Prezad@s 2013 começa cheirando a mofo... Vejam Editorial da FSP de hoje, terceiro dia do ano. Opinião TAMANHO DA LETRA   COMUNICAR ERROS   IMPRIMIR   LINK   COMPARTILHAR    TEXTO ANTERIORPRÓXIMO TEXTO  EDITORIAIS editoriais@uol.com.br Atavismo médico Após uma década de tramitação, permeada por verdadeira guerra entre corporações, aproxima-se da votação final o projeto de lei que define o ato médico. Se não houver novas intercorrências, a proposta vai ao plenário do Senado em março e daí à sanção presidencial. Verdade que o projeto atual é um pouco melhor do que sua versão inicial, mas ele ainda conserva traços excessivamente corporativistas. Uma interpretação literal do artigo 4º, III, parágrafo 4º, por exemplo, torna exclusividade de médicos fazer tatuagens, instalar piercings e fazer acupuntura. Também é complicado, em pleno século 21, marcado pelo esmaecimento das fronteiras entre os vários ramos da ciência, aceitar o inciso III do artigo 5º, que torna privativo de médicos o ensino de disciplinas médicas. Se os próximos grandes avanços vierem, como se imagina, da nanotecnologia e das células-tronco, teremos cada vez mais físicos, engenheiros, biólogos e biomédicos com conhecimentos e técnicas relevantes para ensinar aos médicos. A principal falha do projeto, entretanto, não está nesses exageros corporativistas, com grande possibilidade de engrossarem o rol das "leis que não pegam". O próprio texto, aliás, diz que a aplicação da norma deverá resguardar as "competências próprias" de outras profissões relacionadas à saúde. O erro fundamental da proposta é mais profundo. Ela parte do falso pressuposto de que a saúde é um feudo a ser repartido entre as diversas categorias profissionais e, assim, tenta reservar ao médico o papel de suserano. Ninguém duvida nem contesta que os médicos sejam a peça mais fundamental de qualquer sistema de saúde. São eles, afinal, os detentores do conhecimento. Ainda assim, a máquina só funciona se todas as engrenagens estiverem operando em conjunto. Os países mais desenvolvidos discutem novas maneiras de integrar e imprimir eficiência a equipes de saúde, mas no Brasil enfrentam-se as dificuldades contemporâneas com uma anacrônica demarcação de território. É um projeto com respostas do início do século 20 para necessidades do século 21.   O antepenúltimo e o último parágrafos parecem conversar com a EF... Abraços Lino

Comentários

Por András Vörös
em 5 de Janeiro de 2013 às 19:04.

Caro Lino:

curiosamente noto coincidência em tuas posições com a frase lapidar: "Verdade que o projeto atual é um pouco melhor do que sua versão inicial"

No vídeo postado sobre o debate entre a Licenciatura e o Bacharelado (contigo e a Celi) vc também se expressou da seguinte forma : "nós construímos o que era possível".

Parecem justificativas a uma capitulação nos ideais.  Assim como não há mulher meio grávida, também não temos leis, portarias,resolusões um pouco boas !!! 

Eu prefiro como título: Feliz 2013, um Ano que estimula o recomeço !

Por Lino Castellani Filho
em 6 de Janeiro de 2013 às 15:51.

Prezado András

Antes de tudo, que 2013 lhe sorria!

Só posso atribuir à ressaca das festas desta época do ano o fato de você ter misturado a mensagem que encaminhei para esta lista ("Feliz ano Velho", com a outra só encaminhada à lista onde a reflexão sobre a formação profissional em EF vem se dando (rss)

Assim, para esclarecer aos nossos colegas de lista dos "tocadores", vale dizer que o vídeo a que se refere diz respeito ao tema Licenciatura e Bacharelado e nada tem a ver com o tema do "Feliz ano velho", o qual traz matéria atual sobre o significado da possível aprovação do denominado "Ato Médico", tema esse, por sinal, motivo de interessante debate na FSP deste Sábado passado, na seção "Tendências e Debates".

Em relação à frase por mim formulada, vejo necessidade de colocá-la no contexto em que foi dita. Estava eu me referindo a um quadro político de correlação-de-forças amplamente conservador e, portanto, desfavorável ao campo progressista.

Circunstâncias políticas - que busco explicitar na minha participação no debate gravado em vídeo - nos permitiu papel protagônico (ao lado de outros protagonistas, diga-se) de estabelecer ações voltadas à superação do Parecer 138 - base de sustentação do que seria as novas diretrizes curriculares se nossa intervenção não acontecesse.

O resultado reflete uma compreensão de política em seu sentido Gramsciano, na qual o otimismo da vontade leva em conta o pessimismo da razão, dando vazão ao entendimento de política como espaço de construção de consensos os mais amplos possíveis e não, como querem outros, como espaçao de puro e simples cotejo de projetos...

Nesse contexto, minhas palavras voltam a se apoiar em Gramsci ao explicitar a compreensão que, na luta travada pela hegemonia e levando em conta as relações de poder existentes, nosso lugar era - como ainda é - contra-hegemônico... E com esse entendimento a embasar nossa estratégia de luta política, soubemos avançar para além daquilo que o infeliz parecer 138 anunciava...

Forte Abraço

Lino 


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