Resumo

O presente texto revela possibilidades para a educação física vindo de encontro aos interesses de uma sociedade que pede mudanças nas formas de se apropriar do conhecimento. Nas escolas públicas brasileiras a cultura da bola (futebol, voleibol, handebol e basquetebol), é a que mais se destaca dentro dos conteúdos da educação física, quer seja no ensino fundamental ou médio. A proposta de iniciativa do professor Renato Eduardo Galon, na Escola Estadual de Segundo Grau Antonio Francisco Redondo, localizada na periferia do município de São Paulo, no ano de 1998, mostra que esse quadro pode ser diferente. O professor definiu com os alunos as atividades que gostariam de ter como conteúdo, através de um planejamento participativo. Dentre as idéias apresentadas, algumas foram implantadas: parede de escalada, trilha para caminhada e bicicleta, sala de musculação. Essas atividades são geralmente encontradas em grandes escolas da rede particular, Pereira e Carceroni (2005), mas na rede pública se julga impossível tal projeto devido ao seu custo, conhecimento e mão de obra. Professor e alunos se uniram para: comprar materiais, contratar especialista e colocar a mão na massa, construindo uma referência em educação física escolar. Dentre os esportes de aventura propostos, partiu dos alunos o trabalho de: limpar o terreno abandonado, criar e sinalizar a trilha; plantar árvores que hoje formam o bosque; furar a parede e colocar as agarras; pintar a parede de escalada; aprender e transmitir as técnicas de escalada. Alguns resultados obtidos nesse processo: aquisição de conhecimentos sobre esportes de aventura; influência na formação moral dos alunos; maior inclusão nas atividades; maior preocupação com a atividade física; aquisição da cidadania. Concluímos que os esportes de aventura como conteúdo da educação física podem ser uma realidade na escola pública, dependendo do conhecimento do professor, do interesse dos alunos e da disposição na busca das técnicas das modalidades.

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