Vamos lá, vamos seguir a sugestão do Álvaro. Comecemos uma nova série de composição coletiva. Da brincadeira para o esporte. Vou colocar quatro princípios como sugestão para nortear uma composição pedagógica para ensinar esporte e educar pessoas: a) ensinar esporte a todos; b) ensinar bem o esporte a todos; c) ensinar mais que o esporte a todos; d) ensinar a gostar do esporte.

Sugiro pensarmos numa composição a partir das brincadeiras com corda.

Comentários

Por João Batista Freire
em 25 de Agosto de 2009 às 09:43.

Vamos a um desafio. Que tal a gente fazer uma composição coletiva para o Atletismo? Minha tese é que temos que investir mais na pedagogia do esporte, ensinando o esporte para que aqueles que possuem dotes especiais tenham condições de prosseguir até o alto rendimento e de modo que aqueles que não possuem esses dotes aprendam a usufruir do esporte para uma vida melhor. Mantenho a idéia de começar com as brincadeiras de cordas.

A maneira mais simples de brincar com as cordas (na direção da brincadeira de pular corda) é fazer o Zerinho. Como todos sabem, no Zerinho, não é preciso pular. A corda é "batida" por duas pessoas, num ritmo lento, e os jogadores passam andando ou correndo sob ela, sem tocá-la.

Desconstruindo a brincadeira: para se sair bem na brincadeira, o jogador tem que passar sob ela sem tocá-la. Para conseguir isso, ele tem que se posicionar antes da corda na distância exata. Após fazer isso precisa calcular o tempo que a corda leva do chão até o lugar mais alto. Se ele se decidir a passar no momento em que a corda passa pelo chão e começa a subir, terá êxito, desde que sua velocidade, na hora de realizar a ação, seja suficiente. Dá para passar até andando, desde que o cálculo seja correto.

Suas ações, para chegar ao êxito, dependerão de uma boa noção de espaço, de um bom conhecimento do objeto corda, de uma boa noção de suas possibilidades motoras, e uma boa noção de tempo. Quando digo boa noção, estou falando de boa noção para essa brincadeira. E advirto que esses conhecimentos podem ficar restritos apenas a essa brincadeira e ações vizinhas, não se generalizando a outras situações. Porém, dependendo da metodologia, tais ações podem se generalizar sim, e vamos desenvolver isso aqui na comunidade.

Por João Batista Freire
em 1 de Setembro de 2009 às 10:21.

Continuando nossa solitária composição "coletiva": um dos nós da educação é a tomada de consciência das ações realizadas. Essa era a questão central de Paulo Freire (a conscientização), assim como foi tema central na obra de Piaget. Onde estão os ingredientes para que se tenha consciência de uma ação realizada? O primeiro deles é tomar distância da ação praticada. Vejam, ninguém é capaz de enxergar a própria mão se ela estiver colada aos olhos. Portanto, para enxergar a mão, é preciso afastá-la dos olhos, mas não muito; há que se ter a distância adequada. Vou sugerir duas maneiras de favorecer a tomada de consciência da ação em crianças que estão brincando de corda, nessa brincadeira inicial, o Zerinho. No início, a gente bate corda lentamente e os alunos, logo, passarão sob a corda com facilidade. Vamos, então criar um problema: vamos bater a corda com o dobro da velocidade: eles, inicialmente, tentarão passar sob a corda usando os procedimentos usados anteriormente. Não dará certo, pelo menos na maioria dos casos. Então, eles terão que reconsiderar sua ação. Para fazer isso, precisarão parar e refletir, pensar, imaginar. Ou seja, terão que trazer a ação para a imaginação, vê-la dentro de si, e imaginar um outro jeito de passar sob a corda. Isso significa ver a ação de uma boa distância, portanto, tomar consciência (ao menos parcial) dos mecanismos da ação. Isso quer dizer que uma das maneiras de levar os alunos à consciência da ação é criar um obstáculo, provocar um conflito. Do conflito pode emergir a consciência.

