Resumo

A presente investigação teve por objetivo compreender como a dança pode se configurar em espaço-tempo de compartilhamento de experiências nas aulas de educação física no ensino médio. As ideias de dança discutidas nesse trabalho percorrem os entendimentos apresentados por Saraiva-Kunz (2003), Saraiva et al (2005 a, b; e.o.) nos quais a dança, como prática estética, possibilita a materialização da sensibilidade humana, ampliando a capacidade expressiva e, no contexto educativo enquanto elemento da cultura de movimento, contribui para a instauração de uma atitude crítica. Com relação aos jovens e às culturas juvenis, busca-se perceber a juventude como categoria socialmente constituída, que atende a fenômenos existentes e possui uma dimensão simbólica, mas também precisa ser analisada a partir dos aspectos fáticos, materiais, históricos e políticos, nos quais toda a produção social se desenvolve. Nessa direção, orientam nossas discussões Abramo (2005), Dayrell (2005; 2007), Ortega (2006) entre outros. Já nas discussões sobre subjetividade, trazemos como ideia principal aquela apresentada por Merleau-Ponty (1999), revelando-nos que a subjetividade que somos é resultado de uma complexa relação com o mundo e com os outros que estabelecemos a partir do nosso corpo. Essa pesquisa qualitativa encontrou na orientação fenomenológica/hermenêutica, o suporte teórico-metodológico necessário para explorarmos a complexa realidade vivida, construída e reconstruída constantemente pelas significações e sentidos instituídos pelos sujeitos. Os colaboradores dessa investigação foram jovens pertencentes a uma escola da rede pública estadual, na qual a dança é tida como componente da educação física curricular, e são de uma série do primeiro ano do ensino médio. Os instrumentos utilizados para a coleta das informações foram a observação participante, diário de campo e grupo focal. Interpretando as informações reveladas pelo campo, a atividade da dança se evidenciou como possibilidade de compartilhamento de experiências e, as tensões geradas pela sua vivência/experiência podem constituir, de fato, outro espaço-tempo na escola, significativo e significado pelas experiências sociais, contribuindo para a (trans)formação da subjetividade. Diante as discussões realizadas e, cientes de que seria possível outros olhares para esse fenômeno, revela-se que no trabalho com a dança na escola, instaura-se um espaço-tempo que se abre para configurações de novos sujeitos que podem, ao menos por alguns instantes, desfrutar de uma experiência estética capaz de potencializar a sensibilidade humana, qualidade tão requisitada nos tempos atuais.

Acessar Arquivo