Resumo

O presente relato de experiência se configura como uma produção a partir de um Programa de Capacitação em Atenção à Saúde da Criança, o Multicampi, que se propôs em acompanhar o desenvolvimento infantil de crianças e promover ações que gerem impactos positivos na saúde destas. Buscamos, com este relato, entender as necessidades da população residente numa das maiores favelas do Brasil, Terra-Firme. Este bairro, que se configurou como um dos mais populosos da cidade de Belém, com um número de moradores superior a 64 mil habitantes (segundo o censo 2010 do IBGE). A comunidade Terra Forme sofre muito com problemas básicos tais como a ausência de saneamento básico, problemas socioambientais, a inexistência de coleta de esgoto, a separação incorreta do lixo, a urbanização desordenada às margens do rio Tucunduba, entre outros. A cidade de Belém apresenta problemas estruturais por resolver, e os maiores deles dizem respeito às comunidades periféricas da Terra Firme e Guamá (que unidas formam a maior favela a céu aberto). As chuvas amazônicas são constantes em grande parte do ano, e a falta de saneamento e de drenagem das águas leva a alagamentos constantes nesta região, o que ocasiona no aparecimento de doenças respiratórias, alergias, viroses, infecções e outros problemas. Este relato de experiência tem como objetivo analisar as possíveis mudanças no desenvolvimento intelectual e motor de uma criança com autismo, a partir das ações desenvolvidas pela equipe de estudantes de diferentes cursos da área da saúde na Universidade Federal do Pará (UFPA) e que estavam alocados no projeto Multicampi. O trabalho desenvolvido pelos estagiários, durante o mês de setembro de 2024, dentro da Unidade de Saúde da Terra Firme,  consistiu na promoção de 5 visitas domiciliares (dois atendendo idosos e três dando atenção à “criança guia”2), cinco palestras (com os temas; Atividade física e Qualidade de vida, cuidados com a criança e setembro amarelo), assim como foram desenvolvidas cartilhas de orientações para a vida saudável para as famílias da periferia. Usamos fita métrica, balança, jogos de memória, brinquedos de montagem, pintura, anamnese. Antes e após as intervenções idealizadas pela equipe, foram feitos registros que nos permitiram fazer análises comparativas sobre o desenvolvimento da criança. Concluímos que a nossa intervenção, apesar de curta, possibilitou algumas mudanças positivas no comportamento da criança, tais como melhora no desenvolvimento cognitivo, raciocínio, memória, criatividade e o relacionamento social. Esta foi a primeira vez que alunos do curso de educação física (EF) da UFPA puderam ter uma experiência prática na área da saúde. Foi interessante poder compartilhar o nosso conhecimento com os colegas de outras áreas e apresentar a importância papel da EF na promoção a saúde da população assistida.