No período de 20 a 25 de Maio p.p. estive em Rapallo/Itália para participar, especialmente nas reuniões da Comissão de Cultura e Pesquisa do Panathlon International (PI) qual faço parte.

Nesse período o PI congregou em um só lugar e tempo vários eventos sob a denominação de “Festival de Esportes de Rapallo”: Congresso local de Rapallo, o 19º Congresso Internacional, a Praça de Esportes, a entrega da premiação Flambeau d’Or, a 46ª Assembléias Gerais Extraordinária e Ordinária, a Cerimônia de Premiação de Comunicação e tantos outros eventos de grande porte e envolvimento comunitário, tais como a Panathiardi Rapallo envolvendo a competição de escolares e a Panasporthiardi, com iniciação esportiva de vários esportes, além do concurso fotográfico do esporte.

Comissão de Cultura e Pesquisa do PI (CCP)

Em março do ano passado realizamos a primeira reunião da CCP na Bélgica com os novos membros (dos seis anteriores permaneceram dois, sendo eu um deles), nova presidência desse órgão específico (Vic De Donder) e a presença do novo Presidente de PI Giacomo Santini. Pela primeira vez, o CCP contava com duas mulheres, uma do Canadá e outra da Inglaterra, com vasta experiência no campo da ética esportiva para crianças e adolescentes que, por não serem panathletas, foram convidadas como “consultoras” junto ao grupo.

Os membros da CCP atualmente são:

Victor De Donder (Bélgica) – Presidente – Piermarco Zen-Ruffinen (Suíça), Eugênio Guglielmino (Itália), Yves Vanden Auweele (Bélgica) Elaine Cook (Canadá), Anne Tiivas (Inglaterra) e eu, além de termos em Antonio Spallino, reconhecidamente, o Presidente Honorário da CCP.

          Já naquela reunião alinhamos novos conteúdos e reconhecemos novas formas de trabalho. Para mim tinha ficou claro que teríamos um novo Presidente de PI muito identificado com a mídia, o que daria uma renovada imagem pública ao movimento como um todo, através do uso intensivo dos meios de comunicação. O novo site do PI é um exemplo, assim como a formatação desse evento em Rapallo. Quanto ao conteúdo, focamos mais na preparação do Congresso Internacional do PI deste ano e na celebração dos dez anos da Declaração da Ética para o Esporte Juvenil do PI. Já naquela ocasião o tema do congresso deste ano foi proposto e aceito: “A Chama Olímpica continua queimando?”

Durante a reunião da CCP tivemos a seguinte pauta de trabalho:

1.    Redação das conclusões do Congresso Internacional (documento anexo);

2.    Possibilidades de formação de grupos de trabalho dentro da CCP;

3.    Cooperação com o Centro Internacional de Ética no esporte sediado na Bélgica;

4.    Celebração do décimo aniversário da “Declaração”, que será realizada nos dias 04 e 05 de Outubro próximo em Louvain/Bélgica;

5.    Apresentação da proposta de livro em andamento do Prof. Yves da CCP com o título preliminar “O futuro desejado do esporte” (cujo tema, em princípio, deverá ser a proposto como do próximo Congresso Internacional do PI em 2016);

6.    Reunião da CCP em 2015;

7.    LHBT (Lesbian, Gay, Bisexual, Transgender) no futebol (proposta do Yves);

8.    Esporte Centrado no Atleta e suas implicações para o PI e para o Comitê Olímpico Internacional (proposta de Elaine)

9.    Estratégias para implementação da “Declaração” (proposta minha).

19º Congresso Internacional do PI

Além da abertura feita pelo Presidente de PI Giacomo Santini, fez uso da palavra Vic De Donder, Presidente da CCP/PI, que também coordenou as apresentações dos demais convidados para o evento, que contou com palestras de:

1.    Norbert Muller, Presidente do Comitê Internacional Pierre de Coubertin;

2.    Bruno Grandi, Presidente da Confederação Internacional de Ginástica;

3.    Joseph Maguire, Professor de Sociologia da Universidade de Loughborough/Reino Unido;

4.    Franco Ascani, Presidente da Federação Internacional de Cinema e Televisão esportiva;

5.    Elaine Cook, Doutorando em Administração de Esportes pela Universidade de Brock/Canadá e consultora-membro do CCP/PI;

