Cevnautas das Políticas Publicas. Segue análise do bem informado jornalista e cevnauta José Cruz http://cev.org.br/qq/jcruzz/ na FSP de hoje.Laercio

Hábil nas crises, Aldo Rebelo manteve a velha política com entidades esportivas
José Cruz (FSP 31/12/2014)

Político prestigiado, mas discreto, ex-presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo encerra um ciclo de 12 anos do PCdoB à frente do Ministério do Esporte, por onde passaram Agnelo Queiroz e Orlando Silva.

Aldo comandou com sucesso dois momentos de tensão do governo federal no esporte. O primeiro, em outubro 2011, quando assumiu o ministério, em substituição a Orlando Silva.  Eram frequentes as denúncias de corrupção, principalmente no Segundo Tempo. Os novos rumos que ele implantou no programa livraram o Palácio do Planalto, inclusive, de um foco de falcatruas, quando o país ganhava projeção internacional por conta dos megaeventos.

Em março de 2012, a indisposição do governo foi em nível internacional: o ministro pediu à Fifa novo interlocutor para os assuntos da Copa do Mundo, em resposta à manifestação do secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, que sugeriu “um chute no traseiro” para o brasileiro trabalhar. A grosseria decorreu do atraso nas obras para o Mundial. O tempo passou, os dois se acertaram e o campo ficou livre para Dilma avançar nas relações diplomático-esportivas junto à poderosa turma da Fifa.

Foi nesse ambiente de tensões, críticas e incertezas que o Brasil realizou “a Copa das Copas”, na avaliação do governo, mas sem que a presidente Dilma tenha reconhecido publicamente o trabalho do ministro.

Já na gestão interna do Ministério, o PCdoB falhou. Manteve a velha política nas relações com as entidades esportivas, apesar da contrariedade da presidente. Ela queria um jogo mais pesado contra os cartolas, liderados por Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil. Em vão, o esporte de alto rendimento foi mesmo o principal beneficiado com financiamentos públicos, em detrimento de projetos de massificação e de alcance popular.

Na ação política, Aldo Rebelo manteve os principais assessores do ex-ministro Orlando Silva, evitando indisposições com o partido. Mas reforçou seu gabinete com um experiente executivo, Luiz Fernandes, que cuidou dos bastidores dos megaeventos. Também criou a Secretaria do Futebol, ali colocando um jornalista do ramo, Toninho Nascimento, insistindo na intromissão do Estado nos negócios suspeitos do “jogo da bola”.

Porém, Aldo não investiu no quadro funcional, deixando de suprir grave carência de servidores qualificados para os programas da Pasta, como o Bolsa Atleta, que beneficia sete mil competidores. Nesse contexto, a universidade também ficou distante do governo, que adiou o intercâmbio com esse rico campo da ciência e da cultura.

FONTE com fotos e links: http://bit.ly/cev1338

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