Bem, hoje criamos esta comunidade. Ela foi criada porque já existe um número significativo de pessoas interessadas na arte de ensinar esporte. Porque Pelé, Garrincha, Zico e outros apareceram jogando um futebol maravilhoso, isso não quer dizer que não tiveram professores de esporte. Aprenderam na rua, isto é, com a cultura popular, e a rua tem grandes professores. Os professores de Pelé, Garrincha e outros foram seus colegas mais velhos, seus pais, parentes, os jogadores que eles viam ou de que ouviam falar, foram seus genes, foram suas brincadeiras. Acima de tudo, juntaram tudo isso nas brincadeiras de bola que praticavam sozinhos ou com os amigos de rua. E deu no que deu. Talvez a gente tenha que ter a humildade de desenvolver pedagogias que partam daquilo que já existe, reconhecendo que a educação não começa com a gente, mas apenas continua com a gente. 

A idéia é chamar para esta comunidade todos os interessados. Anunciem, convidem, mandem comentários.

Um grande abraço a todos. João Freire

Comentários

Por Rafael José de Sousa Ferreira
em 10 de Julho de 2009 às 12:31.

Muito legal essa iniciativa. Muitas pessoas começam a praticar esportes através de "estímulos" dados ou por professores de educação física, por companheiros de turma, pais entre outros. Tive uma experiência prática na qual ministrava aulas de basquete para um grupo de alunos e quando percebi eles praticavam o basquete na rua onde moravam como em quadras próximas trazendo mais colegas para praticar a modalidade. Acredito que se começarmos a estimular as pessoas a práticar qualquer tipo de esporte, poderemos difundir muito a sua prática.

Abraço a todos

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 10 de Julho de 2009 às 13:51.

Rafael, João e demais,

Infelizmente, a prática do esporte na escola e nos clubes tem se distanciado das demais dimensões da vida das pessoas e dos seus relacionamentos sociais. Acontece de forma bastante fragmentada, muitas vezes, para cumprir metas estranhas aos próprios participantes. Seria necessário reverter esta situação...

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 10 de Julho de 2009 às 11:23.

É interessante chamar atenção para a forma como essas estrelas do esporte aprenderam a jogar o futebol. A história do sucesso do nosso basquetebol aqui no Rio Grande do Norte foi muito familiar e se desenvolveu entre amigos. Aprendi a jogar basquete com o meu pai que era da equipe de adultos da AABB e assim iniciamos o movimento do basquete feminino no nosso Estado. Todos juntos querendo aprender...Quando apareceu o livro do Moacir Daiuto, todos estudávamos juntos e experimentávamos novos exercícios propostos para os fundamentos e as táticas do jogo. A seleção masculina ficava sempre entre terceiro ou quarto lugar do Brasil e quando regressava dos campeonatos brasileiros, fazíamos reuniões para as discutirmos as novidades no cenário nacional. Isto foi na década de 60...O esporte na minha vida foi algo muito marcante, maravilhoso...Não só o basquete, mas com a vela também foi assim...A vivência esportiva poderia ser sempre encantadora...No entanto, a minha sobrinha que viveu o esporte escolar na década de 90, conquistando medalhas e títulos, desistiu do voleibol por cobranças descabidas dos técnicos e dirigentes e hoje não quer nem falar no assunto...O que aconteceu? É com muita tristeza que contemplo este novo cenário do esporte na escola...Entretanto, a esperança não morreu no meu coração. Podemos virar esse jogo!

Vamos fazer a nossa parte! Katia

Por João Batista Freire
em 10 de Julho de 2009 às 17:37.

Queridos amigos:

Pelo menos os do meu tempo foram para a Educação Física porque amavam o esporte. Foi assim que eu me interessei por ser professor de Educação Física. Larguei um belo emprego na administração de empresas e me aventurei pelo mundo em que vivo hoje. E lembro que, quando menino, eu e meus amigos fazíamos esporte, não porque tínhamos um projeto de ganhar um rio de dinheiro ou uma montanha de medalhas. Praticávamos nosso futebol na rua, da mesma maneira como praticávamos o betis, o esconde-esconde, pião, bola de gude e pipa. Na verdade, todos queríamos, quando crescêssemos, ser jogadores de futebol, porém, como fantasia de criança, assim como tinha gente que queria ser aviador. Mas a gente não treinava para ser profissional de futebol, a gente brincava de futebol. Que mistérios havia naquelas brincadeiras que nos tornava tão habilidosos? Fazíamos de tudo com a bola. É inacreditável que o Zico tenha aprendido com esse professor chamado rua e alguns colegas ensinam futebol nas escolinhas usando as famosas sequências de cones. A pedagogia do cone substituiu a pedagogia da rua. A gente tem que ensinar esporte para as pessoas serem mais felizes e não para serem atletas. Alguns serão atletas e não impediremos isso, pelo contrário.

