Resumo
A motivação para realização desta tese tangencia as relações entre a mídia e os esportes de aventura. Nosso objetivo é investigar as relações entre a mídia e os esportes de aventura na natureza com a sociedade atual, no esforço de elucidar os sentidos e a cultura midiática de um canal específico destas práticas. Para isto desenvolvemos quatro estudos. O primeiro apresenta uma revisão integrativa da literatura buscando os caminhos que os esportes de aventura e a mídia televisiva percorreram nos últimos 30 anos. Através de uma busca nas bases de dados Medline (via Pubmed), LILACS (via BVS/regional), EMBASE, CINAHL, SPORTdiscus e SCIELO e na literatura cinzenta, alcançamos 23 estudos, gerando sete categorias: glorificação do risco, segmentação da mídia, mercantilização, estudos históricos, estudos sociais, polissemia do termo e estudos educacionais. No segundo, analisamos alguns dos sentidos da abordagem do projeto Esporte e Lazer Adaptativo exibido pelo Canal Off, que atende pessoas com lesão medular, utilizando o caiaque como estratégia para auxiliar no processo de recuperação e inclusão. Explicitando os sentidos coexistentes nas falas, incluindo o que é dito, o que está implícito e o que é silenciado. Desvelando benefícios ligados à ludicidade, autonomia e autoconfiança, advindo das narrativas dos participantes, que se confrontam com o efeito colateral não explícito, no qual o espectador pode ter a sensibilidade anestesiada ao ser dispensado de refletir sobre outras formas de protagonismo, como o político, por exemplo. No terceiro estudo buscamos os discursos midiáticos enaltecidos pelo Canal Off de esportes de aventura, averiguando uma programação de uma semana do Canal, emergiram 15 categorias: Preservação e contato com a natureza; História dos esportes de aventura; Evolução dos esportes de aventura; Inclusão feminina; Contextos sociais globais; Manutenção da qualidade de vida e saúde; Desafio, superação e reconexão; Surgimento e revelação de atletas; Diversão e treinamento; Patrocínio; Foto e filmagem; Saudosismo; Pistas e espaços particulares; Adrenalina, riscos, aventura, loucura; Sonorização e musicalidade. Através destas categorias demonstra-se a evolução tecnológica, maior especificidade de temas em busca de telespectadores. O quarto estudo discriminou os esportes de aventura e as mídias no período da pandemia da covid-19, levantando dados junto aos praticantes de esportes de aventura. Obtivemos 318 respostas a um questionário online revelando 14% de influência midiática na escolha pela prática dos esportes de aventura. Também se demonstrou: uma maior participação feminina, a prática de trilha como a mais realizada, aumento na escolaridade de praticantes de esportes de aventura, desenvolvimento de consciência ecológica com a prática, muita falta de realizar as atividades/esportes de aventura durante a quarentena da covid-19, quebra da quarentena para a prática, substituição por outras práticas de atividades físicas durante a quarentena, grande influência da família na escolha pela prática, 88% disseram sentir vontade de realizar atividade/esporte de aventura após assistir um programa televisivo. Assim, nossa pesquisa busca colaborar de forma crítica e reflexiva com a educação física, compreendendo a chegada deste componente ao currículo da educação física escolar através da Base Nacional Comum Curricular.