Uma outra maneira, mais simples, é, após terminada a brincadeira, sentar com os alunos e conversar com eles sobre as ações realizadas. Ora, elas estarão apenas na imaginação dos alunos, pois já terminou a prática. Para falar sobre suas ações, os alunos terão que vê-la na imaginação, o que equivale a tomar distância dela e poder enxergá-la.

Se vocês quiserem, podemos continuar esse assunto. Qual a vantagem de tomar consciência?

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 2 de Setembro de 2009 às 16:02.

JoaoZin

Aqui, no Maranhão, temos uma brincadeira chamada de ’elástico’ e a utilizava para ensinar salto em altura. Um elástico, de mais ou menos 1,5 a 2 metros, esticado; dois o seguram, em cada ponta; um terceiro tenta ultrapassa-lo, por cima, se possivel, sem toca-lo; primeiro, em altura baixa, por exemplom, na altura da cintura... depois vai-se gradativamente aumentando essa altura, até os ombros ou cabeça, ou braços estendidos... a partir de certa altura, pode-se ’pisar’ o elástico, mas tem-se que colocar o pé nele, primeiro, antes de traze-lo para a terra... excelente educativo para o salto em estilo rolo ventral.

Outro, o jogo da "amarelinha"; pula-se sobreb uma perna, cobrindo determinada distancia... pode-se variar... alternando as pernas... a medida em  que o jogador consegue saltar de qwuadrado em quadrado, aumenta-se o tamanh0o do quadrado, dificultando a ’ultrapassagem’... pode-se estabeler ’regras’, até chegar-se a um educativo para o salto triplo...

Pois é...

Por Dalva Eloisa Piersante
em 20 de Setembro de 2009 às 19:13.

OLÁ...PROFESSOR JOÃO FREIRE!! EU GOSTO DE ESPORTE...GOSTO DE ENSINAR ESPORTE...OS ALUNOS...QUEREM ESPORTE!!!ABRAÇOS!!!

Por João Batista Freire
em 21 de Setembro de 2009 às 10:00.

Vamos lá Dalva. Acompanhe a composição sobre o Atletismo. Estou utilizando uma brincadeira para ensinar Atletismo: a brincadeira do Zerinho. As crianças passam correndo sob uma corda batida por outras duas pessoas. Não podem tocar na corda quando passarem sob ela. Se aumentarmos a velocidade da batida, terão que ser cada vez mais velozes para passar sob ela. Se ela for batida muito veloz, os alunos terão muitas dificuldades. A solução virá da conversa entre eles e da conversa entre os alunos e o professor. Talvez concluam que, para conseguir passar, além da questão do cálculo do tempo de batida da corda, terão que partir de uma posição baixa para acelerar desde o começo. Algo parecido com o que se faz nas saídas de bloco das provas de velocidade do Atletismo. É importante que, ao final das aulas, os professores se sentem em roda com os alunos para conversar sobre os acontecimentos da aula. Isso vai gerar uma compreensão neles que vai além do esporte.

Agora vamos mudar o foco: da velocidade para a resistência. Depois que os alunos mostrarem habilidade em passar sob a corda, fazemos um desafio. Precisam passar 50 vezes sob a corda, em passagens contínuas. Cada vez que errarem, a contagem volta para o zero. Erro é deixar batidas vazias, isto é, a corda bate e ninguém passa sob ela. Ou tropeçar na corda e interromper as batidas. Aí os alunos começam e a gente vai contando: 1, 2, 3, 4...  Se errarem muitas vezes, a gente dá um tempo para eles conversarem e descobrirem um jeito de brincar melhor. Até chegarem às 50 passagens. Depois disso, o desafio é ver até que contagem chegam sem erros, se 50, se 60, 70, 80, etc. Reparem que, com isso, correrão lentamente durante muitos minutos (10, 15, 20 minutos), produzindo uma melhora na resistência aeróbica e na técnica de correr distâncias longas. Sempre, ao final da aula, sentamos com os alunos e conversamos: o que vocês acharam da brincadeira? Cansaram muito? O que faz cansar? Quando há um erro, de quem é o erro? Como a gente deve se organizar para chegar a uma contagem alta?


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