Hoje estamos em pleno Jogos Escolares do Rio Grande do Norte. A alguns anos, percebemos o grande crescimento da violência entre torcidas nos JERNS. Neste ano a abertura dos Jogos perdeu o seu glamour e foi realizada no auditório do IFRN, mas mesmo assim, estudantes com envolvimento nas torcidas fizeram mais uma baderna. Até quando vamos permitir? Até quando vamos suportar? Como poderemos trabalhar o fenomeno esporte, com o espírito da camaradagem e respeito? Como avançarmos na transformação desta sociedade?

Comentários

Por Halyne Karla Ramos
em 23 de Outubro de 2009 às 13:19.

Realmente é dificil responder essas perguntas, várias coisas por trás do JERNS tem força  maior (propaganda escolar..) A bastante tempo que o JERNS deixou de ser visto como  esporte educacional, hoje em dia é esporte de rendimento, os alunos participantes em sua maioria ganham bolsas escolares, apenas pelo seu redimento no esporte não sendo levado em consideração outras atitudes sociais,  e muitos alunos aqueles não considerados bons não participam são excluídos.

Por Lígia Souza de Santana Pereira
em 23 de Outubro de 2009 às 18:23.

É realmente preocupante essa situação dos Jogos Escolares no estado do RN. Principalmente se considerarmos o incentivo que se é dado pelos profissionais desta disciplina curricular durante a formação do aluno no ensino fundamental I e II. Penso que a preocupação pelo resultado e rendimento está pagando um preço muito alto, pois a ética, o lúdico e o espirito esportivo não estão sendo  focados no trabalho de formação educacional de base. Penso que precisamos repensar a prática docente nas aulas de Educação Física estendendo para a prática do esporte escolar. Mas sou otimista que podemos fazer um trabalho de Educação Física de cunho pedagógico pensando na formação integral do aluno, ou seja um aluno que pensa, sent e age. Penso que se houver mais investimos na formação e na autoformação dos profissionais da Educação Física teremos  mudanças de mentalidades e atuação profissional. 

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 23 de Outubro de 2009 às 21:47.

Eu lamento profundamente esta situação dos Jogos Escolares do RN. Não tenho a menor vontade de presenciar qualquer atividade relacionada a este evento. Quem viveu os "anos dourados" do esporte nas escolas e nos clubes não consegue suportar esta desfiguração de uma vivência esportiva que não tem nada de educacional...Até quando? Quando a sociedade compreender que os prejuízos são bem maiores que qualquer benefício, seja individual ou coletivo. Quem ganha com isso? Para mim todos são perdedores. O imediatismo pode tentar iludir com a exibição de medalhas e troféus, mas as consequências não tardarão...É preciso reconhecer o caos e procurar alguma saída que valorize o ser humano. 

Por Roberto Affonso Pimentel
em 24 de Outubro de 2009 às 08:45.

Professor João,

Ensinar não é uma ciência, mas uma arte.

Ensinar é uma arte que produz seus efeitos (para o bem ou para o mal), dependendo das circunstâncias e, principalmente do caráter e formação profissional do professor, considerado este "um" dos vários agentes educadores.

Parece-me que muitos dos nossos colegas professores, na preocupação de suas atribulações diárias, não se dão conta de que ensinar não é transmitir informações. “De um ponto de vista científico, o professor é apenas o organizador do meio educativo social, o regulador e controlador da interação desse meio com cada aluno. O trabalho do professor como qualquer outro trabalho humano tem um duplo caráter. Exagerando um pouco, pode-se dizer que toda a reforma da atual pedagogia gira em torno desse tema: como conseguir que o papel do professor se aproxime o mais possível de zero de modo que, em vez de desempenhar o papel de motor e elemento da engrenagem pedagógica tudo passe a se basear em seu papel de organizador do meio social”.

Há tempos tomei conhecimento de um fato ocorrido com uma professora de História de colégio tradicional israelita no Rio (Zona Sul). Após algum tempo executando suas tarefas, a professora não suportou a indisciplina reinante em classe, entrou em profunda crise e teve que se afastar, inclusive do magistério.

