Resumo

Objetivou-se neste estudo planejar e executar um modelo de Jogos Interdisciplinares no âmbito escolar, no intuito de integrar a participação das demais disciplinas escolares além da educação física. Entende-se que o esporte, fenômeno sócio-histórico-cultural, pode ser analisado, debatido e refletido nas mais distintas áreas de conhecimento em um contexto de interdisciplinaridade, considerando a diversidade de saberes curriculares e extracurriculares integrados à Escola. Ao longo do tempo, o uso do esporte tem sido uma exclusividade da Educação Física no planejamento e execução dos eventos culminantes da escola, observando-se inclusive um afastamento dos demais componentes curriculares no referido período, o que não compactua com que se espera no Projeto Político-Pedagógico. Logo, estabelecer o diálogo e o planejamento coletivo se faz relevante numa perspectiva pedagógica, no intuito de ampliar a oferta de ações e possibilidades para que hajam melhores relações de ensino-aprendizagem, metodologias inovadoras, e ampliação do acesso ao fenômeno esportivo, haja vista as distintas aptidões do alunado e os anseios da comunidade escolar nesta temática, com destaque as desigualdades de gênero no esporte. Trata-se de um relato de experiência realizado a partir da coleta de dados produzida por meio de Grupo Focal, de natureza qualitativa e caráter descritivo, exploratório e propositivo, cujo a finalidade foi avaliar o modelo de Jogos Interdisciplinares realizado na escola. Participaram 10 professores atuantes nos anos finais do ensino fundamental de uma escola da rede municipal de ensino de Cidade Ocidental-GO, que refletiram acerca do fenômeno esportivo e da competição, sob a ótica da interdisciplinaridade, mediante entrevista semiestruturada de 8 questões. O relato dos professores demonstra que a proposta de uma competição que aborda o contexto da interdisciplinaridade possui maior potencial de envolvimento da escola e da comunidade. Observou-se que em números a participação feminina foi menor nas atividades esportivas, principalmente na competição de futsal, mais popular entre os estudantes. Nas modalidades de atletismo, capoeira, damas e xadrez, a participação de meninos e meninas foram mais similares, apesar da predominância masculina. No tênis de mesa não houve participação feminina, enquanto no Jiu-Jitsu houve maior participação em aspectos numéricos, considerando que houve uma menina a mais em relação aos meninos. No voleibol participaram apenas duas equipes, ambas femininas, enquanto na queimada as meninas se faziam maioria. Já nas atividades competitivas interdisciplinares, com características de serem mais intelectuais ou artísticas, com menor solicitação de esforço físico e de habilidades físico-esportivas, a participação feminina foi massiva. Infere-se que há a necessidade de propostas na escola e na EF escolar a fim de reduzir a evasão de meninas nas práticas esportivas educacionais. Estabelecer a cultura da participação feminina nestes eventos culminantes é essencial para a equiparação de oportunidades e, por consequência, a diminuição de preconceitos e estereótipos ligados a esta cultura de não participação das meninas no esporte. Por outro lado, nota-se a necessidade de um planejamento pautado no diálogo de ideias propositivas que venham não apenas projetar eventos culminantes, mas que abordem temáticas relacionadas às questões de gênero na cultura esportiva, no intuito de quebrar paradigmas e evidenciar o empoderamento feminino.

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