A educação das relações étnico-raciais nas aulas de educação física: processos educativos desvelados
Por Samuel Feliciano Pereira (Autor), Fábio Ricardo Mizuno Lemos (Autor).
Em IX Colóquio de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana
Resumo
Diante da histórica luta das mulheres e homens negros/as e indígenas no Brasil, que diariamente buscam resgatar a sua humanidade enquanto pessoas livres e de direitos fundamentais, é necessário que as escolas busquem fortalecer a resistência desses grupos por meio de um ensino pautado na Educação para as Relações Étnico-Raciais, assegurado pelas leis 10.639/03 e 11.645/08, que instituem a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura africana, afro-brasileira e dos povos indígenas no ensino fundamental e médio. Esta pesquisa de natureza qualitativa teve como objetivo compreender os processos educativos desencadeados por vivências com elementos da cultura africana e afro-brasileira junto a um grupo de educandos/as de um Projeto Social durante as aulas de Educação Física. Ela foi desenvolvida em um projeto social de um município do interior do estado de São Paulo, Brasil, com 11 discentes do período matutino, com idade entre 10 e 16 anos, sendo 3 meninas e 8 meninos. Para a coleta dos dados, foi utilizado o diário de campo com os dados do nosso dia-a-dia de vivências, rodas de conversa antes e após cada atividade proposta na pesquisa e entrevistas do tipo semiestruturada ao final de todas as atividades. Abordamos neste estudo jogos que são caracterizados como de origem africana e que estão presentes na série sul-coreana “Round 6” (“Cinco Marias” e “Bolinha de Gude”); uma dinâmica geográfica com mapas do continente; jogos e brincadeiras oriundas/os de alguns países do continente africano (“saltando feijão”, “pegue o bastão”, “labirinto” e “o gato e o rato”); e apresentação do filme/documentário “Emicida: Amarelo - É Tudo Pra Ontem”, que propõe celebrar a memória de personalidades e heróis/heroínas negros/as que foram alicerce para que pudéssemos chegar até aqui, superando preconceitos/desigualdades e fortalecendo a nossa brasilidade. Foi possível identificar através das vivências que os/as discentes conheciam os jogos e as brincadeiras que vivenciaram, porém com outro nome; o sentimento de representatividade ao assistirem o filme “Amarelo”; a importância dos povos africanos e afro-brasileiros para a construção cultural e artística em nosso país; assim como a riqueza cultural de diversas etnias espalhadas pelos países que compõem o continente africano. Por ser a Educação Física um componente curricular obrigatório da educação básica, é fundamental que trabalhe com o ensino das relações étnico-raciais por meio dos jogos, das brincadeiras e outros instrumentos importantes para a construção de saberes sobre as questões raciais e ancestrais da cultura africana, afrobrasileira e indígena.