Por déficits em suas habilidades adaptativas e pelos preconceitos e desconhecimento do grupo, crianças com necessidades especiais se deparam, muitas vezes, com a exclusão. Sabemos que em todos os contextos da vida humana o novo, ao mesmo tempo em que pode promover o avanço, a evolução, aparece como elemento que instaura
desestabilização, crises, rupturas e, por isso, provoca resistências e gera tensões individuais ou coletivas. Não poderia ser diferente quando uma criança com necessidade especial adentra uma escola regular. Estudos indicam que a maioria desta população apresenta características introspectivas, apresentando dificuldade na realização das atividades em grupo, em defender seus direitos, em manter relações com colegas e professoras, de cooperar com eles e na forma de se expressar oralmente (ROSIN-PINOLA; DEL PRETTE ; DEL PRETTE; 2007). Essas características dificultam a socialização dessas crianças, que se mantém isoladas dos demais colegas de escola. Neste contexto, é necessário que professores conheçam e programem estratégias de ensino que possibilitem não apenas o acesso ao currículo para esses alunos, como também, favoreçam a socialização deles no ambiente escolar.
É pensando nessa clientela de alunos com necessidades educativas especiais que gostaria de saber sobre algumas experiências vivenciadas por educadores físicos com esses educandos.
Comentários
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Roberto Affonso Pimentel
em 21 de Outubro de 2009 às 15:50.
Maria,
Tive alguma experiência com alunos com necessidades especiais. Eram moças e rapazes, todos do Centro Profissionalizante da APAE de Niterói (RJ). Minha esposa prestou serviços voluntários por algum tempo e, posteriormente, formada em Serviço Social, tornou-se Assistente Social da entidade. Foram longos anos de convivência que me permitiram uma relativa aproximação com os alunos. Participava com eles de vários eventos e, em 1984, por exemplo, tive a oportunidade única de promover um jogo-treino da seleção brasileira de voleibol masculino que viria a ser vice-campeã olímpica meses depois. Toda a renda destinou-se à APAE, que construiu um pequeno ginásio em suas instalações. Vez por outra acompanhava também o Professor de Educação Física em suas aulas regulares. Cheguei a arranjar-lhes um paraquedas para suas atividades, cuja recomendação me viera de minha esposa quando da realização de um curso com um casal alemão. Infelizmente, não soube de tal curso. Mas não é difícil produzir brincadeiras e atividades com panos, lençois ou outros implementos. Além disso, o Google está aí mesmo para ajudar na tarefa de melhor se informar.
A partir de 1991 comecei a produzir cursos de mini voleibol na praia de Icaraí, onde resido. Um ou dois anos depois, convidei os alunos do Centro Profissionalizante para se juntarem às crianças (8-13 anos). Vinte (20) deles aceitaram e passaram a frequentar as aulas, às terças e quintas-feiras, regularmente. Mais adiante, acompanhados por seu Psicólogo, encenaram uma peça de teatro em pleno calçadão, sob as vistas de variado público: alunos, professores, responsáveis e o público em geral que por ali transitava diariamente. Uma senhora, dona e responsável por um centro especializado da cidade esteve no local, inclusive com um de seus professores, mas jamais se dirigiu a mim para trocarmos ideias a respeito.
Não me lembro quanto tempo perdurou o curso, mas tenho certeza que deixou muitas saudades. Minha mulher afastou-se tempos depois da APAE e, desde então, perdemos o contato. Vez por outra encontramos um ou outro daqueles alunos e, uma delas, telefona todos os anos para dar notícias.
Não tive tempo para agir no sentido de distribuir os alunos da APAE entre os demais. Não tinha a necessária confiança entre os professores que eu contratara. Assim, permaneceram fazendo seus exercícios de volei como os outros, mas numa dos campos a eles reservados. Não foram segregados, pois todos tinham os seus campos, segundo sexo e idade. Todavia, fiquei frustrado em não ter tentado a inclusão a pouco e pouco de alguns deles entre os demais alunos. Se pudesse retroagir no tempo, teria feito.
Roberto Pimentel. (seríamos parentes?)
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Maristela de Oliveira Mosca
em 21 de Outubro de 2009 às 17:49.
A Educação Física escolar na inclusão de alunos com necessidades especiais não pode ser tratada fora do contexto do Projeto Político Pedagógico da escola em questão.
Sabemos que a inclusão é uma lei, e já passou o tempo de nos prepararmos para receber essas crianças na escola. Eles já estão com a gente.
O educador que deseja trabalhar com alunos com necessidades especiais precisa conhecer bastante sobre desenvolvimento motor, desenvolvimento da criança, e estudar psicologia, neurologia e acima de tudo estar aberto a essas crianças.
Muitas vezes o professor de Educação Física quer formar um "time", e aí essas crianças não se encaixam em sua proposta. A amorosidade, antes de tudo, o querer bem a seus educandos...
Temos uma experiência bem sucedida em nossa escola - Escola Viva/Natal - a partir de um trabalho intenso da equipe pedagógica, família e alunos - na inclusão e trabalho com alunos com necessidades especiais.
Não desistir desses alunos, talvez seja essa a primeira questão....
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Roberto Affonso Pimentel
em 22 de Outubro de 2009 às 07:34.
Maria,
Espero que tenha me compreendido quando relatei minha experiencia, que estava incorporada a outras bem sucedidas do Centro Profissionalizante. Com a participacao voluntaria daqueles alunos no projeto da praia pudemos acrescentar-lhes vivencias em outros espacos, com outros individuos, o que nao era feito por pessoas especializadas e muito mais categorizadas. Senti-me muito gratificado em colocar-me a servico daqueles alunos e, principalmente, faze-los sentirem-se atuantes. Acrescente-se o fato da transparencia das acoes em ambiente publico, o que propiciou uma educacao e outra visao da comunidade. Penso que divulgar este trabalho eh muito importante para que outros tambem queiram aprender alem dos livros ou do ouvir falar. Se nao possuir estudos mais apurados de Psicocinetica, apoie-se em alguem que saiba, mas nao se deixe abater, pois o lidar com eles nos ensina muita coisa. Por ultimo, tenha cuidado para que atitudes paternalistas, demasiadamente amorosas, prejudiquem as suas relacoes. Trata-los como iguais foi o primeiro conselho que recebi.
Ia-me esquecendo. Ate hoje tenho-os no meu coracao, pois foi o melhor time que formei na epoca, inclusive com atuacoes fantasticas que todos puderam apreciar. Se eu que nada sei pude passar algo para tantos, tenho certeza de que voce podera ir muito mais longe com as experiencias desenvolvidas em sua cidade que, alias, parece que nao as conhecia.
Roberto Pimentel.
Por
Maria Augusta da Cunha Pimentel
em 22 de Outubro de 2009 às 10:11.
Maristela e Roberto a ideia de Inclusão é exatamente esta, tratá-los como iguais, respeitando suas dificuldades, não podemos também esquecer que cada deficiência precisa de um cuidado especial, mas não é por isso que iremos deixar de realizar as mesmas atividades, os mesmos jogos, só iremos intervir de uma forma diferente.
Roberto foi com essa intenção que abri esse debate em escutar experiências como a sua, sou Pedagoga, mas também tenho interesse em conhecer práticas inclusivas na Educação Física e percebi que mesmo sem uma qualificação específica, no caso para alunos com necessidades especiais, vocês conseguiram movimentar e interagir com essa clientela muitas vezes esquecida. Essas ações realmente fazem a diferença!! E será que somos parentes mesmo???
E como bem disse Maristela, Não desistir desses alunos, talvez seja a primeira questão a ser tratada no processo de inclusão.
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