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 10 de Julho de 2009 às 18:32.

João,

Brincar de futebol! Brincar de basquete, de volei...Eis a diferença! Se os professores de Educação Física da atualidade não aprenderam a praticar esporte brincando, como podem ensinar usando uma abordagem lúdica quer na escola ou no lazer? Sem o encantamento pelo jogo, jamais irão conseguir realizar esta tarefa satisfatoriamente. Seria oportuno trazermos bons exemplos de professores que estão trabalhando nessa perspectiva por este imenso Brasil. Vou procurar identificar alguns casos bem sucedidos para poder apresentar aqui.

Por Mercia Maria de Oliveira
em 10 de Julho de 2009 às 21:26.

A prática de  esporte é sem dúvida  um compenente  importante para a formação do indivíduo. Eu também trilhei por esse caminho. Joguei voleibol enquanto era estudante, era da equipe de volei da minha cidade, como tambem participava de grupos de Dança, até na graduação foi assim e esta vivência foi muito importante para a  minha formação. A maneira como o esporte  está sendo orientado dentro da escola realmente é preocupante, estão trabalhando com crianças sem usar de nenhuma ludicidade, só pelo esporte rendimento. Seria necessário definir as melhorias deste fazer pedagógico e reconhecer que a brincadeira e o jogo pelo prazer vislumbram outras possibilidades.

Por Leosmar Malachias de Oliveira
em 10 de Julho de 2009 às 23:17.

Andava hoje por um desses Shoppings de produtos Globalizados, digo chineses, em busca de memória para o meu computador. Dentre várias quinquilharias existentes nas lojinhas, duas em especial me chamaram a atenção. Havia numa lojinha de presentes miniaturas de personagens que representavam de forma caricata algumas profissões. Fiquei bastante curioso e resolvi procurar o personagem da Educação Física. Perguntei a vendedora se havia o bonequinho da Educação Física, ela me respondeu - "Educação Física?". Acho que tenho. É que não tem tanta procura, então agente deixa aqui debaixo do balcão. Respondi então. Gostria de ver, por favor! Logo ela colocou sobre o balcão um boneco todo "bombadinho", de camisetinha estampada com a identificação "Personal trainer", levantando dois halteres. Então perguntei se havia outro modelo, e ela procurando disse meio sem graça, tem esse daqui! Era um bonequinho barrigudinho, com um boné na cabeça, um apito no pescoço e uma bola dabaixo do braço. Fiquei um tanto reflexivo naquele momento, pois me vi de certa forma enquadrado numa imagem que a sociedade faz da Educação Física e de seus profissionais. Sem dúvida o esporte tem acompanhado a Educação Física e suas práticas ao longo do último século. Nós Professores fomos formados para trabalhar e dar ênfase ao esporte, haja visto os currículos de graduação que cursamos. Negar o esporte certamente é um grande erro. Creio que a questão que se coloca está em que postura tomamos frente as suas práticas, a de treinadores e técnicos ou a de Educadores que fazem do esporte mais uma experiência positiva à vida de seus alunos?

Por José Henrique dos Santos
em 11 de Julho de 2009 às 00:49.

Gostaria de parabenizar a iniciativa e a disponibilidade do Freira para mediar esta comunidade. Creio fielmente que será um espaço para debatermos e nos pronunciarmos sobre este ramo da ciência.

José Henrique

Lider do Grupo de Pedagogia de Educação Física e Esporte da UFRRJ

http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0211409LM8OBHQ

Por Rafael José de Sousa Ferreira
em 11 de Julho de 2009 às 18:54.

Acredito que a prática do esporte em diversos locais (escolas, clubes, associações, etc) deve ser realizada de forma com que aquilo o que os alunos aprendam sejam levados para a sua vida cotiadiana. Os esportes de forma geral contribuem de forma geral na formação dos alunos como cidadãos perante a sociedade. E se aquilo o que os alunos aprendem na modalidade esportiva que prática for significativo para a sua vida, os alunos irão levar as práticas realizadas para a suas vidas sociais, contribuindo para a difusão da prática esportiva. E, um dos fatores, na minha opinião que desestimulam os alunos a realizarem práticas esportivas e a falta de relevância daquilo o que ele aprende, com o esporte, para a sua vida cotidiana e social, fazendo com que os alunos deem preferência para outras coisas.

