Tenho à minha frente quatro livros, os quais indico para leitura (obrigatória...) para quem quer saber um pouco mais sobre os esportes no/do Maranhão:

 

CARVALHO, Claunísio Amorim. TERRA, GRAMA E PARALELEPÍDEDOS – os primeiros tempos do futebol em São Luís (1906-1930). São Luís: Café & Lápis, 2009. (claunisio@hotmail.com) www.casfeelapis.com.br

Pesquisa de fôlego sobre os primórdios do futebol maranhense. Monografia de graduação em História. Conforme o Autor teve como fonte principal o Jornal Pacotilha, por ser pouco explorado por Dejard Martins e Leopoldo Vaz...

O recorte temporal 1906-1930 atende ao período amador, caráter primordial do futebol brasileiro. Está dividido em três capítulos – os primórdios do futebol, a popularização e o processo de organização.

Trabalha, na questão teórica, com Norbert Elias, Bordieu e DaMatta. Muito bem, aliás. E o que já vinha eu ressaltando, de há muito, confirma-se com essa obra do jovem historiador: o futebol maranhense é tributário, direto, do futebol inglês! Não teve nada a ver com a introdução do futebol no resto do Brasil... Mais não conto, pois busque o livro (compre! Ajudem o autor)... Boa leitura!

 

LACÉ LOPES, André Luis. MARRAIO FERIDÔ, SÔ REI! Rio de Janeiro: Europa, 2007. alace@alternex.com.br

História, histórias e poesia. O Autor é um dos mais importantes pesquisadores sobre a Capoeira carioca (desta, é sem duvida o mais importante...). Autor de inúmeros livros sobre a capoeiragem, todos editados em formato tradicional, de cordel (mais tradicional, impossível...) e em meio eletrônico (DVD), em várias línguas, distribuídos em vários países... Mestre em dupla jornada, Capoeira e em Administração, tem uma relação antiga com os esportes. Seja como praticante, seja como planejador/elaborador de projetos de desenvolvimento. Conheço trabalhos dele desde a década de 1970, quando não se planejava cientificamente o esporte...

Seu livro é uma síntese da vida... Vale a leitura, começando, no capitulo 1, com o Jogo de Bola de Gude... Sim, trata do jogo de peteca, como é conhecido aqui no Maranhão. Bom jogo...

 

MOREIRA FILHO, Eliezer. MEMORIAS DE MEU TEMPO. São Luis: UNICEUMA, 2008. Volume 1, de cartas a minhas filhas.

Livro de memórias, não poderia ser de outra coisa, desse advogado carioca que se destacou na área de administração publica no Maranhão, terra natal de sua família. Este volume tem duas partes: a primeira, Barra do Corda em que vivi relata o cotidiano vivido naquela cidade do interior maranhense; a outra parte, a minha época, compreende sua trajetória dos 11 aos 30 anos vividos em São Luis e Rio de Janeiro, nos ‘anos dourados’. O Volume 2 tem por titulo ‘Historias que os jornais não contam’, e tratam de sua trajetória política e de administrador publico.

O que nos interessa, para a historia dos esportes, é o Volume 1, quando narra os acontecimentos de esportista. Hilária, as historias vividas. Eliezer fez parte daquela geração a que tenho denominado de “Geração de 53” – ainda vou escrever sobre isso... – que foi responsável pela continuidade da consolidação dos esportes na São Luis dos anos 30/40, a ‘Geração dos Erres” – também vou escrever sobre isso... Cartas as minhas filhas bem poderia ser cartas para nos todos... Voltando, essa “geração de 53” vem a ser a responsável pelos acontecimentos ligados aos esportes no final dos anos 60, inicio dos anos 70, culminando com a criação dos Jogos Escolares Maranhenses, que tem em Claudio Vaz dos Santos – não, não é meu parente! – a maior figura... leitura de um só fôlego...

 

A quarta indicação, já tem algum tempo de lançada. Data de 2005, mas poucos sabem de sua existência, melhor, de seu lançamento. São as memórias de Raul Guterres, um dos ERRES e da Geração de 53 citadas acima...

