Com Copa do Mundo e Jogos Olímpicos na agenda dos próximos anos, o futuro governo terá de superar desafios em educação, alto rendimento e infraestrutura.
METAS DO ESPORTE NO NOVO GOVERNO
Educação
Aprimoramento do papel da educação física
Descentralização dos investimentos em escolas
Implantação de um projeto único e coordenado
Alto rendimento
Controle sobre a gestão do alto rendimento no país
Qualificação profissional dos treinadores
Atenção para mais modalidades esportivas
Infraestrutura
Criação de centros de aprimoramento técnico
Atenção à criação dos possíveis elefantes-brancos
Implantação de infraestrutura aeroportuária e de mobilidade urbana adequadas à agenda atual

Essas três esferas são fundamentais para abrigar megacompetições como as previstas para o país em 2014 (Copa do Mundo) e 2016 (Olimpíadas). Outro aspecto importante é o combate à corrupção. O mandato presidencial é válido até o ano da Copa do Mundo, mas será preciso deixar o projeto para as Olimpíadas bem encaminhado para o próximo mandato.

"Tem de tomar conta para que o superfaturamento do Pan-2007 não ocorra em proporções muito maiores nos dois eventos. Se eles deixarem o barco correr solto, vai ser um escândalo financeiro muito maior", diz Alberto Murray Neto, integrante do Tribunal Arbitral do Esporte, em Lausanne, última instância do mundo da justiça esportiva, ex-membro do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e um dos maiores críticos ao modelo de gestão esportiva do país atualmente.

Educação

A explicação para um grande investimento público no esporte é o benefício que a prática de alguma atividade pode trazer para pessoas de todas as idades. Aproveitando a atenção que a Copa e as Olimpíadas geram, o governo pode tornar o incentivo ao esporte uma política pública e usá-lo como mecanismo de ação social.

"O esporte tem de chegar a mais pessoas, e o governo tem de ajudar nisso. Uma cidade como o Rio de Janeiro, por exemplo, ganharia muito se tivesse espaços com pessoas praticando esporte", afirma Ana Moser, ex-atleta de vôlei e integrante da ONG Atletas pela Cidadania, que defende o conceito.

A ideia mais difundida é que as escolas precisam dar mais estímulo ao esporte, equiparando, por exemplo, a educação física às demais disciplinas. "Até o ensino fundamental, a maior parte das crianças está nas escolas municipais. Então você tem de qualificar o profissional da cidade", declara Ana Moser.

Alto rendimento

O sucesso no uso do esporte como ferramenta educacional e social também pode estimular novos talentos esportivos –já que o universo de praticantes aumentará. Com isso, o desafio do novo governo será otimizar a descoberta de atletas e encontrar soluções para tratar a parte mais alta da pirâmide, atletas de alto rendimento.

"Na medida em que o governo federal paga os custos do esporte, acho natural que haja uma prestação de contas por parte de quem recebe esse dinheiro", disse Murray Neto. O advogado também defende a tese de que, além de metas (como as estabelecidas pelo governo federal no mês passado de ser top-10 em 2016), o poder público, na condição de mecenas do setor, exija renovação nas confederações e no Comitê Olímpico Brasileiro.

Recentemente, o UOL Esporte apurou que o governo federal vai investir mais de R$ 4,5 bilhões no esporte até o fim do atual ciclo olímpico. O montante ratifica a posição do poder público como grande provedor do setor.

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Infra-estrutura

O legado mais visível da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos também precisa de atenção. Aparelhos esportivos serão construídos em todo o país para atender às necessidades das duas competições.

A maior preocupação é com o uso posterior desses espaços. Estádios milionários para a Copa do Mundo, por exemplo, serão erguidos em praças pouco tradicionais, como Cuiabá e Manaus. Em outras, como Pernambuco, os clubes locais ainda não definiram se utilizarão a arena do Mundial.

Nas Olimpíadas, o eleito terá de evitar que problemas dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, que teve estouro de orçamento e atrasos em obras sucessivos, se repitam. A maioria das instalações construídas para a competição está subutilizada, com poucas competições e fechada para o uso público.

Além disso, os dois megaeventos exigem melhora na infra-estrutura urbana das cidades. Os aeroportos do Rio de Janeiro, por exemplo, precisam ser melhorados para 2014, já que a final do Mundial será lá, mas principalmente para 2016. Em São Paulo, o desafio é o mesmo.

Uma das principais preocupações da Fifa é o caos aéreo. E a entidade já considera dividir as sedes de maneira que o turista tenha de viajar o menos possível dentro do Brasil.

A mobilidade urbana é outro problema, e a cidade de São Paulo é o maior exemplo disso. A decisão sobre que estádio vai abrigar a sede paulista anda lado a lado com a ampliação do metrô na capital. Inicialmente, os planos de expansão passavam pelo Morumbi, estádio que foi vetado para a Copa. Agora, com a inclusão do estádio do Corinthians em Itaquera na discussão, ideias de como tornar o extremo leste da cidade mais acessível aos turistas também virão à tona.

O mesmo acontecerá no Rio de Janeiro, que precisa ampliar a oferta de transporte público se quiser que a realização das Olimpíadas não cause um caos no trânsito carioca. E tudo isso só será conseguido com financiamento federal.

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