Integra

INTRODUÇÃO:

Este texto tem por objetivo apresentar a proposta de trabalho de investigação sobre a formação de professores de educação física em Mato Grosso. A questão crucial enfrentada para discutir a temática da formação docente está na explicitação necessária da concepção de mundo e, consequentemente, de Educação, pois essa concepção se reflete diretamente na proposta curricular dos cursos de formação. De acordo com Taffarel (1997): "Refletir sobre currículo de formação de Profissionais para a Educação Física & Esporte fora deste contexto é retomar o idealismo e acreditar que somente mudando idéias, técnicas e procedimentos vamos alterar o currículo. É recorrer ao simplismo intelectual que trabalha com o imaginário popular, com o ocultamento, o silêncio e com a inversão das causas e efeitos, mecanismos utilizados pelas ideologias de manutenção do status quo capitalista". Desta forma, temos como principal objetivo conhecer, analisar e compreender a concepção de formação implicitamente apresentada nos projetos político-pedagógicos dos cursos de formação de professores de educação física nas Instituições Públicas do Estado de Mato Grosso, a partir de suas matrizes curriculares e assim, contribuir no processo de avaliação/transformação dos mesmos, conforme a 11ª tese de Marx sobre Feuerbach.


 METODOLOGIA:

Trata-se de um estudo de caso com perspectiva na abordagem qualitativa, apoiada na concepção dialética. A escolha desta matriz teórica é decorrente da compreensão que temos sobre o método dialético, que ao contrário de outros, entende o fenômeno material enquanto processo e não algo estanque e compartimentalizado, podendo assim contribuir para a superação da visão fragmentada em prol de uma visão sintética da realidade, presente no processo de formação docente. Este trabalho será desenvolvido em três momentos, entretanto, não fragmentados. Na elaboração e fundamentação do projeto, serão desenvolvidas ações de caráter exploratório, consultas documentais e bibliográficas. De acordo com o método, para conhecer em profundidade o fenômeno material é preciso um processo de abstração, para que possamos estudá-lo e relacioná-lo com outros fenômenos, para que assim, possamos descobrir sua origem e desenvolvimento. A partir daí, compreender as suas contradições em suas relações e ligações com os demais fenômenos bem como a totalidade concreta em que o mesmo se constitui. E, para finalizar temos a apresentação do concreto lógico, ou seja, considerando o conhecimento, a análise, a explicação e a compreensão do desenvolvimento desse fenômeno, podemos anunciar possibilidades de transformação.


RESULTADOS:

Pretendemos realizar uma análise sobre a formação dos professores de educação física, então, é preciso buscar elementos que contribuam nesta reflexão. As reformas educacionais desde o final de 1960 no Brasil, carregam um princípio fundamental de adequação da formação profissional de acordo com o processo de reestruturação produtiva e assim, a educação se constitui com um elemento facilitador no processo de aceitação e acomodação no sistema de acumulação capitalista. Se as políticas para a educação pública, nas quais se insere a formação docente, são resultantes das imposições estipuladas em "convênios" com mecanismos internacionais de financiamento, em que medida não está fazendo outra coisa a não ser gerenciar regras, nas quais o resultado não pode ser melhor do que aquele intrínseco à natureza da própria sociedade capitalista? Como não dizer que o desenvolvimento intelectual e profissional, autônomo e permanente, não requer uma formação ampliada, generalista, humanista e crítica, com possibilidade de intervenção qualificada no seu campo acadêmico-profissional, fundamentada no rigor científico, na reflexão filosófica e na conduta ética? São questões preliminares sobre as possíveis contradições existentes entre o processo de formação e a proposta curricular destes cursos.


 CONCLUSÕES:

Frisamos que para pensar a formação docente, à luz do capitalismo atual, é importante lembrar de Marx, quando ressalta a forma como os modos de produção da sociedade capitalista são determinantes em qualquer formação social. O seu texto em O 18 Brumário de Louis Bonaparte (2003, p. 15), transcrito a seguir, pode ilustrar que a história não supõe um desenvolvimento automático e nem uniforme, pois: "Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha, mas sob aquelas circunstâncias com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime o cérebro dos vivos como um pesadelo. E justamente quando parecem empenhados em revolucionar-se a si e às coisas, em criar algo que jamais existiu, precisamente nessas épocas de crise revolucionária, os homens conjuram ansiosamente em seu auxílio os espíritos do passado, tomando-lhes emprestado os seus nomes, os gritos de guerra e as roupagens, a fim de apresentar nessa linguagem emprestada, a nova cena da história universal". Então, com essa perspectiva dialética, nos envolvemos com essa pesquisa, na busca de possibilidades de ação, atentos a não esquecer a história e o compromisso de transformação.