Resumo

Ao efetuarmos nossa análise, sobre o processo de esportivização da cultura de movimento indígena, devemos assinalar que ele se situa dentro de um processo civilizador ocidental196 mais amplo, que se iniciou antes mesmo das primeiras caravelas aportarem a costa marítima da ilha Brasil, e que, em se tratando dos povos indígenas, foi impulsionado principalmente, pelos projetos colonizadores, que expandiram de quatro Estados nacionais: Inglaterra, França, Espanha e Portugal (Ribeiro, 1995, p, 39). Com isso, não pretendemos descrever os detalhes de todo o processo de colonização, mas, identificar em que bases foram construídas as relações entre índios e não-índios, a ponto de influenciar e/ou modificar seus comportamentos e estilo de vida, no sentido da esportivização da sua cultura de movimento. Apesar das diferenças, entre os Estados nacionais supracitados, surgidas nas lutas pelo poder de dominação mercantilista, o que eles tinham em comum, era o fato de estarem sob as mesmas normas básicas da ação colonizadora, estabelecida pelo Conselho Ultramarino e pelo Vaticano, que os legitimava, como expansores da cristandade católica, e lhes permitia uma total liberdade para dominar quaisquer povos, os já descobertos e os que poderiam existir no além-mar, como as populações indígenas (Ribeiro, 1995, p,39). A Igreja apoiou todas essas expedições, pois acreditava que assim estava difundindo o Evangelho e a religião de Cristo. Entretanto, dentro desse ambiente de conquista, a religião se afastou ainda mais de seu espírito evangélico, tornando-se uma grande aliada dos reis e dos conquistadores. Com essas invasões, começava uma nova cruzada, não mais contra os árabes, mas contra os povos considerados por eles “pagãos” e “selvagens” (Hoornaert, 1992). É nesse viés, condicionadas ao sistema colonial português, que serão estabelecidas as primeiras ações colonizadoras e missionárias no Brasil.