NEGÓCIO. Em momentos de crise financeira, os reflexos são imediatos na produção de atletas de alto nível - passamos por isto no voleibol no final do século passado - originando as exportações de indivíduos para outros países. Atualmente, com a Globo administrando a Super Liga em conjunto com a CBV, aplaudimos todos o sucesso do evento. Assim, atletas, dirigentes, empresários, público, TODOS estão felizes.
Ao que se comenta deveriam propor então que se proíbam atletas profissionais em competições do COI. Um ligeiro retrocesso histórico. Como diria Lavoisier ao derrubar uma das teorias científicas mais famosas de sua época - a do flogisto - "... tudo se transforma".
A meu ver, temos que aprender a administrar com ética e escrúpulos o que aí está. Como é voz popular, só chia quem está de fora das bocas.
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