Resumo

Este estudo trata da constituição do subcampo esportivo de escalada na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. A partir de meus estudos e vivências como escalador, entendo a escalada como prática esportiva caracterizada pelo ato de subir em obstáculos naturais ou artificiais com o emprego apenas de equipamentos não mecânicos. Busquei compreender como este subcampo esportivo se constituiu, destacando: seus conflitos internos, alterações sofridas, e permanências dos postos de poder simbólico que transformam o habitus desta estrutura. Para desenvolver a pesquisa, optei por uma abordagem sócio-antropológica a partir do conhecimento praxiológico bourdieusiano. Foram empregadas técnicas de revisão bibliográfica, entrevistas semi-estruturadas, observação participante e análise de documentos. A fim de desvelar o habitus dos escaladores em suas relações, o lócus da pesquisa se caracteriza pelos espaços mais freqüentados pelos praticantes de Belo Horizonte. Com a aproximação aos termos e categorias desenvolvidas e abordadas na pesquisa, a escalada foi compreendida como possibilidade de lazer na urbanidade, sendo tratada como esporte distinguindo-se do emprego do termo “Atividades Físicas de Aventura na Natureza” - AFAN’s. Para explicar e consolidar a posição acerca da escalada como prática esportiva geradora de um habitus comum aos escaladores de Belo Horizonte, foi recuperado o histórico do montanhismo mundial e nacional. Assim, (re)construindo a história de constituição do subcampo esportivo da escalada e as transformações do seu habitus. Concomitantemente às categorias de ‘campo’ e habitus, estas foram sendo gradativamente desveladas e articuladas com as noções de poder, capital e violência simbólica, consideradas vitais para a compreensão das motivações dos conflitos e busca de distinção no interior deste subcampo. Assim, concluí que: o subcampo esportivo da escalada de Belo Horizonte permanece em constante movimento de transformações em seu habitus, dialeticamente se construindo e reconstruindo a partir das disputas provocadas entre os que lá estão em posições consolidadas e os que chegam com o desejo de ocupar espaços diferenciados neste subcampo. É necessário considerar que estas reconstruções se configuram como um processo ininterrupto de estruturação e reestruturação de forças em seu interior, em que os escaladores novatos pretendentes a ter e exercer poder disputam com e contra os escaladores dominantes, objetivando consolidar posições e impor seus valores

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