Um empresário poderoso, clandestinamente, em lugar um tanto remoto de nossa civilização, empregou crianças entre dez e doze anos de idade, trabalho duro, exaustivo, jornada de seis a oito horas diárias. Não bastasse, praticou castigos e tortura para aumentar a performance de produção das crianças e, consequentemente, sua rentabilidade. Pego em flagrante após denúncia, foi processado e condenado a vários anos de prisão. Na mesma época, técnico esportivo manteve crianças de dez a doze anos em regime de treinamento duro para competições regionais e nacionais, jornadas diárias de seis a oito horas de trabalho, sob castigos e tortura. Mais da metade delas sagrou-se campeã nas categorias menores. Um quarto delas, poucos anos depois, conquistou medalhas olímpicas. As campeãs olímpicas foram ovacionadas e glorificadas pela mídia, pais, plateias, quarteis, igrejas, escolas, etc. Ninguém foi preso.
Comentários
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Camila Tenório Cunha
em 6 de Abril de 2010 às 08:34.
Infelizmente ninguém foi preso, mas o crime foi o mesmo, todas as crianças trabalharam, as que receberam medalhas perderam sua infância, alegria e juventude, tanto quanto as que não receberam. Os dois grupos perderam a infância, ganharam traumas físicos e psicólogicos que nenhuma glória midiática poderá resgatar, um bom psicólogo talvez... Fisiterapias dependendo do trauma.
A Jade, nossa ginasta, ganhou problemas nos rins - que nenhum fisioterapeuta poderá curar - por não deixarem as ginastas beberem água das seis a oito horas de treino, fora um pulso necrosado, que o tempo curará, mas não deixará perfeito. Psicólogos curarão a ausência do pai em função de visitas negadas pela federação que priorizava excesso de competições.
Todos que fazem isso com crianças e jovens cometem crimes.
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João Batista Freire
em 6 de Abril de 2010 às 12:12.
Perguntar não ofende: se alguém fizer uma denúncia no Ministério Público sobre torturas de crianças em treinamentos esportivos, alguém será processado? Quem: técnicos, dirigentes, pais?
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