Pessoal,

 

Segue informação do Professor Coriolano Pereira da Rocha Júnior, sobre a história do boxe em Mato Grosso.

Atenciosamente,

 

Evando

 

Em 2012, reportagem da TV Morena, filiada da Rede Globo no Mato Grosso do Sul, destacou os bons resultados obtidos pela equipe de boxe de Ponta Porã. Na época, a equipe havia obtido 5 medalhas de ouro, 6 de prata e de 1 bronze no circuito sul-mato-grossense de boxe. Além disso, faturou ainda o prêmio de melhor técnico e de atleta revelação. Júlio “Field”, um dos destaques da equipe, com mais de 60 lutas no cartel, já havia se sagrado vice-campeão brasileiro e campeão do centro-oeste.

 http://globotv.globo.com/tv-morena/globo-esporte-ms/v/boxe-conheca-a-equipe-de-ponta-pora/2101995/

São antigos o entusiasmo e o envolvimento dos mato-grossenses pela arte do pugilato. Desde meados da década de 1920, há registros da crescente popularidade da modalidade em toda a região. Nessa época, o Circo Quevaz promovia lutas de boxe em Corumbá, despertando grande entusiasmo entre o povo, segundo diziam os jornais. O boxe já era mesmo comparado ao futebol em popularidade.

Em Campo Grande, com efeitos similares, o Trianon-Cine exibia com interesse e destaque o filme “Pulso de ferro”, que apresentava luta entre o galã Richard Dix e o ex-campeão mundial Jack Renault. De acordo com propagandas que lhes anunciavam, tratar-se-ia de “um filme agradável, romântico e de emoções intensas”, “uma formidável luta de boxe” ou mesmo “a maior luta de boxe até hoje filmada”.

Richard Dix

O galã Richard Dix no cartaz promocional do filme “Punhos de Ferro”. Fonte: http://www.richarddix.org/knockout.htm

 

Nesse contexto, Ponta-Porã se destacava já como importante centro de desenvolvimento do esporte na região. Localizada no extremo sudoeste do atual Mato Grosso do Sul, o boxe na cidade beneficiou-se da sua proximidade com o Paraguai, onde havia já uma tradição de pugilato. Sintomaticamente, revanches de lutas realizadas anteriormente em Assunção ou Conceição do Paraguai começariam a se organizar nessa época em Ponta Porã.

Em princípios de 1927, lutas no Cinema e Circo Palma atraiam grande assistência, logo tomada e apresentada pela imprensa local como “prova do interesse que vai o público tomando pelo delicado desporto”. Apesar da fina ironia em classificar o boxe como desporto “delicado”, os jornais não deixariam nunca de ceder espaço a promoção desses eventos, tentando se aproveitar comercialmente da ocasião. Além de alimentar expectativas ao redor das lutas, os jornais serviam também como intermediários para o lançamento de desafios ou eventuais trocas de ofensas entre lutadores ou seus treinadores e empresários. A luta entre os paraguaios Isidro Flores e Ignacio Flores, por exemplo, iniciou-se com a publicação de cartas de provocação nas páginas do jornal O Progresso. Numa delas, em español, o empresário de Ignacio Flores dizia: “en contestacion al desafio hecho por el aficionado señor Isidro Flores, y en representación de mi pupilo, [ello] acepta las proposiciones de dicho match”.

Ignacio Flores, o campeão peso leve paraguaio, em destaque na imprensa de Ponta Porã. Fonte: O Progresso, Ponta Porã. 18 set. 1927, n.291, p.3

Ignacio Flores, o campeão peso leve paraguaio, em destaque na imprensa de Ponta Porã. Fonte: O Progresso, Ponta Porã. 18 set. 1927, n.291, p.3

O mercado de organização de lutas de boxe na cidade parece ter se intensificado nessa época. Figuras como Mathias Canela, antes protagonista de lutas de boxe, passariam a atuar como empresários, agenciando a participação de lutadores estrangeiros, especialmente paraguaios, em turnês de boxe em Ponta Porã e outras cidades do Mato Grosso ou mesmo de outros Estados. Aqui também a imprensa era peça-chave do processo, apresentando lutadores, destacando suas qualidades, glorificando seus feitos e legitimando suas credibilidades esportivas enfim.

 

Fonte: https://historiadoesporte.wordpress.com/

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