BRASIL. Um país onde o professor é chamado de tio. E técnico de futebol é chamado de professor!    (Deu no Terra, em reportagem de Cristiano Silva, direto de Porto Alegre)

O Conselho Regional de Educação Física do Rio Grande do Sul vai denunciar no Ministério Público o técnico Fernandão por prática do exercício ilegal da profissão de treinador. Segundo Eduardo Merino, presidente do CREF-RS, para ser treinador de futebol é preciso ser formado em Educação Física. A denúncia será enviada para o MP na próxima quinta-feira e se for aceita a denuncia, Fernandão poderá ficar de fora do banco de reservas no Gre-Nal de domingo.

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"Existe a lei 9696, que foi regulamentada em 1998, onde foi regulamentada a profissão de treinador de futebol e que para exercer esta profissão é obrigatório ser formado na faculdade de Educação Física. Na série A do Brasileiro apenas dois treinadores estão com este tipo de problema, o Fernandão e o Cuca, os outros estão legalizados. Quem exercia a profissão de treinador antes de 98 e conseguiu comprovar acabou tendo o seu registro aceito, sem a necessidade de ser formado em Educação Física", disse Merino.

O Internacional mobilizou o seu departamento jurídico que ainda hoje irá protocolar no Conselho Regional de Educação Física a defesa do clube em relação a denúncia. A linha de defesa do Inter segue no sentido de que Fernandão e os outros treinadores são regulamentados por um parecer divulgado, em março de 2012, pelo diretor jurídico da CBF, Carlos Eugenio Lopes, que diz que os Conselhos Regionais de Educação Física não tem competência, nem poder, para fiscalizar ou ingerir-se em atividades executadas pelos treinadores profissionais de futebol.

Logo que assumiu como treinador do Inter, Fernandão realizou o curso de técnico de futebol, o que o liberou para poder assinar a súmula como treinador do Inter".

 

Comentários

Por Edison Yamazaki
em 22 de Agosto de 2012 às 05:26.

Roberto,

Também lí essa matéria sobre o Fernandão e confesso que não cheguei a nenhuma conclusão. Sou a favor de que os que trabalham com esportes devam ser formados em Educação Física, mas não tenho uma "forte" opinião formada quando o assunto é o profissional. Acho que mais do que isso, os dirigentes ligados diretamente aos esportes nos clubes sociais/esportivos, é que deveriam ser formados em Educação Física. Leio muito sobre fulano que assumui a gerência técnica da categorias de base, que ciclano é o diretor dos juvenis, etc. Esses é que precisam obrigatoriamente serem formados.

Fico pensando também nos outros esportes como o tênis, esgrima, judô, atletismo, basquete, handebol, polo aquático, etc.

Sabemos todos, que com os profissionais as metas e objetivos são diferentes, e aí entra aquele que consegue fazer o time vencer. Para mim, profissionais estão lá para vencerem os adversários e mostrarem alguma coisa "superior" ao público. Acho que é o caso da NBA e atualmente do atletismo jamaicano. A alta performance é que são os inventivos para os novatos.

Agora, se existe uma lei para isso, ela precisa ser cumprida. Não acredito que cursos de 3 meses façam alguma diferença. É apenas uma maneira de burlar o que já existe.  

Interessante é descobrir que os dirigentes do Internacional (amadores) não sabiam disso e colocaram o Fernandão de treinador. O erro está na formação da diretoria dos clubes, que passam anos, e não evoluem. Voltamos aos tempos dos dirigentes que colocavam dinheiro do próprio bolso para manterem-se no poder.

Abraços,

 

Por Mabliny Thuany Gonzaga Santos
em 29 de Outubro de 2013 às 14:43.

Sou aluna de Educação Física e infelizmente sempre ouço fatos e situações em que “leigos” estão assumindo o lugar de profissionais formados, estando eles nas academias, nos times de futebol ou nos demais esportes que existem. Estes se sentem capaz de realizar tal trabalho apenas porque conhecem ou já vivenciaram determinada modalidade, no entanto não são , não porque trabalhar com o ser humano não diz respeito a apenas ensiná-lo realizar algum movimento, existem outros fatores que devemos levar em consideração pois cada indivíduo se desenvolve de uma forma, cada um está em um processo de maturação completamente diferente do outro ( mesmo que tenham a mesma idade); dessa forma devemos considerá-lo como um ser que se desenvolve integralmente  e não apenas fisicamente.

Quando não se tem um conhecimento desses “processos” que acontecem o ensino  se reduz a apenas reproduzir o que foi vivido. Não estou dizendo sobre técnicos que atingiram certa “fama”, o problema é bem mais grave do que se imagina, pois existem pessoas que se dizem “profissionais” e estão no interior das academias, clubes e escolas sem saber realmente o que estão fazendo cometendo exercício ilegal da profissão. Esse é o país que vivemos!

Por André Luiz Vieira
em 10 de Novembro de 2014 às 15:50.

Sabemos que a prática sempre teve um lugar de destaque na área da Ed. Física. Quando os profissionais práticos tiveram que reconhecer o seu conhecimento conforme exigência da legislação, muitos técnicos de futebol tiveram a oportunidade conquistar o diploma sem cumprir todas as horas do currículo do curso de Ed. Física. É importante destacar o quanto é importante à fusão da teoria e a prática; é com a práxis que o profissional  terá a ferramenta necessária para romper paradigmas, ser crítico e inovador. Os órgãos de fiscalização tem que punir de forma exemplar todos os indivíduos que trabalham na área sem a formação adequada, concluída; sobretudo as empresas e clubes de futebol. Para que os profissionais formados sejam mais respeitados e valorizados!

Por Wagner Pimenta da Rocha
em 20 de Novembro de 2014 às 13:36.

Odiosa inversão de valores,desvalorização ou uma desconsideração ao mestre que educa, habilita, capacita, qualifica, instrui e forma o cidadão não só para o “amanhã”, mas para todo o tempo de sua vida.“Triste da Nação que chama ao professor de TIO e de PROFESSOR a um treinador de futebol” .Agora, se existe uma lei para isso, ela precisa ser cumprida. Não acredito que cursos de 3 meses façam alguma diferença. É apenas uma maneira de burlar o que já existe.  


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