Resumo

A partir de uma análise da realidade, em que a ginástica de academia parece ainda ocupar um lugar importante para a obtenção de um corpo ativo e socialmente bem sucedido, foi formulada a problemática desta pesquisa. Ela objetivou, portanto, compreender como foi possível para a ginástica de academia alcançar tamanha legitimidade na atualidade, especificamente no Brasil, não só para a obtenção de corpos construídos, segundo referências midiáticas, mas também como se ela fosse um dever natural, um passaporte para o alcance da saúde e de certos padrões de beleza. A década de 80 foi selecionada como recorte histórico da pesquisa, pois foi marcada pelo boom das academias de ginástica no país. Dois caminhos metodológicos foram selecionados para o alcance deste objetivo. Um deles foi a história oral, a partir da técnica do depoimento oral, com educadores físicos, e o outro foi a análise documental de exemplares da revista Veja, escolhida devido à sua amplitude de assuntos em diversas esferas da vida pública. Vários fatores foram levantados como propiciadores da legitimação da ginástica de academia neste período, dentre eles: um contexto de transição de modelos de governo (ditadura/democracia); a influência norte-americana; a aceleração da segmentação midiática com o aumento da visibilidade do corpo; o avanço da tecnologia que, dentre outros aspectos, impulsionou as pesquisas médicas; a influência do Método Cooper e de todo um movimento que a partir dele foi criado e/ou fortalecido em prol do corpo saudável (do qual fez parte a ginástica aeróbica); a considerada segunda revolução feminina etc. Foi também possível concluir que muitos destes fatores se auto-influenciavam, legitimando-se mutuamente. Assim, a pesquisa justifica-se de maneira geral por colaborar com a necessária ampliação de estudos nesta área, assim como por possibilitar a identificação de rupturas e permanências desde esta década até a atualidade, na direção de novas perspectivas

Acessar Arquivo