Resumo

Analisa os debates em torno da Dança, como conteúdo da disciplina Educação Física, para compreender as lutas de representação entre diferentes autores que publicaram na imprensa periódica especializada da área, ao longo das décadas de 1930 e 1940. Objetiva identificar as formas e sentidos atribuídos à Dança na escolarização, após a obrigatoriedade da Educação Física no sistema educacional, tendo como fonte os impressos pedagógicos e de variedades da Educação Física. Como referencial teórico, utiliza os conceitos de lutas de representações (CHARTIER, 1990), de estratégia, tática, práticas de consumo e dispositivo (CERTEAU, 1994), e da microhistória (GINZBURG, 1999), com o paradigma indiciário e a circularidade cultural, além de em Chervel (1990), estabelecer nexus com a história das disciplinas escolares, e em Julia (2001) abordar a cultura escolar como objeto histórico. Metodologicamente, faz uso da crítica documental (BLOCH, 2001). Como resultados, percebe-se que havia uma luta de representações entre diferentes formas de interpretar o sentido da dança na escolarização, apesar de os autores dialogarem com literaturas e representações muito próximas, fruto de uma época e de necessidades sociais e políticas a serem resolvidas pela escola. Conclui-se que havia um grande consumo de autores norte-americanos, principalmente homens e médicos, percebidos por meio de referências e traduções, para falar sobre o sentido da dança, como saúde, estética, feminilidade e produção de virtudes, atribuindo a ela diferentes funções sociais e escolares, estabelecendo uma precisa relação de gênero, o que vai se modificando ao longo do tempo, com o aparecimento de outros discursos e propostas sobre esse conteúdo de ensino, principalmente após 1945, os quais passam a ser produzidos não apenas por teorizações, mas por um conhecimento que nasce da cotidianidade dos processos de ensino, realizados por atores ligados à Escola Nacional de Educação Física e Desportos.

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