Os anos se passaram – a violência nas escolas teve incremento considerável – e, por circunstâncias, fui chamado a realizar uma aula de iniciação naquele educandário. Foram colocados à minha disposição 24 alunos para a prática e, na platéia, um número considerável de assistentes, todos ávidos para a atividade. Era algo inédito na escola. Fui alertado anteriormente para o modo de ser e a possível agressividade reinante. Todavia, embora não desprezasse o alerta, mantive-me confiante em minhas convicções e experiência: se os ocupasse com a mente e o corpo não haveria problemas, pois estariam satisfeitas suas necessidades de movimento e prazer. E assim foi: não só ministrei uma aula lúdica, como me sobrou espaço para alavancar a participação dos demais alunos da platéia. Imagino que proporcionei o que queriam, isto é, brincadeiras e divertimento. Foi um sucesso! Ao que parece, não lhes sobrou tempo para que me testassem.

Mais recentemente, quando de visita a um educandário localizado na Barra da Tijuca, deparei-me com situação inusitada que bem denota a escalada da violência nas escolas. O prédio (baixo) estava cercado de alambrados, que se repetiam em determinadas áreas “livres” do interior da escola, inclusive a quadra desportiva. Para ingressar nela era necessária a intervenção do áspero e pouco tranquilo bedel que, por suas atitudes e comportamento nos poucos instantes que lá estive, lembrava-me mais um carcereiro. Ele detinha a chave do grande cadeado atrelado a uma resistente corrente. Realizamos duas exibições, mas entre uma e outra, procedeu-se a um intervalo reservado ao recreio dos alunos. Nesta oportunidade, a quadra foi “lacrada” com todo o material pertinente no seu interior. Com certeza, no pensamento dele, segura contra possíveis predadores. Contudo, para experimentar a mim mesmo (e talvez ao próprio inspetor), sugeri-lhe que deixasse aberta a porta de entrada da quadra, pois observara que muitos alunos, de rostos colados ao alambrado, estavam deslumbrados para experimentar algo que lhes parecia totalmente diferenciado. Após muita relutância – ele dizia, “O Senhor não sabe do que eles são capazes! Não se arrisque”! Consegui demovê-lo, tendo enfim destravado o ferrolho. Aos que chegavam e me indagavam de que se tratava, convidava-os a formar grupos de 4 e se confrontarem em animada partida de minivôlei. Foi um corre-corre animadíssimo para não perderem a oportunidade de serem os primeiros e garantir a vaga. Houve praticamente uma invasão organizada da quadra – sempre 4 a 4 – e uma alegria incomparável sem qualquer participação minha. Tudo saiu às mil maravilhas e após o sinal anunciando o término do recreio despediram-se numa boa! O mais interessante foi a expressão do inspetor, com cara de apombocado e estupefato.

Como me alonguei demasiadamente, não toquei no que julgo serem as possíveis causas da escalada dessa violência. Algumas são geradas inclusive por dirigentes políticos e esportivos (Ministério dos Esportes, da Educação, COB) quando proporcionam máxime valor para as competições. Mas dá para perceber a importância do professor, sua formação e sua compreensão do problema. Fica para outra oportunidade.

Roberto Pimentel.

Por João Pessoa
em 24 de Outubro de 2009 às 09:15.

Percebo que a CODESP, através da Prof. Ana Dalva e todo o pessoal que lá representa a nossa Educação Física, vem buscando alternativas para aproximar os participantes dos JERNS, envolvendo-os com ações sem cunho competitivo e sim de cograçamento, como foi a realização na última quarta-feira do II festival de Dança realizado no IFERN e o momento cultural realizado no CAIC, local onde estão alojados a maioria das delegações. São momentos Culturais como os que tivemos ontém as 18h que possibilitarão, uma nova roupagem para os nosos Jogos Escolares. Momentos onde, os demais estudantes não apenas atletas, poderão fazer valer os seus conhecimentos e habilidades, participando do evento e se tornando elemento de vitrine no show da vida. Precisamos com isso, valorizar os vários personagens presentes e partícipes do cotidiano escolar e fazer dos JERNS não apenas um espaço competitivo, mas sim de grande congraçamento cultural.

João Pessoa


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