Cevnautas da Sociologia,
O documentário está na biblioteca: http://cev.org.br/biblioteca/real-madrid-lenda-negra-gloria-branca/ Laercio
Como a ditadura fez o modesto Real Madrid se transformar num gigante?
Do UOL, em São Paulo
28/02/201506h00
Existe uma discussão sem fim no futebol espanhol: o Real Madrid só é tão grande por ter recebido ajuda da ditadura de Franco? Um documentário recente defende essa ideia e levanta a polêmica relação do ditador com o time de Cristiano Ronaldo. A influência na contratação de Di Stéfano, a construção do estádio Santiago Bernabéu, o uso do clube como propaganda internacional e favores dos árbitros são a base do filme de cerca de uma hora.
O documentário se chama "O Madrid real. A lenda negra da glória branca" e é de autoria de Carles Torras. Ex-dirigentes, Di Stéfano e até o neto de Francisco Franco dão depoimentos. O filme defende a ideia de que o Real seria um time modesto não fosse a ditadura franquista.
Di Stéfano é um dos grandes pivôs da disputa que alimenta até hoje a rivalidade entre Real e Barcelona. Lenda entre os torcedores merengues, o argentino chegou à Espanha para assinar com o Barça. No entanto, havia um imbróglio entre River Plate e Millonarios-COL sobre o dono de seus direitos.
O Barça fechou com o River, enquanto o Real tratou com os colombianos (durante um tempo não reconhecidos pela Fifa). A decisão da federação espanhola foi que Di Stéfano atuasse uma temporada em cada time durante quatro anos. A equipe catalã considerou o negócio absurdo e desistiu. Segundo o filme, a posição da federação foi resultado da influência de Franco.
Naquela época, o Barcelona, símbolo da Catalunha, tinha um time poderoso comandado pelo húngaro Ladislao Kubala, estrela do momento, e Franco queria fortalecer o Real Madrid para usar sua imagem na propaganda internacional de seu regime. Não à toa, alega o documentário, um amigo de Franco, Raimundo Saporta, entrou no clube e assumiu a responsabilidade de exportar a marca Real Madrid.
O filme também defende que o estádio Santiago Bernabéu foi construído com dinheiro público num surpreendente intervalo inferior a três anos, mesmo em um período no qual o país ainda se recuperava da Guerra Civil e o clube andava mal das pernas financeiramente. O presidente do Real na época era Santiago Bernabéu, ex-jogador do clube e soldado das tropas de Franco durante a guerra.
O último grande argumento do documentário é a íntima e suspeita relação do clube com a comissão de arbitragem da época. Presentes eram enviados às mulheres dos árbitros. "Tínhamos o costume de mandar presentes para as esposas, como ramos de flores", declarou um ex-dirigente do Real.
O fato é que, durante a ditadura liderada por Franco, o Real Madrid encerrou um jejum de duas décadas sem ganhar o Espanhol e faturou 14 troféus, além de suas primeiras seis copas europeias. Um salto e tanto.
FONTE: http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2015/02/28/como-a-ditadura-fez-o-modesto-real-madrid-se-transformar-num-gigante.htm
Comentários
Por
Cássio Ferreira Figueiredo
em 27 de Abril de 2015 às 01:20.
Interessante verificar que muitos fatos ainda são obscuros nessa relação entre Real Madrid e o ditador Francisco Franco, pois alguns diziam que sua idéia era utilizar a equipe como meio para se fortalecer policamente, já outros defendem que ele apenas queria vê-la se sobressaindo sobre o rival Barcelona. Mas além da disputa pelo craque Di Stéfano que causou grande revolta do lado catalão, outro fato questionável é a construção do estádio Satiago Bernabéu com dinheiro público, o que corrobora com a afirmação de que tenham prevalecido interesses políticos na época. Verifiquei que ao longo do tempo foi construída uma imagem de que o suposto apoio de Franco ao Real Madrid, criava-se a idéia do clube possuir torcida com grande poder aquisitivo, enquanto o rival Atlético, possuia uma torcida contraria a ditadura, e esta seria a classe trabalhadora, ou como até hoje costumam chamar, o time do povo. Mas vejo que são esteriótipos sem fundamento, pois pesquisas já demonstraram que o Real Madrid possui grande parte de torcedores de classe mais baixa, apesar da localização do estádio, próximo de grandes empresas e bancos. Apenas o Rayo Vallecano, também rival do Real, que não tem nada a ver com a história toda, tem sua torcida formada pela classe trabalhadora no bairro de Vallecas em Madrid.
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