Resumo

A escalada é uma prática que começou em rochas e montanhas na Europa, especificamente nos Alpes. No princípio os escaladores queriam subir ao topo das montanhas e ao longo do tempo esta meta foi se alterando para outras formas como, escalar pedras íngremes mesmo que não tão altas, subir pequenos blocos de rocha, escalar paredes artificiais com agarras que imitam a natureza, com as pessoas se motivando também pela dificuldade de ascensão em rotas mais curtas. Este trabalho pretende compreender a cultura da escalada através de pesquisa etnográfica realizada em um ginásio específico desta modalidade na cidade de São Paulo. Foi realizado registro do espaço físico, dos materiais, da estrutura administrativa e feita uma entrevista estruturada. A pesquisa foi submetida ao comitê de ética e 10 sujeitos assinaram o TCLE, que permitiu desvelar o conhecimento de como se produzem os sentidos da escalada em paredes construídas pelo ser humano e a essência que dão à atividade. Os sujeitos pesquisados são experientes, entre quatro a vinte anos de prática, escalar proporciona-lhes benefícios relacionados à atividade corporal e ao contato social decorrente dos encontros neste ambiente, e isto deve mantê-los na atividade. Alguns começaram a escalar por convite de amigos, outros devido ao contato com a natureza e outros pela possibilidade de treinar para encarar as rochas. Pelas falas percebe-se que a escalada engloba interesses distintos, tendo em comum o fato de pendurar-se no mundo vertical. A escolha por alimentos integrais e/ou naturais entre os entrevistados indica que a escalada contribuiu para uma escolha de vida saudável e uma preocupação com um menor peso corporal que influencia positivamente no êxito de ascender. Os sujeitos apontam melhoras físicas e de saúde relacionadas à prática da escalada, juntamente com a diversão e o prazer. O ginásio, ponto de encontro de socializações e exercícios é considerado importante na reunião das pessoas que o frequentam, ele recebe uma conotação de associativismo e proposição de relações de confiança e amizade que vão além da escalada. Conclui-se que a escalada em muros artificiais pode recriar o ambiente natural das rochas e montanhas formando uma consciência entre os participantes para se desafiarem, obterem qualidade de vida e relacionarem-se de forma sadia com outras pessoas.