Caros, teve uma frase do João que não saía da minha cabeça, do dabate "Frustração" (quando falava sobre as virtudes do esporte "solidariedade, amizade, coragem, decisão, etc.). Eu, na minha ingênua curiosidade, caí outro dia em cima de um texto que tentava traçar um retrato socio-histórico do doping no esporte. Tratava-se de fazer a dissociação entre os valores do esporte e a relaidade das práticas competitivas.
A uma certa altura li e, como estímulo ao debate, reproduzo:
"Longe de alcançar o poder estrutural contemporâneo, e segundo dinâmicas nacionais específicas, a instituição esportiva mundial avança no século XIX, atravessada por um projeto mal sucedido, de controle da agressividade pela burguesia vitoriana que se tende à ocultar através dos clichês do "fair play" quando na verdade uma cultura do ódio foi o terreno fértil do esporte moderno (Gay, 1997) [1]. É também este o momento dos grandes discursos fundadores como os de Pierre de Coubertin que definirá o esporte como a liberdade do excesso". (Texto de autoria de Jean-Pierre Escriva, sociólogo, professor de EF, pesquisador do laboratório de transformação social da Universidade de Paris VII entre outras)
(A tradução é minha, pode não ser da melhor qualidade mas o contexto está claro, penso)
[1] GAY Peter, La culture de la haine. Hypocrisie et fantasmes de la bourgeoisie de Victoria à Freud, Paris, Plon, 1997.
Documento em linha :
Sport et dopages : une lecture sociologique <http://ligcev.com/toxibase>
Comentários
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João Batista Freire
em 22 de Julho de 2009 às 11:23.
Claro Álvaro, o esporte moderno (não sei o antigo), desenvolveu-se no mesmo caldo de cultura de outras culturas modernas. Interessamo-nos, por vezes,mais pela apresentação festiva do Cristiano Ronaldo no Real Madrid, que pelo futebol que ele joga. O esporte, por si, não é bom nem é mau. Por si, ele é só uma idéia; nós a materializamos. Desenvolveu-se, como a economia, como a medicina, como o direito, todos travestidos com suas roupas de bem. Isso não significa que nós, na pedagogia do esporte, não possamos materializá-lo numa cultura do bem, inclusive, do amor. Esse é um dos objetivos de termos uma comunidade chamada Pedagogia do Esporte. Como ensinar esporte ensinando a viver democraticamente, por exemplo?
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Alvaro Ribeiro
em 29 de Julho de 2009 às 20:26.
João, Acho apenas que é um erro resumir as aulas de Educação Física ao Esporte. O Listello já entendia isso naquela época ao concluir que a concepção e a organização do ensino de Educação Física e Esporte estavam ultrapassadas. Penso, logo, que o que se deve ensinar às crianças é a Educação pelas Atividades Físicas, pelo Esporte, pelo Lazer, não o Esporte em si. A competição, como o Leopoldo muito bem lembrou outro dia aqui mesmo, é mais saudável quando é consigo mesmo. Certamente as disfunções que apresentam a economia (o modo de produção capitalista sobretudo), os meios de comunicação de massa, a indústria química, entre outros, irão impregnar qualquer atividade a que se associem. No máximo poderíamos falar em redução de danos, a continuarmos vivendo as coisas como elas estão postas. Agora, para tentar responder à sua pergunta final (não eu, que não sou educador :)) primeiro seria importante saber a representação que se faz de democracia.
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João Batista Freire
em 30 de Julho de 2009 às 10:26.
Álvaro: a idéia, nesta comunidade, é discutir o esporte de maneira geral e, mais particularmente, como ensiná-lo. Claro que as pessoas o aprendem por aí, mesmo sem professor. O professor melhor que tivemos no futebol, por exemplo, foi a rua. Porém, nas nossas mãos, como ensiná-lo? Não me refiro somente à escola, mas de ensinar esporte em qualquer lugar onde estejamos. Particularmente não me conformo em ensinar esporte apenas tecnicamente, mas, enquanto ensino esporte, penso em outras aprendizagens. Claro que não vou discutir aqui o conceito de democracia, nem tenho competência para isso. Mas, mesmo sem saber definir democracia, ou conceituá-la, tenho, como todos os de boa vontade, alguma idéia sobre como dar aulas pensando em democracia. Sou um professor e, quando dou aulas, mesmo sem saber a fundo os conceitos, a vontade de que tenhamos um mundo melhor, orienta meu modo de dar aulas, não importa se o conteúdo é o esporte, brincadeiras, danças, ou outros.
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