Pessoal, o "Tubo de Ensaio" da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG publicou entrevista com o cevnauta Emerson Silami Garcia, Conselheiro Federal de EF e Diretor da Escola de Educação Física, Fisio e TO. Meu chefe, pois ;-) Laercio

Um breve perfil do professor com muita bagagem, muita simplicidade, e uma quantidade infinita de histórias para contar
O educador da Educação Física

Ramon Guerra

Emerson Silami Garcia nasceu em Luz, estado de Minas Gerais, no ano de 1951. O mês não importa. Seria até deselegante precisar a idade. O que interessa é que o menino morou por apenas alguns dias em sua terra natal e logo se mudou para Santo Antônio do Monte, no mesmo estado, onde viveu até completar 15 anos. A partir daí, começa sua trajetória profissional. Não que ele tenha começado a trabalhar com essa idade. Mas foi aí que começou a nascer o interesse pela Educação Física, algo que ia acompanhar o então jovem atleta por toda a vida. Mesmo sem ele saber na época.

Filho de um advogado e uma socióloga, Emerson competia pelo Colégio Estadual Central, onde estudava desde que se mudou para Belo Horizonte. Os treinamentos da equipe aconteciam nas dependências da Escola de Educação Física da UFMG, na Gameleira, e foi aí que os caminhos dele com o curso começaram a se cruzar.

Andando Direito com as próprias pernas?

Incentivado pelo pai, ele acabou indo cursar Direito em seu primeiro vestibular. Passou em 15º lugar. Mas ao longo do ano, seus treinadores e colegas o convenciam de que também deveria fazer a prova para o curso de Educação Física. Fez, passou em 30º, e começou a conciliar os dois cursos. Educação Física de manhã, e Direito à noite. Tudo isso sem abandonar a rotina de treinamentos, mas, agora, como assistente de seus antigos técnicos.

A partir daqui, vamos deixar o curso de Direito de lado. Não que seja menos importante. Foi cursado até o quinto ano, mas não chegou a ser concluído, e já apareceu o tanto que deveria aparecer.

O caminho de um mestre


Ao se formar no curso de Educação Física, Emerson Silami se tornou um dos primeiros brasileiros a fazer um curso de especialização no exterior, voltado para a área. Ele estudou na Alemanha, sobre treinamento esportivo, e logo que voltou para o Brasil, foi convidado a ser professor temporário da UFMG (Lembrando que o regime de contratação na época era diferente do que acontece hoje.). Cargo que foi evoluindo. De professor temporário, passou a efetivo. E agora, mais do que um professor efetivo, é o diretor da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG (EEFFTO), além de ser o professor com mais tempo de universidade, ainda em atividade na escola. São mais de 35 anos lecionando.

Neste meio tempo, o professor concluiu um mestrado em Educação Física, pela Universidade do Colorado (1979), e também doutorado em Fisiologia, pela Universidade do Estado da Flórida (1986).

Foot-bol

O trabalho com a educação física permitiu ao professor Emerson viajar o mundo. Como ele mesmo diz, só este ano já cruzou o oceano pelo menos seis vezes, contando idas e voltas. Duas vezes para participar de congressos e seminários na África, e uma na Europa. Fora as oportunidades que não puderam ser atendidas, graças à agenda apertadíssima. Ao longo da carreira, foram incontáveis experiências no exterior. Mas duas marcaram: O trabalho no Japão, e os meses que passou no Real Madrid, compondo a comissão técnica do treinador Vanderley Luxemburgo.

A parceria da EEFFTO com o Cruzeiro também rende frutos. Além do próprio professor, que trabalhou lá, e agora é um dos orientadores dos estagiários de Educação Física que lá estão. Muitos dos funcionários do clube são ex-alunos da UFMG. Reflexo do sucesso que os programas de extensão vêm alcançando, e também do reconhecimento que a Escola possui nacionalmente e internacionalmente.

Projetos Futuros

Quando o assunto é o cargo de diretor da EEFFTO, o professor Silami é muito sincero. “Apesar de ter passado muitos anos aqui dentro, sentia como se tivesse uma dívida de gratidão. Algo a fazer. Resolvi me candidatar, e hoje estou aqui, aprendendo.”. Muitas mudanças parecem começar a ocorrer na escola. Mudanças estruturais mesmo. Das coisas mais simples, como pequenas reformas, às mais grandiosas, como o projeto de construção de um Centro de Treinamento que, com apoio da Universidade e do governo do estado, abrigará os treinamentos das seleções estaduais de base. Um professor da Universidade será o responsável por gerir o centro, e também terá um corpo conselheiro de professores da própria Escola, além de se tornar mais um espaço para aprendizado e vivência prática dos alunos. “É um projeto muito grande, que talvez não fique pronto nem no meu mandato. Na verdade, de tudo o que precisa ser feito, não conseguiremos realizar todas as coisas. Mas as mais importantes, alguém tem que iniciar para que os alunos que vão chegar possam usufruir.”

A experiência da realização, ou a realização na experiência?

Ao ser questionado se tem alguma atitude da qual ele se arrepende, o professor é direto. “Com a experiência que tenho claro que não repetiria algumas coisas que fiz. Mas se não tivesse feito essas coisas, provavelmente não seria tão experiente.”. A questão é que Emerson Silami Garcia se sente realizado na profissão que escolheu, ou que a vida escolheu para ele. Ao final, para descontrair, ele ainda diz que nunca teve vocação para ser rico, “teria dado errado como comerciante, por exemplo”. Um mineiro que pode até não ter vocação para ser rico, mas nasceu com a vocação para ser referência.

http://www.fafich.ufmg.br/tubo/producao/agencia/universidade/o-educador-da-educacao-fisica

Comentários

Nenhum comentário realizado até o momento

Para comentar, é necessário ser cadastrado no CEV fazer parte dessa comunidade.