Olá pessoal, tudo bem?
Sou doutorando na FEF Unicamp e recém criei um blog na plataforma Blogs Científicos da Unicamp que tem por objetivo divulgar e discutir a temática da moralidade no esporte.
Caso os colegas se interessem, segue o link: http://www.blogs.ea2.unicamp.br/valoresdoesporte/2016/05/13/paga-10-castigos-prendas-punicoes-no-ensino-do-esporte/
Atenciosamente
Leopoldo Hirama
Comentários
Por
Roberto Affonso Pimentel
em 24 de Maio de 2016 às 09:29.
Leopoldo,
Um pouco de ètica e filosofia podem contribuir em muito para sua obra... Se ajudar sentir-me-ei satisfeito.
Em ética, busque MAUEL SÉRGIO. E, se não conhece, veja a seguir o que nos conta Freinet ao se descascar batatas.
Pedagogia do Bom Senso
- Célestin Freinet, Martins Fontes
http://www.filoczar.com.br/Educacao/FREINET,%20C.%20Pedagogia%20do%20bom%20senso.pdf
Um nada que é tudo
Descascar batatas é, no regimento, o protótipo e o símbolo do trabalho do soldado.
Eles são uma dúzia, agrupados em torno do saco entreaberto no chão da cozinha, como combatentes desiludidos vigiando o inimigo derrotado. Começam ao sinal, quando todo o mundo está pronto. E, segundo a técnica do trabalho de soldado, batata nas mãos, vigiam o sargento. Quando ele olha, surge uma fatia de cascas. Depois descansam, até o olhar seguinte.
Fala-se de rendimento no trabalho. Aqui é como um contra-rendimento. Quem produz demais, e depressa demais, compromete a sorte do grupo condenado a uma nova corveia(1). É a lei do meio, de um meio que não é feito para o trabalho. Mas o jovem militar que, durante toda uma manhã, descascou assim uma porção de batatas, ao ritmo dos soldados, à tarde, em casa, ouve a mulher dizer gentilmente: "Tenho que fazer a sopa..."— Deixe... batatas é comigo. Nem espera o sinal. E as batatas dançam e giram nas mãos diligentes, e a ponta da faca extrai delicadamente os olhos negros. E em que ritmo! Já não é trabalho de soldado. É simplesmente trabalho, uma atividade a que nos dedicamos com entusiasmo, por ser a condição da nossa vida, e à qual, como a toda obra de vida, damo-nos completamente.
Foi preciso muito pouco para transformar em trabalho eficiente a estéril corveia do soldado: um sorriso amável, uma palavra insinuante, um pouco de calor no coração, uma perspectiva humana, e a liberdade, ou antes, o direito, que o indivíduo tem de escolher ele mesmo o caminho por onde seguirá, sem trela, nem corrente, nem barreira. Foi preciso tão pouco, mas esse pouco é tudo.
Se você conseguir transformar assim o clima da sua aula, se você deixar desabrochar a atividade livre, se souber dar um pouco de calor no coração, como um raio de sol que desperta a confiança e a esperança, você ultrapassará a corveia de soldado e o seu trabalho renderá cem por cento.
Esse raio de sol é todo o segredo da escola moderna!
(1) Trabalho compulsório que um servo deveria realizar nos campos do senhor feudal. Um tributo especial, na forma de corveia - ou seja, de trabalho obrigatório.
Por
Leopoldo Katsuki Hirama
em 24 de Maio de 2016 às 11:51.
Caro prof. Roberto obrigado pelas indicações. Ótima passagem que destacou!
Tenho lido e aproveitado nos estudos, que ainda não publicarei no blog sem antes defender minha tese, as obras de Bauman.
Grande abraço!
Lepoldo
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