 

BRANDÃO, Frederico. UM MARANHENSE CHAMADO RAUL GUTERRES. São Luis: EdiCEUMA, 2005. Depoimentos...

Algumas pessoas tornam-se o elo principal de uma corrente de amigos que não se desgrudavam em todos os momentos de suas vidas. Alguns se destacavam mais, pelo seu modo de ser, outros menos, mas não poderiam estar desvinculadas, suas vidas, dos acontecimentos que viveram e produziram...

Tivemos, na historia dos esportes de São Luis do Maranhão, figuras emblemáticas.   Nhozinho Santos, seus irmãos e Gentil Silva, na implantação dos esportes modernos no inicio dos Novecento – 1905 a 1930 – (ver indicação de leitura prima); depois, tivemos a “Geração dos ERRES”, aqueles jovens que se destacaram na vida sócio-esportiva maranhense nos anos 40, estendendo-se até os anos 50 e 60, influenciando a geração seguinte, a de “53”. Raul Guterres transitou por essas duas gerações... Assim como tantos jovens que destacaram nos anos 60, inicio dos anos 60, que tiveram uma importância fundamental, foi ofuscado pela figura do Claudio Alemão...

Quem foram esses jovens? Só lendo os três livros dos autores maranhenses que aqui indico... Para entender o jogo de peteca, lendo o André e o Ivan Sarney, e o Martins, em suas crônicas sobre a cidade... Mas essas leituras ficam para outras indicações...

Estas já dão para uma boa leitura nas ferias que se aproximam se resistirem ate lá...

 

Mas eu que não vou resistir a outra indicação, com um comentário, embora não tenha nada  a ver com os esportes, mas muito com o Maranhão. Trata-se do “Dicionário Histórico e Geográfico do Maranhão”, de Cesar Marques, em sua 3ª edição...

 

MARQUES, César Augusto. DICIONÁRIO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO. 3ª ed. Revista e Ampliada. Edição crítica de Jomar Moraes; Índice remissivo de Lino Moreira. São Luis: AML; UEMA, 2009.

Quando do lançamento, a repórter da Mirante começou seu comentário dizendo que hoje é comum pessoas de outras profissões lançarem livros de áreas que não são a sua. Citou Cesar Marques, por exemplo, que estava lançando nova edição de seu livro. Embora médico, se aventurava pela História. Um médico avançando na profissão do historiador...

Falta de cuidado ou de conhecimento? Ou de leitura? Quando recebeu a pauta, não se deu ao trabalho de investigar sobre o assunto? A primeira edição do “Dicionário...” é de 1870; a segunda, de 1970, e esta terceira, após mais de 15 anos de revisão, e ampliação, por Jomar Moraes, estava sendo apresentada ao público...

Estava eu na “Viva Água”, ‘malhando’, quando ouvi/vi a Repórter fazer esse comentário, antes de entrevistar a Jomar Moraes, na edição do Bom Dia.

Uma senhora, na esteira ao lado, comentou que a Repórter tinha razão. Disse eu à senhora, que não, que Cesar Marques fora um medico famoso, que como todo intelectual de sua época, escrevia sobre vários assuntos, e que se dedicara especialmente à nossa Historia; que seu livro fora escrito em uma época em que não havia a formação do “historiador de carteirinha”, aquele que freqüenta os bancos da Universidade...

Nem havia Universidade no Brasil... Nem curso de Historia, onde pudesse se formar, apenas os ‘de Marinha’, de Direito, de Medicina... Não estava invadindo a área, ou profissão, de ninguém...

Pois bem, à noite, no lançamento do livro, na Academia Maranhense de Letras, Jomar, emocionado, disse que não se pedisse a ele autografo, pois o autor era Cesar Marques...  Disse mais: uma repórter de um grande jornal do Estado, perguntou-lhe se não seria possível entrevistar o autor, Cesar Marques, no lugar do editor, Jomar Moraes...

Fecha o pano!    

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