INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

Aldo Barreto

A existência de uma de base de informação, seja ela oral, textual, digital, sonora ou imagética e a sua apropriação por um receptor precedem a existência de um conhecimento subjetivo; isto é uma conclusão coerente com a teoria da ciência da informação. O conhecimento não é algo que de algum modo se deduz, ou se maneja no mundo do secreto ou das crenças. Um conhecimento só pode ser criado se o “indivíduo” que o possui tenha condições primeiro de inscrevê-lo em uma estrutura de informação de qualquer tipo, com qualquer código, para então, possibilitar sua transferência para apropriação por outros seres humanos conscientes e que compartilham do mesmo universo semântico.

Esta foi uma posição que sempre defendi nos tantos anos dedicados a docência na pós-graduação. Com prazer vimos no último número da conceituada Revista First Monday o professor da Universidade de Washington explicando em longo artigo porque é uma incoerência lógica tratar o conhecimento como alguma coisa manejável. Seu artigo tem o nome de:

Nenhum conhecimento existe sem uma informação
[No knowledge but through information]

by William Jones.
First Monday, Volume 15, Number 9 – 6 September 2010
http://www.uic.edu/htbin/cgiwrap/bin/ojs/index.php/fm/article/viewArticle/3062/2600

Fala o texto:
“Este é um artigo que discute o seguinte: 1. A informação é uma coisa que pode ser tratada e controlada, o conhecimento não é. 2. O conhecimento pode ser gerenciado de forma indireta só através da gestão da informação. 3. gestão do conhecimento pessoal (PKM) é, portanto, melhor considerado como um subconjunto do gerenciamento de informações pessoais (PIM) .

Não há gestão do conhecimento, exceto através de uma gestão da informação ‘Gestão’ vem de ‘gerenciar’, que deriva do latim “manus” – mão. O gerenciamento praticado por muitos dos nossos antepassados não se referia ao controle de um escritório, por exemplo, O gerenciamento deles era o manejo tipo colocar “mãos a obra”. Meu avô era um fazendeiro. A gestão de seu gado e suas colheitas era realizado literalmente no “mãos à obra”. O mesmo poderia ser dito para a minha avó e como ela conseguiu “manejar” o lar. Ou do comerciante da cidade que conseguiu sua loja.

O conhecimento não é uma “coisa” e não pode ser gerido diretamente, não pode ser manejado. Se pensarmos que temos o conhecimento “em nossas mãos” estamos na realidade tocando com as mãos em uma base com informações susceptíveis de ter um formato em algum espaço. Isso não quer dizer que a gestão do conhecimento não seja possível. Sempre podemos fazer a gestão do conhecimento através da informação a ele relacionado. Não existe gestão do conhecimento, exceto através do gerenciamento de informações.”

William Jones is an Associate Research Professor in The Information School at University of Washington, USA.

Leia mais textos de Aldo Barreto no Blog http://aldobarreto.wordpress.com/

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