A Aptidão Funcional e o Risco de Quedas em Pessoas Idosas
Por Élvio Rúbio Gouveia (Autor), Bruna Gouveia (Autor), Marcelo Nascimento (Autor), ; Cíntia França (Autor), Andreas Ilhe (Autor).
Em XIX Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
Quedas são eventos responsáveis pela perda de independência física e aumento da mortalidade entre os idosos. A origem das quedas é multifatorial, contudo, a aptidão funcional tem um impacto importante na sua prevenção. Objetivo: Investigar, entre as componentes da aptidão funcional, qual a que melhor prediz a probabilidade de uma pessoa idosa apresentar um risco acrescido de queda. Metodologia: Uma amostra de 801 idosos (400 mulheres), residentes na comunidade, autónomos, 69.8 (SD = 5.6) anos de idade, participaram neste estudo. O risco acrescido de queda foi calculado a partir da escala de equilíbrio Fullerton Advance, considerando o ponto de corte de 24/40 pontos. As componentes da aptidão funcional foram avaliadas através da bateria de testes Sénior Fitness Test. Uma análise de regressão logística foi conduzida para avaliar o impacto das componentes da aptidão funcional na probabilidade de as pessoas idosas apresentarem um risco aumentado de quedas. Resultados: O modelo composto por seis variáveis (idade, género, força e flexibilidade dos membros inferiores, agilidade e equilíbrio dinâmico, e resistência aeróbia) foi estatisticamente significativo (χ2 (6, N = 801) = 302.38, p < .001), indicando que o modelo foi capaz de distinguir idosos com risco acrescido de quedas. O modelo como um todo, explicou entre 32% (Cox & Snell R square) e 52% (Nagelkerke R squared) da variância do risco de quedas, e classificou corretamente 89% dos casos. No modelo como um todo, apenas três variáveis independentes contribuíram significativamente, sendo que o score do teste da agilidade e equilíbrio dinâmico foi o mais forte para o risco de queda aumentado (OR = 1.79; p < .001), seguindo-se a idade (OR = 1.06; p = .008) e a resistência aeróbia (OR = 1.0, p = .003). Conclusão: As componentes da aptidão funcional, a idade e o género explicaram uma quantidade de variância no risco de quedas elevada. A agilidade e equilíbrio dinâmico, e a resistência aeróbia, se apresentaram como os preditores mais fortes do risco de queda. Estes dados suportam a implementação de programas de intervenção na comunidade focados na melhoria da aptidão funcional, sobretudo, em pessoas mais idosas.