Resumo
Em 2014, o Brasil foi sede da Copa do Mundo de Futebol da FIFA. Por conta disso, o governo federal lançou na mídia, em especial na televisão aberta, um conjunto de propagandas sobre o megaevento, dando indícios de perpetuar a prática histórica de utilização do futebol com finalidades político-ideológicas em nosso país. Sendo assim, o objetivo desta dissertação é verificar como se deu o uso político-ideológico do futebol nas propagandas governamentais relacionadas à realização da Copa do Mundo 2014. Do conjunto de propagandas, selecionamos quatro peças, analisadas a partir de quatro categorias diferentes:1) Plataforma Política; 2) Nacionalismo; 3) Aceitação da Copa; 4) Combate ao Racismo. Para as análises, apropriamo-nos de conceitos da Análise de Texto, baseada na Semiótica. Dessa forma, utilizamos as orientações de Mikhail Bakhtin para os textos verbais e os pensamentos de Roland Barthes e seu seguidor direto, Jacques Durand, para os textos não-verbais. Tendo como fio condutor esse referencial teórico, identificamos nas peças de propagandas - por meio de relações intertextuais - a tentativa de promoção política do Partido dos Trabalhadores (PT), agremiação que sustenta a base do Governo Federal, bem como incursões que poderiam ajudar a alavancar a candidatura do referido partido à reeleição à Presidência da República, posto que 2014 também foi ano eleitoral no Brasil. As peças analisadas incentivaram o exacerbado sentimento de nacionalismo por meio de signos ideológicos, como cores da bandeira nacional, gestos e expressões de orgulho, felicidade e união. Além disso, intencionou-se, por meio delas, a aceitação popular da Copa do Mundo em si, uma vez que, no período aproximado de um ano que antecedeu o início do megaevento, a população encontrava-se insatisfeita com questões políticas, as quais incluíam a realização da Copa. Por fim, foi atribuído ao futebol a capacidade de combater o racismo, ao menos durante a Copa do Mundo. Diante disso, concluímos que o uso político-ideológico do futebol se deu na construção do conjunto de propagandas governamentais da "Copa das Copas" pelos seguintes motivos: tentativa de exacerbar o sentimento de nacionalismo; promover o principal partido da base do governo; criar expectativas favoráveis à realização do megaevento; e finalmente, contribuir com o combater ao racismo.