Cevnautas da Mídia, colo abaixo um relato anunciado pelo Prof Coriolano, administrador da Comundade Hístória. Alguém daqui foi e poderia enriquecer o relato? Vamos publicar os trabalho do GT na biblioteca do CEV? Laercio

Breve balanço do Intercom 2012

08/10/2012


Por Rafael Fortes

Entre 3 e 7 de setembro, ocorreu o XXXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom 2012, promovido pela Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação).

Realizado no campus da Unifor, o evento, que é o maior da área no país, teve como tema o esporte. A escolha gerou divergências, tendo sido rejeitada por boa parte dos que se manifestaram em uma votação promovida no sítio da Intercom. Não obstante, a diretoria da entidade bancou a escolha e a defendeu publicamente.

Tema principal

Além de dar visibilidade ao tema, a escolha significou um dia inteiro de palestras dedicadas a ele – o Cecom (Ciclo de Estudos Interdisciplinares da Comunicação).

Para a abertura do congresso, foi convidado Roberto DaMatta, eminente antropólogo, professor da PUC-Rio e “articulista do Instituto Millenium“. A julgar pelos risos da plateia (eu mesmo ri em alguns momentos), a conferência foi divertida e agradou. Porém, a meu ver, faltou profundidade. Pesquisadores como ele, José Sérgio Leite Lopes (UFRJ) e Simoni Lahud Guedes (UFF) foram fundamentais para que o esporte fosse aceito como objeto de estudo nas ciências humanas. Contudo, me parece que há algum tempo DaMatta não pesquisa o tema – daí, talvez, o caráter generalista de muitas afirmações.

Seguiram-se duas mesas com três expositores cada (o áudio de algumas falas está disponível aqui). A primeira teve dois convidados estrangeiros: o espanhol Miguel de Moragas (UAB) e o argentino Pablo Alabarces (UBA). O primeiro, que atua no Centro de Estudos Olímpicos, abordou os jogos olímpicos. Alabarces analisou, de forma bastante interessante, a relação entre política e futebol, a partir dos anúncios que promovem a transmissão do campeonato argentino de futebol pelo canal estatal daquele país. Ronaldo Helal (UERJ) fechou a mesa apresentando um panorama dos estudos sobre futebol nas ciências sociais e na Comunicação.

A segunda mesa contou com Edison Gastaldo (UFRRJ), que debateu o esporte na obra Homo Ludens, de Huizinga. O cronista José Roberto Torero fez a fala mais sintética: sete minutos, cronometrados e anunciados pelo próprio, que aparentou alívio ao concluir sua exposição. Victor Andrade de Melo (UFRJ), que também escreve neste blogue, discutiu as relações entre imprensa e esporte no Rio de Janeiro oitocentista.

A conferência de encerramento, interessantíssima, foi do filósofo Hans Ulrich Gumbrecht (Universidade de Stanford). E olha que não sou muito dado à Filosofia.

Outras atividades

O esporte esteve presente em outras instâncias do congresso, como minicursos e  apresentações de trabalho nos grupos de pesquisa (GPs) e no Intercom Júnior (espaço para os alunos de iniciação científica e graduandos em geral).

No GP Comunicação e Esporte, creio que foi a primeira vez que o número de trabalhos superou os 30. Por um lado, a quantidade não é sinônimo de qualidade: ainda há um número significativo de comunicações que não são propriamente acadêmicas, sendo baseadas mais em senso comum e impressões e opiniões do autor do que em pesquisa sistematizada. (Cabe ressaltar que esta característica não é privilégio dos trabalhos sobre esporte, sendo observada na Comunicação em geral – talvez esteja um pouco mais presente nos estudos sobre esporte.)

Por outro lado, há que se saudar o crescimento do interesse pela investigação sobre o esporte. Houve alguns trabalhos muito bons, especialmente de mestrandos e doutorandos. Se prosseguirem com o tema e a participação no GP, estes jovens proporcionarão uma renovação muito interessante nos próximos anos. Como vem ocorrendo em outras disciplinas – caso da História -, o salto quantitativo pode resultar em melhora qualitativa.

Passando os olhos no programa do congresso, notei que houve também muitos trabalhos sobre esporte em outros GPs. Bom sinal.

Na medida em que o tema principal muda a cada ano, é razoável esperar que alguns pesquisadores que escreveram sobre esporte desta vez não o façam em 2013. Mesmo assim, os avanços foram muitos e o cenário é promissor (ponto de vista compartilhado por Álvaro do Cabo, que frequenta o congresso e o GP há alguns anos). Resta esperar e torcer para que eles se consolidem em 2013. Em Manaus, veremos.

Comentários

Por Tatiana Zuardi Ushinohama
em 9 de Outubro de 2012 às 13:35.

Eu participei do INTERCOM em vários dias. Estive nas palestras do CECOM e no GP de Comunicação e Esporte.

A palestra do professor Roberto DaMatta foi excelente, mas é uma pena que ele não tenha continuado estudando a relação entre esporte e sociedade até os dias atuais. A palestra dele girou em torno das pesquisas realizadas na década de 1970 a 1980 e nos livros que escreveu nesta época. Houve uma colocação indevida da parte dele durante a palestra, no momento em que comparou as ginastas artísticas com micos adestrados.

Na palestra seguinte um pesquisador argentino falou a respeito da interferência política da presidenta Cristina Kirchner nas transmissões televisivas do campeonato argentino de futebol, criticou o monopólio dos estados nas transmissões dos jogos e das imagens. No entanto fazendo um paralelo com o Brasil, é melhor ter um monopólio deste em que todos os jogos do campeonato são transmitidos para o país inteiro do que um monopólio velado em que apenas os jogos de grandes times são transmitidos para o Brasil inteiro e a população dos outros estados tem que pagar para assistir seu time jogar.

No Grupo de Pesquisas de comunicação e esporte, foram muitos os trabalhos q eram apenas panoramas de alguns aspectos da relação sociedade e comunicação. Poucos foram aqueles que apresentaram uma pesquisa completa para discussão do grupo. Chegou-se ao absurdo serem apresentados projetos de pesquisas e propostas de pesquisas. Algo incoerente quando se busca a consolidação de um grupo e respeito acadêmico sobre o tema.

Meu trabalho no grupo discutia a proposta de interatividade na TV digital criada pelas emissoras brasileiras de televisão, apresentava como ela foi oferecida a população no ano de 2010; e discutia a sua usabilidade e relação com o conteúdo.

http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2012/resumos/R7-0449-1.pdf

Outro fato da minha presença no evento foi porque eu defenderia um trabalho apresentado no ano anterior sobre a resignificação da transmissão esportiva na Copa de 2010. Ele estava concorrendo ao prêmio Ligia Averbuck.

http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2011/resumos/R6-0455-1.pdf

 


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