6.    Susan Bissel, Diretora da UNICEF, responsável pelo setor da Proteção Global das Crianças.

Prêmio de Comunicação do PI

Recebeu o destaque merecido a Revista PANATHLON – Distrito Brasil, editada em português (papel) e em inglês, espanhol e italiano (eletrônica) durante a premiação anual do PI no campo da comunicação. Para quem eu tive a oportunidade de entregar um exemplar, o mesmo era recebido com grande entusiasmo, cuja iniciativa deveria ser copiada pelos demais distritos. Cabe aqui registrar o esforço extraordinário de nosso presidente de distrito, Prof. William Saad Abdulnur para que tal ação se tornasse realidade.

Conclusões Preliminares

No geral, o evento como um todo deu a visibilidade necessária ao PI através das múltiplas ações em uma só semana. Foram dezenas de patrocinadores e colaboradores, além de extensa cobertura pela mídia.

Para finalizar, com relação ao congresso e a própria CCP, a maioria das palestras foi de alto nível, com informações essenciais sobre o estado do esporte na atual conjuntura, com repercussões para a atuação do PI em geral e nos Panathlon Clubes em particular. Para tanto, gostaria de destacar:

1.    Fiquei até mesmo pessoalmente constrangido pelas inúmeras vezes em companheiros panathletas de outros países perguntaram o que estava de fato ocorrendo no Brasil em relação aos protestos contra a realização da Copa da FIFA. De maneira educada todos me questionavam se sediar esse mega-evento (e os Jogos Olímpicos de 2016) era o melhor caminho para o desenvolvimento do país;

2.    Percebi que há na atualidade um descompasso no campo do esporte entre o discurso do PI pautado pela ética e a sua práxis, especialmente em relação ao COI, pautado pela sua exacerbada comercialização. A “espetacularização” do esporte está tomando o lugar dos componentes educativos e culturais de suas práticas;

3.    Há uma distância “olímpica” entre o que é discutido num evento como esse e o que a maioria dos Panathlon Clubes realiza, não só no Brasil como em todo mundo;

4.    O PI continua perseguindo seu verdadeiro “DNA”, visando melhor esclarecer a “razão de sua existência” (sua verdadeira MISSÃO, em termos de Planejamento Estratégico);

5.    Se no ambiente da obrigação – notadamente o TRABALHO – o valor do significado daquilo que se faz é essencial para o sucesso de qualquer empreendimento, no campo das “não obrigações” – caso típico do VOLUNTARIADO – ele é vital! Se não houver SIGNIFICADO para as ações dentro do Panathlon, dificilmente haverá ADESÃO de novos membros, que dirá ADERÊNCIA;

6.    Observa-se um processo de esgarçamento do tecido social na atual sociedade, resultando em uma crescente falta de comprometimento para as causas coletivas em relação aos interesses individuais. Com isso, a vida dos clubes de serviços, de qualquer natureza, vem enfrentando desafios não somente de crescimento, mas de sua própria sobrevivência. É o caso típico do Rotary e do Panathlon (organizações nas quais participo);

7.    O relatório da 46ª Assembléia Geral aprovado em Rapallo aponta para uma redução crescente no número de clubes, panathletas e arrecadação, caso típico do que está ocorrendo com o movimento brasileiro, apesar do esforço extraordinário de tantos companheiros;

8.    Há uma crescente urgência de “rejuvenescimento” nessas organizações para que elas sobrevivam. Embora a idéia do Panathlon Clube Junior seja uma realidade no âmbito internacional, ao completar quase 10 anos de existência, esse tema não parece ser prioritário dentro da organização;

9.    É rara a presença das mulheres panathletas em eventos dessa natureza. Enquanto não houver uma política de atração e retenção do segmento feminino dentro do Panathlon, estaremos perdendo “50%” de nossa capacidade de crescimento;

10. É URGENTE a elaboração de um Planejamento Estratégico para o Panathlon Internacional em geral e para o movimento brasileiro em particular. É fundamental criar um cenário de curto, médio e longo prazo, tanto interno (pontos forte e pontos frágeis) como externo (oportunidades e ameaças) para que possamos definir mais claramente a nossa MISSÃO, VISÃO e VALORES. Isso feito, poderemos então nos aproximar, com mais propriedade, das ações necessárias que farão jus à nossa existência.

Antonio Carlos Bramante

 

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