Por João Batista Freire
em 13 de Julho de 2009 às 09:34.

Uma das coisas que mais frustra quem aprende esporte é a idéia de que estão ali para serem campeões, medalhistas olímpicos, etc. Como isso raramente acontecerá, frustram-se. Esporte se ensina para performance, para alegria, para virtudes, e assim por diante.

Por Leosmar Malachias de Oliveira
em 14 de Julho de 2009 às 13:34.

Pensar a escolarização do esporte é algo fundamental.

Ao pensarmos o esporte na escola ou o esporte da escola, com alguns gostam de diferenciar, passamos sem dúvida por algumas questões fundamentais. Que sentido estas práticas tem para nossos alunos? Que expectativas estamos criando ao difundir o esporte na escola? Que sentimentos estamos despertando em nossos alunos em relação a estas práticas? Estas práticas condizem com a realidade e estrutura de nossas escolas? O esporte que desejamos ensinar segue qual perspectiva na formação destes alunos? O da performance e resultados? O da participação e socialização? Estamos conseguindo diferenciar estas práticas? Todos nossos alunos estão tendo possibilidades de obter sucesso nestas práticas? Estamos respeitando a individualidade dos nossos alunos? Estamos ensinando ou treinando alunos?

 Nós professores, em grande parte tivemos uma aproximação ao esporte por opção em nossas vidas, talvez tenha até sido este o principal motivo para a escolha desta carreira. É sempre difícil analisarmos imparcialmente a questão do esporte, porém não podemos negar que esta questão não é unânime entre nossos alunos e que invariavelmente nos confrontamos com alguns que não compartilham dos mesmos sentimentos em relação à prática esportiva. Creio que para além do “ensinar esportes” devemos nos perguntar que tipo de seres humanos queremos formar em nossas aulas.

Creio que precisamos responder algumas perguntas antes de assumirmos a difusão do esporte com prática de ensino. Talvez as perguntas mais importantes a serem respondidas são; como e porque estamos ensinando esportes?

 

Por João Batista Freire
em 16 de Julho de 2009 às 11:49.

Leosmar: estou viajando, no extremo sul do Brasil, na maior praia do mundo, Cassino. Volto terça que vem e vou começar essa brincadeira e compor coletivamente um banco de jogos para ensinar esporte. A gente vai passar de comunidade e comunidade convidando o povo. Um abraço.

Por João Batista Freire
em 15 de Julho de 2009 às 16:13.

Quero fazer uma sugestão: primeiro, não hoje, vou analisar uma brincadeira infantil, ou melhor, desconstruí-la. A partir disso, vou criar um jogo simples voltado para a aprendizagem do esporte. Minha sugestão é que as pessoas desta comunidade acrescentem variações a esse jogo e criem outros jogos a partir dele. Faremos, com isso, um banco de dados de jogos para ensinar esporte. A condição é que tudo seja de domínio público. Aguardo sugestões.

Por Leosmar Malachias de Oliveira
em 16 de Julho de 2009 às 01:07.

Tô dentro! Agora começamos a por em prática o que se espera de um Ambiente Virtual Colaborativo.

Legal, estou aguardando...

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 23 de Julho de 2009 às 12:42.

Brincar de Educação Física? Por alguns anos, quando supervisionava o estágio curricular, na modalidade lazer, numa área livre, vizinha a uma escola pública, em Jacarepaguá no Rio de Janeiro, ouvia muito as crianças dizerem isto... Crianças uniformizadas que na hora do recreio ou das aulas de Educação Física pulavam o muro da escola para brincarem num amplo gramado, onde, às vezes, um pequeno circo se instalava por lá. Essas crianças gostavam de repetir: "Queremos brincar de educação física!". Eu gostava muito de ouvir isto e observar em detalhes o movimento que esses pequenos grupos de crianças faziam para organizar suas próprias brincadeiras. Na realidade, não eram muito diferentes daquelas propostas pelos professores de Educação Física da escola. Mas, por que eles fugiam das aulas de Educação Física para brincarem de Educação Física? A resposta parece um tanto óbvia. As atividades eram quase as mesmas, no entanto o processo de construção era totalmente diferente...Parece tão simples trazer este encantamento para as aulas de Educação Física. Talvez, esta simplicidade seja ainda bastante difícil de conceber e de vivenciar...


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