Resumo

Entender a Educação Física não é tarefa das mais fáceis. Historicamente vinculada à área da saúde e mobilizada pela esportivização, os aspectos que verdadeiramente a determinam acabam ficando em segundo plano. Refiro-me à exclusão de questões de caráter político-ideológico que, tendo como “pano de fundo” o econômico, deixam a prática das atividades físicas em uma perspectiva tecnicista.
Não se pode negar a importância da Educação Física para questões relativas à saúde, nem compreendê-la fora do horizonte esportivo. O que não podemos esquecer é que este é apenas o instrumental utilizado em nossa prática profissional. Mas quais os interesses que estão “por trás” de tudo? Qual a análise a fazer quando nos deparamos - no voleibol – com o “tempo para a TV?” Como entender o fim dos “geraldinos” do Maracanã?
Enfim, só podemos compreender qualquer fenômeno social quando estabelecemos relações com todas as suas possíveis determinações, sejam elas de caráter social, político, econômico e cultural. A Educação Física e o esporte não fogem à regra.
Acredito que hoje somos poucos a pensar politicamente. Temos que compreender a sociedade em que estamos sendo produzidos. Identificá-la como sociedade de classe, do tipo capitalista, onde a classe dominante produz consenso em torno de seu ideário (individualismo, competitividade, etc.). Temos que compreender que não será com medidas corporativas - como a regulamentação da profissão - que esse panorama será alterado. Urge um trabalho de base nas Escolas de Educação Física, onde professores e alunos não abandonem a discussão da técnica, mas que a entendam com fundamento político.
(Texto do Autor, como contribuição a este número da Motrivivência)

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